Dra. Fernanda Mitre, obstetra do Neocenter/BH: “Quanto maior o prolongamento for da amamentação, maior proteção para a mãe”
O câncer de mama é uma das maiores preocupações das mulheres, e não é por menos, pois estima-se, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), 66.280 novos casos da doença no Brasil em 2022. Para controlar a doença, a prevenção continua sendo a melhor aliada e, entre os métodos para impedir o seu surgimento, o ato de amamentar é um dos mais importantes.
Carregada de significados e de relevância para a saúde do bebê, a amamentação é uma parceira na prevenção do câncer de mama porque reduz, durante o período de amamentação, as taxas de determinados hormônios, como o estrogênio, e colabora para a diminuição das chances do desenvolvimento do tumor mamário. Isso ocorre, pois, quanto maior o tempo de exposição ao estrogênio, observa-se maior ocorrência de desenvolvimento desse tipo de câncer ao longo da vida da mulher.
Estudos apontam que a cada 12 meses de aleitamento materno, os casos de aparecimento de um tumor mamário diminuem aproximadamente em 4,3%. “Quanto maior o prolongamento for da amamentação, maior proteção para a mãe. Além disso, alguns processos que ocorrem na amamentação promovem a eliminação e a remoção de células que poderiam ter lesões ou material genético, diminuindo ainda mais, assim, as chances de câncer de mama”, informa a Dra. Fernanda Mitre, obstetra do Neocenter, citando ainda que “entre os mais relatados benefícios da amamentação está o carinho que a mãe promove com a criança, com a promoção do amor e do vínculo entre os dois”.
Indagada se quem tem câncer de mama pode amamentar, a Dra. Fernanda Mitre responde: “medicamentos usados no tratamento do câncer de mama podem ser incompatíveis com o período de lactação ou produzirem efeitos de redução da produção de leite. Dessa forma, amamentação deve ser interrompida durante o uso de alguns medicamentos. Com certas cirurgias mamárias, como mastectomia total ou parcial, pode-se retirar até aproximadamente 95% ou mais da mama. Nesses casos, fica praticamente impossível de amamentar nessa mama. Também, durante o processo da radioterapia e da quimioterapia, é recomendado a suspensão da amamentação, mas após essas aplicações, se a paciente desejar pode retomar a amamentação”.
Durante a lactação
“Em mulheres que apresentam câncer de mama diagnosticado durante a fase de lactação, ou seja, mulheres que estão amamentando até o momento, não há evidência científica de risco para o bebê ingerir o leite materno diretamente da mama adoecida. Entretanto, durante o tratamento com quimioterapia, o aleitamento materno deve ser suspenso, pois há risco de neutropenia infantil (redução da contagem de neutrófilos no sangue). No entanto, a amamentação pode ser retomada após o período de metabolismo da droga no organismo. Se a mulher desejar continuar amamentando, entretanto, é importante lembrar que a quimioterapia e a rede e a radioterapia podem provocar a redução da capacidade de produção de leite em ambas as mamas. Sendo algumas vezes necessário, a complementação com leite artificial”.