Um dos tumores mais comuns entre os homens, o câncer renal tem como principais causas a obesidade, o diabetes, o tabagismo e o uso crônico de medicações para controle de hipertensão
A doença é silenciosa e pode ser evitada com hábitos de vida saudáveis, sendo um dos tumores mais comuns entre os homens. De acordo com dados oficiais, é o nono câncer mais frequente no sexo masculino. Em todo o mundo os tumores renais malignos acometem 431 mil pessoas, segundo o levantamento Globocan 2020, do IARC, braço de pesquisa do câncer da Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, segundo projeções do Instituto Nacional de Câncer (INCA), são mais de 6 mil casos anuais no país. Diante desse grave quadro, o Dia Mundial de Câncer de Rim – https://www.worldkidneycancerday.org/, a ser celebrado em 17 de junho, terá este ano como tema “Precisamos conversar sobre como estamos nos sentindo”, abordagem motivada pelo impacto da COVID-19.
De acordo com a International Kidney Cancer Coalition (IKCC) – idealizadora deste movimento global de conscientização sobre o câncer renal, o isolamento, a perda de apoio social, o aumento do estresse financeiro e a sensação de vulnerabilidade extra em relação à saúde aumentaram os desafios em relação a prevenção, diagnóstico e tratamento de pacientes com câncer renal.
Modificando hábitos – Os principais fatores de risco associados com o surgimento de câncer de rim são doenças e hábitos potencialmente modificáveis, comuns na população ocidental, como a obesidade, diabetes, tabagismo, índice de massa corpórea (IMC) elevado e uso crônico de medicações para controle de hipertensão. Ou seja, na maioria dos casos, fatores potencialmente modificáveis por hábitos de vida saudável, como a adoção de dieta equilibrada, rica em vegetais – sem excessos de carnes vermelhas e gorduras animais, assim como a suspensão do tabagismo, controle de peso e a inclusão da atividade física na rotina diária como medida de redução das taxas de obesidade, explica o cirurgião oncológico Gustavo Cardoso Guimarães, diretor do Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica (IUCR). Ele é também coordenador do Departamento de Cirurgia Oncológica do grupo Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Segundo ele, praticar atividades físicas moderadas pode melhorar em até 15% as chances de sucesso do tratamento, além de reduzir sintomas de fadiga, ansiedade e depressão. O problema é que três em cada quatro pacientes com câncer de rim atualmente não fazem atividade física suficiente. “Nossa missão é, portanto, mostrar que colocar o corpo em movimento, mesmo que seja para atividades físicas leves, fará a diferença. Ainda mais em tempo de isolamento social por conta da COVID-19, é fundamental dedicar um tempo para estar ativo”.
Redução de mortalidade – Além da prevenção primária (evitar os fatores de risco), também é importante adotar medidas de prevenção secundária (diagnóstico precoce). De acordo com o levantamento SEER de estimativas de câncer para 2021, da American Cancer Society, em média 75,6% dos pacientes norte-americanos vivem ao menos cinco anos após o tratamento. Quando o tumor está restrito ao rim, a taxa de sobrevida de cinco anos sobe para 92,7%. Quando a doença se espalhou pelos linfonodos, a taxa cai para 71%. Em casos de metástase, a sobrevida no período cai exponencialmente para 13%.
O tratamento do câncer de rim, para os casos iniciais, costuma ser a remoção do órgão por cirurgia. Se o câncer se espalhou para além do rim, tratamentos adicionais podem ser recomendados, incluindo radioterapia, terapias-alvo e imunoterapia.
Dentre as abordagens disponíveis no Brasil para câncer renal metastático estão a combinação de ipilimumabe e nivolumabe e o uso isolado de cabozantinibe. O maleato de sunitinibe foi aprovado pela Anvisa para os tratamentos de pacientes com carcinoma renal de células claras com alto risco de recidiva após a cirurgia.
Embora não haja um método de rastreamento populacional para diagnóstico precoce de câncer de rim, é importante estar atento aos sintomas que, embora inespecíficos, uma vez que podem ser confundidos com os de outras doenças, outros sintomas são importantes serem observados como, sangue na urina, dor lombar de um lado, massa (caroço) na lateral ou na parte inferior das costas, fadiga, perda de apetite, perda de peso, febre e anemia, conclui o médico.