A Importância do Humor em todos os momentos da vida
Para o ator Paulo Gustavo, “o humor é um ato de resistência”
A recente morte do ator e humorista Paulo Gustavo levou todo o país a refletir sobre a importância do humor em todos os momentos da vida, sobretudo em tempo de pandemia.
O falecimento do ator – de 42 anos, comoveu milhões de pessoas, de diversas faixas etárias. Foram muitos os depoimentos na TV, de senhoras de cabelos brancos que ressaltaram, emocionadas, a alegria e o bom humor do humorista.
Houve também uma indignação da população, pois Paulo Gustavo simboliza os mais de 400 mil mortos no Brasil pela Covid 19, pessoas anônimas, com vidas interrompidas, jovens e idosos, levando intenso sofrimento a inúmeras famílias.
Além do ator, muitos nomes expressivos da cultura brasileira também morreram em consequência da Covid, como a atriz Nicete Bruno, cuja filha e também atriz Bárbara Bruno está com covid e entubada em um hospital do Rio, o compositor Aldir Blanc, o ator Eduardo Galvão e o dramaturgo Antônio Bivar, entre muitos outros. A pergunta que se faz é por que a vacina não chegou a tempo, evitando tanta tristeza no Brasil?
Em uma gravação de final de ano para um especial de TV, Paulo Gustavo destacou: “O humor é um ato de resistência. Ele salva, transforma, alivia, cura. Traz esperança para a vida da gente … Esse ano foi difícil? Foi. Mas foram as artes dramáticas, a música, o cinema, a dança, enfim, a cultura de modo geral, que nos ajudaram a seguir em frente, tornando tudo mais leve …. A gente tá precisando dessa máscara chata para proteger o rosto desse vírus. Infelizmente essa máscara esconde algo muito precioso para nós brasileiros: o sorriso. Ele está tapado, tem que ficar tapado, mas ele existe. E ele não vai deixar de existir e a gente não vai deixar de ter esperança … Vamos todos nos cuidar, cuidar da família, dos amigos, dos vizinhos, dos próximos, dos distantes, de todo o mundo. Enquanto essa vacina não chega para todo mundo, é bom lembrar que contra o preconceito, a intolerância, a mentira, a tristeza, já existe uma vacina: é o afeto, é o amor. Então diga o quanto você ama a quem você ama. Mas não fique só na declaração, não. Ame na prática, na ação. Amar é ação, amar é arte”.
Diante de tantas perdas e de tão profunda declaração do ator Paulo Gustavo, o Portal Medicina e Saúde presta uma homenagem a todos aqueles que usam o humor para levar alegria ao mundo, em especial, a Paulo Gustavo, através da matéria a seguir sobre “A importância do humor na vida, principalmente, em tempo de pandemia”, com o ator mineiro Ernane Campos, que atuou nas peças Romão e Julinha, Camila Baker, Todomundo! Você faz sua vida valer? E na comédia “Meu Tio é Tia”, que ficou em cartaz por 14 anos; e Melhor Ator Coadjuvante no Festival de Teatro de Guaçuí, Espírito Santo.
Completando a matéria, o Portal Medicina e Saúde entrevistou também a psicanalista Heloisa Mamede, membro da comissão organizadora do XI Fórum Mineiro de Psicanálise/2022, sobre o assunto.
Para Ernane Campos, “O humor é importante para a vida, no dia a dia. Não existe coisa pior que uma pessoa mal-humorada, que já acorda achando que tudo está ruim, que não vê pelo menos um pouco de graça em alguma coisa. O mal humor faz mal à saúde, já dizem especialistas. Na pandemia a importância dele se acentuou, pois, com o confinamento as pessoas sentiram a necessidade de se reinventar e muitos começaram a descobrir que mesmo naquilo que elas achavam que era uma mesmice na rotina diária, existia graça ao se depararem em situações hilárias. Isto principalmente para os que estavam em tele trabalho ou ajudando os filhos nas tarefas escolares. Quantos vídeos engraçados e bem-humorados surgiram nas redes sociais expondo estes momentos? Isto é a força do humor, do saber rir de si mesmo”.
“Por mais triste e difícil que está sendo enfrentar a pandemia, com este número absurdo de mortes, por pior que seja nossa indignação como os rumos dados pelo governo no combate a ela, temos que deixar acesa a chama da alegria de ainda se ter a esperança de que tudo isto vai acabar. Como já disse o poeta Vinicius de Moraes junto com Toquinho na canção Samba da Benção: “É melhor ser alegre que ser triste, Alegria é a melhor coisa que existe, é assim como a luz no coração…”
Sobre a morte do colega de profissão Paulo Gustavo, Ernani Campos afirma que “não só o humor, mas a arte e a cultura do Brasil estão de luto. Paulo Gustavo era daqueles atores em que o humor estava intrínseco. Além de ser muito comprometido com várias causas sociais, quebrou tabus e preconceitos.
Um exemplo de ser humano engajado e preocupado com o outro, veio à tona através de uma amiga dele, que revelou a doação de 500 mil reais que Paulo Gustavo fez para compra de oxigênio.
É como ele disse, “a gente não vive sem a graça, sem o humor. O humor transforma, salva, alivia, cura e traz esperança para a vida da gente”. Eu, como ator e, também, de comédia, me vejo em uma de suas falas: “Eu fico muito feliz e orgulhoso de ser artista e mais ainda da comédia ser tão forte em mim, eu faço palhaçada, você rir, eu fico com o coração preenchido aqui, eu me sinto assim, realizado de estar fazendo você feliz. Rir é um ato de resistência”. Viva o humor, a comédia, as artes! Obrigado Paulo Gustavo”.
Conforme explica a psicanalista Heloisa Mamede, “do ponto de vista fisiológico, manter o senso de humor é fundamental na liberação de quatro substâncias: dopamina, serotonina, ocitocina e as endorfinas. Essas substâncias se enlaçam produzindo uma sensação de felicidade, bem-estar e euforia. Em consequência, ocorre um impacto significativo sobre as nossas motivações, trazendo uma melhora no convívio diário com nossos familiares, servindo como suporte nesse desamparo prolongado e controverso resultante dessa pandemia que atinge o mundo atual”. Nesse sentido, o humor é um ótimo remédio.