A importância do cuidado para evitar incontinência urinária

Por: Rachel Silviano Brandão Corrêa Lima, ginecologista,  membro da Unidade de Assoalho Pélvico da Rede Mater Dei de Saúde e Márcia Salvador Geo,  vice-presidente Assistencial e Operacional da Rede Mater Dei de Saúde e coordenadora das equipes de Ginecologia / Obstetrícia e Uroginecologia da Rede Mater Dei de Saúde

No dia 14 de março foi comemorado o Dia Internacional da Incontinência Urinária, e foi criado para conscientizar a população e promover ações educativas que envolvem o assunto. Incontinência Urinária é a perda involuntária de urina e acomete cerca de 25% da população, com prevalência 10 vezes mais comum nas mulheres. Estima-se que, no Brasil, cerca de 10 milhões de pessoas apresentam incontinência urinária com grande impacto na qualidade de vida destes indivíduos.

A perda urinária é um dos sintomas das disfunções do assoalho pélvico. O assoalho pélvico é o conjunto de músculos, fáscias e ligamentos que sustentam os órgãos pélvicos e participam diretamente das funções urinária, intestinal e sexual da mulher. Atualmente, o assoalho pélvico é extremamente estudado com objetivo de melhorar nosso entendimento de suas funções e causas de disfunções.


Existem vários fatores de risco importantes para desenvolver disfunção do assoalho pélvico, um dos mais discutidos e estudados é o parto vaginal. Durante a passagem do feto pelo canal do parto, a distensão do assoalho pélvico chega ao limite, por isso são necessários cuidados especiais e específicos na prevenção da lesão destes músculos e ligamentos, no intuito de evitar a perda urinária e outras disfunções que podem ocorrer após o parto. Embora o parto em si não seja “a causa” da posterior perda urinária,

é o principal fator de risco para o desenvolvimento desta perda aos esforços e outras disfunções do assoalho pélvico (perda de gases e/ou fezes; queixas sexuais de dor ou diminuição de sensibilidade).


Vários estudos demonstram a importância de medidas realizadas durante o parto vaginal que podem prevenir as disfunções do assoalho pélvico posteriormente. A Rede Mater Dei de Saúde realiza treinamentos teóricos e práticos da equipe de Obstetrícia para implementar as medidas preventivas e melhorar o diagnóstico de lesão e seu tratamento imediato.

Outros fatores de risco conhecidos são: fatores genéticos (grupo de pacientes que têm fragilidade do colágeno); a constipação intestinal (pacientes que se esforçam muito para evacuar de maneira crônica); a tosse crônica (pelo aumento constante da pressão intra-abdominal), dentre outros.

Especificamente nas mulheres, duas causas de perda urinária seriam as mais frequentes: a anatômica – fraqueza ligamentar que evolui com perda de urina aos esforços e varia bastante de intensidade; e a funcional – a bexiga passa a “mandar” no indivíduo causando uma incapacidade de segurar a urina. A primeira chamamos de Incontinência Urinária de esforço e a segunda é denominada Bexiga Hiperativa.


A frequência e a prevalência da perda de urina aumentam com a idade, principalmente no caso da Bexiga Hiperativa. A perda urinária causa um grande impacto na vida cotidiana das pacientes, além de ser a principal causa de institucionalizar idosos.


Importante saber que, independentemente da causa, sempre existe tratamento para a perda de urina. Sabemos que poucas pessoas que sofrem com esta doença procuram ajuda profissional espontaneamente, e é sempre bom destacar que um profissional habilitado é capaz de estabelecer a causa da perda urinária e tratá-la de maneira individualizada.


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