Leucemia infantojuvenil: entenda o tipo de câncer mais comum em crianças e adolescentes

Oncohematologista tira principais dúvidas sobre a neoplasia que afeta as células sanguíneas
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A leucemia é o tipo de câncer infantojuvenil (até os 19 anos) mais comum no mundo, representando 30% de todos os tumores que acontecem antes dos 15 anos de vida e cerca de 20% abaixo dos 20 anos. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), são estimados 11.540 novos casos a cada ano no Brasil – sendo o 10º tipo de câncer mais frequente entre a população brasileira.
Em linhas gerais, a leucemia é um tipo de doença maligna das células do sangue, que tem como principal característica o acúmulo de células jovens anormais – chamadas de blastos – que acabam ocupando o espaço das células sanguíneas normais na medula óssea ou ainda em outras partes do corpo, como gânglios linfáticos, baço, fígado, sistema nervoso central (cérebro e medula espinhal), testículos e olhos.
Dentre os subtipos da doença, a que tem maior incidência na infância e juventude são as Leucemias Agudas, com destaque para a Leucemia Linfóide Aguda (LLA). Já a Leucemia Mielóide Aguda (LMA) é o tipo mais comum de Leucemia em adultos, correspondendo a 80% dos casos neste grupo. A ocorrência de LMA aumenta com a faixa etária (maior incidência acima de 65 anos).
De acordo com o comenta o oncopediatria Sidnei Epelman, da Oncoclínicas/SP, e fundador e presidente da Associação para Crianças e Adolescentes com Câncer – TUCCA, “comparados com casos em adultos, os tumores na infância são muito mais agressivos e evoluem com maior velocidade. Em contrapartida, a resposta às terapias costuma ser muito mais rápida, o que faz com que a maioria dos casos de câncer infantil sejam curáveis desde que haja o diagnóstico preciso e rápido e a criança seja prontamente encaminhada aos cuidados de uma equipe preparada para lidar com as especificidades da doença nos mais jovens”.
Causa – Não há uma causa comprovada pela ciência que indique as razões para o surgimento da leucemia na infância e juventude na maioria dos casos. Algumas condições genéticas, como a síndrome de Li-Fraumeni (mutação de origem hereditária que leva ao desenvolvimento de diferentes tipos de tumores nas mais diversas idades) ou a síndrome de Down podem atuar na predisposição da doença, assim como crianças que já tenham sido tratadas com quimioterapia e/ou radioterapia para outros tipos de câncer, e aquelas que fizeram transplantes de órgãos e estão em uso de medicamentos supressores do sistema imunológico, mas esses fatores são tidos como exceção. “É importante ressaltar que, apesar de existir um risco do desenvolvimento de leucemia nestes casos, ele ainda é muito pequeno”, comenta o oncopediatra.
Infelizmente, a leucemia infantojuvenil não é prevenível, contudo, é fundamental que a família procure ajuda médica caso haja sintomas que possam estar ligados aos sinais de alerta para a doença. “Quanto antes o tratamento for iniciado, maiores são as chances de cura”, acrescenta.
Sintomas – Por serem sintomas comuns a outras condições que afetam as crianças, é muito importante estar atento ao conjunto de sinais e iniciar a investigação médica precocemente. Os principais sintomas de leucemia em crianças são:
● Dor nas pernas;
● Dor nas articulações;
● Sensação de cansaço extremo (fadiga);
● Febre;
● Palidez;
● Manchas roxas (equimoses) e/ou pintinhas vermelhas (petéquias) na pele;
● Hemorragias;
● Aumento dos gânglios linfáticos ou ínguas;
● Dor abdominal (causada por aumento do fígado ou do baço);
● Cefaleia;
● Vômitos;
● Nódulos subcutâneos;
● Falta de apetite contínua; e
● Perda de peso sem motivo aparente.
Para o início da investigação, será realizada uma análise da história clínica do paciente e também um exame físico. Durante a consulta, o especialista irá checar ainda os linfonodos (ínguas ou gânglios), áreas de sangramento, hematomas e aumento do baço ou fígado.
“O hemograma completo é uma ferramenta importantíssima também nessa primeira etapa. Através do exame, podemos checar se há alterações sanguíneas, assim como anemias, plaquetas baixas e presença de blastos”, observa o Dr. Sidnei Epelman.
O exame pode incluir: mielograma (identifica a presença de células blásticas em número aumentado na medula óssea); a citometria de fluxo e imuno-histoquímica (que tem o objetivo classificar a leucemia e o acompanhamento da resposta ao tratamento); cariótipo ou citogenética (avaliação dos cromossomos para identificar alterações genéticas) e a biologia molecular (mais sensível que o cariótipo na avaliação da mutação genética dos cromossomos). Em alguns casos, pode ser necessário ainda um