Saúde dos bebês: temperaturas mais baixas e aumento dos casos de síndromes respiratórias acendem sinal de alerta para a bronquiolite
Dr. Thiago Jannuzzi: “quando há pessoas resfriadas dentro de casa, vale a pena restringir o acesso aos bebês, principalmente os recém-nascidos até seis meses de vida”
Doença viral causada, na maioria dos casos, pelo vírus sincicial respiratório (VSR), a bronquiolite pode se converter em problema de saúde grave para bebês de até dois anos, principalmente prematuros ou que possuem cardiopatias e/ou outras comorbidades associadas, com chances 16 vezes maiores de internação hospitalar.
O alerta é do coordenador médico da UTI Pediátrica do Neocenter/BH, Dr.Thiago Silveira Jannuzzi de Oliveira. “Depois da pandemia, os casos de bronquiolite passaram a acontecer durante todo o ano, mas a maior frequência é nos meses mais frios, a partir de abril e maio”, adianta.
Evitar a bronquiolite não é tarefa das mais fáceis. No entanto, quando há pessoas resfriadas dentro de casa, vale a pena restringir o acesso aos bebês, principalmente os recém-nascidos até seis meses de vida.
Segundo o médico, em crianças em idade escolar e em adultos as infecções por VSR não apresentam tantos sintomas como nos lactentes, que podem ter as vias aéreas inferiores comprometidas.
Os sintomas de bronquiolite são os mesmos de um resfriado: tosse e coriza. Nos casos mais leves, o tratamento de bronquiolite é de suporte, dependendo da necessidade da criança. Segundo Thiago Jannuzzi, basta manter a hidratação em dia e o aleitamento materno.
“Quando o quadro se agrava, o que pode acontecer rapidamente, sinais de esforço respiratório e lábios arroxeados, por exemplo, demandam atendimento médico para monitorar a oxigenação sanguínea e fazer a suplementação de oxigênio, se necessário. Nos casos mais graves é preciso internar, intubar o bebê e usar a ventilação pulmonar mecânica, inclusive”, ressalta.
Prevenção
Em se tratando de bronquiolite, a prevenção é a palavra de ordem. Além das medidas domésticas, de isolar o bebê do contato com pessoas que apresentam sintomas gripais, há um programa do Sistema Único de Saúde (SUS) que, desde 2013, disponibiliza anticorpos monoclonais que podem ser usados mensalmente pelos bebês no período de maior circulação do VSR.
O Ministério da Saúde oferece o produto para crianças prematuras de até 29 semanas com idade inferior a 1 ano ou com até 2 anos e quadro de doença pulmonar crônica da prematuridade.
Na fase 3, um estudo publicado em abril deste ano no New England Journal of Medicine mostra que avacinação de gestantes contra VSR é uma medida benéfica para as mulheres e para seus bebês. “É uma promessa em caráter experimental que pode vigorar nos próximos anos”, adianta o médico.
Por outro lado, o acompanhamento médico dos recém-nascidos é fundamental para que os pais possam saber mais sobre situações de risco. “Em caso de dúvida, consulte o seu pediatra”, recomenda Jannuzzi.