Problemas no cérebro e emoções do paciente: visão da neurocirurgia

“Comportamentos como irritabilidade excessiva, agressividade e até alterações no julgamento social podem ser um reflexo de problemas no cérebro”, afirma neurocirurgiã
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Nos últimos anos, um crescente interesse sobre a relação entre o cérebro e as emoções têm se manifestado na mídia e na comunidade científica. Estudos recentes mostram que os problemas neurológicos podem ter um impacto direto sobre os comportamentos e a saúde mental dos indivíduos. Quando há alterações no funcionamento do cérebro, como em casos de tumores ou lesões, não são apenas os aspectos físicos que são afetados, mas também o comportamento e as emoções do paciente.
“A neurocirurgia, especialmente no contexto de tumores cerebrais, não só visa salvar vidas, mas também restaurar a qualidade de vida das pessoas, equilibrando suas funções cognitivas e emocionais”, afirma a Dra. Danielle de Lara, de Blumenau/SC, neurocirurgiã com mais de 15 anos de experiência, especializada no tratamento de tumores cerebrais e da hipófise.
Segundo ela, comportamentos como irritabilidade excessiva, agressividade e até alterações no julgamento social podem ser um reflexo de problemas no cérebro. “Em muitos casos, um tumor cerebral ou disfunção em regiões responsáveis pela regulação emocional pode alterar completamente a forma como a pessoa lida com o estresse ou com a pressão diária”, explica.
Pesquisas indicam que doenças neurológicas, como tumores hipofisários, frequentemente causam distúrbios no sistema hormonal, o que pode afetar diretamente o comportamento e a estabilidade emocional do paciente. “Por exemplo, a presença de um tumor na hipófise pode resultar em um desequilíbrio hormonal, desencadeando sintomas como ansiedade, depressão e até mesmo alterações no apetite”, explica.
Auxílio – Felizmente, as tecnologias atuais têm permitido que cirurgias complexas, como a remoção de tumores do cérebro, sejam realizadas com técnicas minimamente invasivas. “Essas técnicas não só podem reduzir o risco de complicações, mas também aceleram a recuperação e ajudam a preservar funções cerebrais vitais, incluindo as que regulam o comportamento e as emoções”, acrescenta a neurocirurgiã.
A cirurgia endoscópica transnasal, por exemplo, é um procedimento que a Dra. Danielle realiza com frequência. “Com a utilização de câmeras de vídeo e um acesso pelo nariz, os tumores da hipófise podem ser removidos sem a necessidade de incisões grandes, o que minimiza o trauma e acelera a recuperação do paciente”, destaca.
Quando se trata de doenças cerebrais e seus impactos emocionais, o tratamento deve ser integral. “É fundamental que o paciente receba um acompanhamento psicológico e emocional para ajudá-lo a lidar com as mudanças que ocorrem após a cirurgia”, reforça a Dra. Danielle. Além disso, o apoio familiar e a reabilitação cerebral desempenham papéis importantes para garantir uma recuperação completa e o bem-estar do paciente a longo prazo.