Dr. Marcelo Calil Burihan
Membro do Conselho Superior da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo (SBACV-SP)
Responsáveis pela saúde, mulheres médicas, enfermeiras, auxiliares e técnicas de enfermagem, fonoaudiólogas, fisioterapeutas, psicólogas, terapeutas ocupacionais, técnicas de radiologia, dentre tantas profissionais que doam e se sacrificam pelo bem comum da saúde da população, merecem o reconhecimento pela dedicação e excelência no trabalho.
Os anos de pandemia trouxeram ainda um maior alento a essas profissionais, que se dedicaram exaustivamente e sem limites, a fim de ajudar aos doentes nessa fase terrível que passamos em nosso planeta. Muitas, inclusive, foram acometidas pela doença, tendo sequelas irreversíveis. Muitas outras, infelizmente, faleceram.
Mas, não é só em seu trabalho que a mulher tem um destaque fundamental. Na família, cuidando dos filhos, do parceiro, do lar e de muitos outros afazeres que somente ela consegue dar conta, sendo extremamente segura em suas ações e atitudes. Vale aqui um trecho de um poema de Cora Coralina:
“Eu sou aquela mulher a quem o tempo muito ensinou. Ensinou a amar a vida e não desistir da luta. Recomeçar na derrota. Renunciar a palavras e pensamentos negativos. Acreditar nos valores humanos e ser otimista.”
Temos plena consciência do preconceito e desigualdade de gênero que pairam sobre a sociedade. Alguns valores arcaicos ainda predominam no âmbito familiar e social, mas as mulheres “fortes” não permitem e não aceitam mais a ideia equivocada de que têm “menor valor”. Lutam para quebrar paradigmas e estereótipos que menosprezam sua imagem. “A beleza de uma mulher está na força do seu caráter e na generosidade de seu coração” (“Pensador”).
No meio médico, a pioneira pelo exercício da medicina na América foi a inglesa Elizabeth Blackwell. Apesar de ter sua matrícula negada em 11 escolas dos Estados Unidos, formou-se em 1849, em Nova York. Maria Augusta Estrela foi a primeira mulher brasileira e sul-americana a se formar em medicina. Por meio de bolsa fornecida pelo então Imperador Dom Pedro II, se formou também em Nova York, em 1881. Após retornar ao Brasil, teve seu diploma revalidado para exercer a profissão, dedicando-se principalmente à saúde das mulheres, crianças e dos mais necessitados. O sucesso profissional de Maria Augusta fez com que fosse aprovada uma reforma nas instituições de Ensino Superior brasileiras, permitindo que as mulheres pudessem cursar medicina no Brasil. (Fonte: site do Conselho Federal de Medicina)
Hoje, em pleno século 21, a maioria dos médicos é homem. Mas, o fenômeno da “feminização” da profissão médica já vem sendo observado desde 2009. Para 2024, a projeção é de que 50,2% do total de médicos no país sejam mulheres, sendo que para 2035 esse número suba para 56%. Atual estudo da demografia médica no país demonstrou também a desigualdade de renda entre os gêneros. As médicas em 2020 declararam para a Receita Federal um rendimento médio anual 36,3% inferior aos profissionais do sexo masculino.
As mulheres desde 2010 já eram 54% do total de estudantes dos cursos de medicina, passando para 61,4% em 2019. Entre 2010 e 2022, o número de médicas quase dobrou, pulando de 133 mil para 260 mil. As especialidades com maior atuação são Dermatologia, Pediatria, Alergia e Imunologia e Endocrinologia. As mulheres são minoria em todas as especialidades cirúrgicas. De acordo com o Censo Médico Demográfico de 2020, existiam no Brasil 4.906 cirurgiões vasculares com o título registrado no Conselho Federal de Medicina e 1.685 angiologistas, sendo que 24,9% eram médicas cirurgiãs vasculares e 26% de mulheres angiologistas.
No ano de 2019, 627 residentes estavam cursando o Programa de Residência Médica em Cirurgia Vascular (somatória de todos os anos), sendo que 215 destes estavam no 1º ano da especialidade. Havia apenas quatro angiologistas, sendo dois do primeiro ano. Apesar de um aumento expressivo nas vagas de residência em Cirurgia Vascular a partir de 2010 até 2019 (52,7% de crescimento), a especialidade continua com número reduzido de médicos residentes.
Apesar de serem minoria no campo cirúrgico, nossas heroínas vasculares e angiologistas desempenham papel fundamental no cuidado dos pacientes. Desde a realização de exame doppler até uma cirurgia aberta de correção de aneurisma de aorta, passando por diversas atividades da vascular, como esclerose de vasos, cirurgia de varizes, revascularizações periféricas e desobstruções carotídeas, elas enfrentam todas as dificuldades e as praticam de forma harmoniosa, exemplar e amorosa.
Parabéns a todas as nossas batalhadoras angiologistas e cirurgiãs vasculares.