O presidente da ABRAIDI, Sérgio Rocha.
Vivemos momentos confusos ainda em nosso país, apesar de toda a movimentação da sociedade em buscar caminhos para uma maior integridade. Por vezes, vemos e ouvimos em todos os setores discussões sobre temas periféricos, sem tanta relevância e deixamos as questões principais de lado. Corremos um sério risco de esquecer o que realmente importa, deixar em uma gaveta e sabe-se lá quando retomar.
A busca pela ética é constante e não pode jamais ser esquecida. Ela tem que se manter viva para que a sociedade, como um todo, não se perca nas soluções fáceis e no sentimento de individualismo, sem olhar o concorrente do lado, a entidade de classe coirmã ou o segmento que atua no mesmo setor de saúde. Se não pensarmos no modelo de forma coletiva, os sistemas de saúde, tanto público, quanto privado, irão se arrastar com as suas eternas mazelas.
O estudo da ABRAIDI apontou as três mais importantes distorções que somadas representam R$ 1,17 bilhão, em retenções de faturamento, glosas e inadimplência praticadas por hospitais, operadoras e planos de saúde. Isso tem estrangulado a saúde financeira das empresas fornecedoras e é, para nós, também uma questão ética. A pesquisa ainda constatou que os Dispositivos Médicos têm a sua fatura paga quase quatro meses depois. Uma situação que não pode mais seguir assim.
É evidente que avançamos, mas precisamos ir além e o apoio de organismos internacionais tem sido essencial para darmos ainda mais visibilidade ao problema. Não pretendemos promover uma queda de braço setorial com outras entidades ou representantes de empresas, mas não é possível mais empurrar o problema para debaixo do tapete. Quando falávamos da insustentabilidade futura do setor, há anos sabíamos que um dia ela iria chegar. Pois bem, é esse o nosso presente. Precisamos ampliar o debate ético e colocar em prática temas exaustivamente já discutidos e de forma coletiva com todos os players do setor de saúde.