Queloide ou infecção: entenda a diferença e quando se preocupar
Em muitos procedimentos, como cirurgias plásticas, aplicação de piercings
e tatuagens, a cicatrização é um período de atenção
Qualquer procedimento cirúrgico, um simples corte, um pequeno machucado ou uma queimadura podem gerar uma má cicatrização da pele, provocando, assim, um crescimento anormal do tecido cicatricial no local da agressão. A ele se dá o nome de queloide.
De acordo com a cirurgiã plástica Dra. Patrícia Marques, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e especialista em cirurgia reparadora, que atua na capital paulista, “basicamente, o queloide nada mais é do que um excesso de produção de colágeno que o organismo da pessoa possui. É como se seu corpo não soubesse a hora de parar de produzir este novo tecido, que vai se acumulando e ficando mais alto do que a linha da pele”.
A pessoa sujeita à formação de queloide muitas vezes fica assustada porque na maioria dos casos, o local se torna avermelhado, podendo até chegar a um nível de coceira, o que muita gente confunde com uma infecção. Porém, esta má cicatrização é benigna. “Na infecção, o inchaço se espalha por toda a região, acompanhado de muita dor e eventualmente liberação de pus no local da perfuração. Ainda podem ocorrer febre e enjoos, o que não é o caso do queloide”, explica a médica.
Segundo a Dra. Patrícia Marques, apesar de não ser prejudicial, ele causa uma aparência disforme, muitas vezes em procedimentos que seriam para dar um boost na beleza, como uma cirurgia plástica, aplicação de piercing ou até tatuagens. Além disso, o queloide nem sempre vai ter o mesmo tamanho ou aparência para todo mundo. “Muita gente pode, por exemplo, desenvolver um excesso bem pequeno de pele em volta de um piercing novo, não maior do que 2 milímetros, sem vermelhidão. No entanto, outra pessoa pode fazer uma perfuração no mesmo local e ter um queloide que continuará crescendo por meses e se tornar uma circunferência de 1 a 2 centímetros de cor mais avermelhada”.
Outra parte incômoda, é que diferente da infecção, o queloide não tem cura, apesar de poder ser minimizado. Ele tem grandes chances de reincidência, ou seja, pode voltar a se desenvolver, e por isso são usadas terapias conjuntas para tratá-lo. “É um problema complexo. Geralmente é realizada a betaterapia, uma radioterapia bem leve que vai corrigir essa produção excessiva de colágeno, em conjunto com a cirurgia ou injeções de corticoide. Em alguns casos podem ser utilizados até os 3 procedimentos simultâneos. Infelizmente, um tratamento único ainda não existe”, lamenta a especialista. Por isso é importante, mesmo que você desconfie que não seja algo ruim, procurar um profissional qualificado.
A médica explica também que em casos de queloides mínimos, soluções de farmácia como fitas de silicone e pomadas podem ajudar, mas, na maioria dos casos, são necessários um ou mais especialistas.
Ela ainda destaca que nem toda cicatriz ‘ruim’ é um queloide e é sempre importante seguir à risca as recomendações médicas, como manter uma dieta menos pesada durante um tempo e não expor a cicatriz ao sol, para evitar problemas. “Há casos em que a cicatriz vai melhorando com o passar do tempo, e outras em que ela se altera por estar em áreas de movimentação, como joelho e cotovelo. É um assunto muito subjetivo de pessoa para pessoa”.
Nesse sentido, a Dra. Patrícia Marques orienta: em qualquer tipo de procedimento que envolva aberturas na pele, é sempre bom prestar atenção no processo de cura e procurar um especialista sempre que sentir um desconforto fora do esperado.