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A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que haja 70 milhões de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) no mundo, sendo cerca de 2 milhões só no Brasil. Oitenta anos depois do primeiro caso diagnosticado na história, a falta de informação ainda é a principal barreira para a inclusão desses indivíduos na sociedade. Como abril é o mês da conscientização mundial sobre o autismo, confira o que é fato ou fake sobre o TEA, segundo o Dr. Thiago Rocha, Psiquiatra da Infância e Adolescência, coordenador do Centro Especializado em Neurodesenvolvimento Infantil (CENI) do Hospital Moinhos de Vento/Porto Alegre/RS, e responsável técnico de projeto no âmbito do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS).
Autismo é uma doença – Fake!
Autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento e não uma doença, ao contrário do que muitas pessoas imaginam. O transtorno do espectro autista (TEA) é um distúrbio do neurodesenvolvimento caracterizado por desenvolvimento atípico, manifestações comportamentais, déficits na comunicação e na interação social, padrões de comportamentos repetitivos e estereotipados, podendo apresentar um repertório restrito de interesses e atividades. Sem uma definição do diagnóstico, e, consequentemente, sem a ajuda e o tratamento necessários para viver melhor com a condição, pessoas dentro do espectro passam anos, e até décadas, lidando com dificuldades que não sabem o que é, sentindo-se deslocados e “diferentes”, impactando seu desenvolvimento. Quando finalmente recebem o diagnóstico, sentem-se aliviados e passam a lidar com suas características de forma mais leve.
O autismo pode ser diagnosticado em bebês –Fato!
O TEA costuma apresentar seus sintomas antes dos 3 anos de idade, mas alguns pais podem reconhecer os sinais de autismo mesmo antes, quando seus filhos têm 9-12 meses, dependendo dos sintomas e de sua gravidade. Há inclusive recomendação do Ministério da Saúde para a realização de perguntas de rastreamento, disponíveis na Caderneta de Saúde da Criança, entre os 16 meses e 30 meses, para que casos suspeitos possam ser identificados de forma mais precoce. Entretanto, de maneira geral, o diagnóstico de transtorno do espectro autista no Brasil é feito tardiamente. Esse atraso pode gerar repercussões negativas para o desenvolvimento da criança por não receber estimulação adequada em períodos sensíveis do neurodesenvolvimento. A falta de informações adequadas e dificuldades de acesso ao sistema de saúde são causas comuns para o diagnóstico tardio. A resistência ao diagnóstico e o estigma em torno de condições neurodivergentes também impedem que algumas crianças sejam levadas para avaliação e diagnosticadas.
O autismo pode ser hereditário – Fato!
Diversas pesquisas já foram realizadas para buscar descobrir as possíveis causas por trás do desenvolvimento do TEA. Os estudos apontam uma forte influência genética nos casos, onde diferentes genes parecem contribuir para a ocorrência do diagnóstico. Fatores ambientais também podem influenciar, em menor grau, o risco do desenvolvimento do TEA. A explicação mais aceita no momento é uma contribuição de múltiplos fatores, numa combinação de fatores genéticos e ambientais.
Certos medicamentos na gravidez podem aumentar o risco de autismo – Fato!
Diversos estudos apontam que o uso de ácido valpróico, que é utilizado para tratamento de epilepsia e transtorno bipolar, pode aumentar a chance da criança nascer com autismo.
Vacinas causam autismo – Fake!
Segundo a OMS, não há nenhuma comprovação científica que ligue o transtorno do espectro autista a qualquer vacina. Essa relação surgiu a partir de um estudo realizado em 1998, que depois se mostrou fraudulento, no qual os resultados mostravam que vacinas para quadros virais como sarampo, caxumba ou rubéola aumentariam o risco do desenvolvimento de TEA nas crianças. O estudo foi investigado e foi comprovada a manipulação dos dados, com posterior retratação por parte da revista científica e cassação do principal autor do estudo. Essa relação entre vacinas e TEA vem sendo objeto de múltiplos estudos ao longo dos últimos anos, tendo sido refutada por vários especialistas.
Os casos de autismo aumentaram muito nos últimos anos – Fato!
Não há dúvidas de que há um aumento considerável nos casos de autismo nos últimos anos. O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) atinge de 1% a 2% da população mundial e, no Brasil, aproximadamente dois milhões de pessoas. Esse crescimento da prevalência do TEA pode estar associado a três fatores principais:
- Ampliação do acesso a informações sobre o TEA, com redução de estigma e maior procura por diagnóstico;
- Crescimento do número de diagnósticos dos casos mais leves, que até recentemente não eram identificados;
- Aumento real do número de casos possivelmente associados à idade materna e paterna mais avançadas e aumento de casos de nascimentos prematuros.
Autistas não conseguem trabalhar – Fake!
Hoje, um autista ter uma carreira já é uma realidade e muitas empresas se conscientizaram para incentivar e absorver o melhor que esses profissionais podem oferecer. A inclusão de um autista no mercado de trabalho é garantida pela mesma lei que determina a participação mínima para portadores de qualquer deficiência. Foi a Lei 12.764, de 2012 – também conhecida como Lei Berenice Piana – que abriu as portas para o reconhecimento do Autismo dentro do rol das demais deficiências. Desde então, o autismo tem sido muito mais discutido e diagnosticado no país. Como prova, confira pessoas famosas dentro do Espectro que você não conhecia:
Bill Gates – Diagnosticado dentro do Espectro Autista aos oito anos de idade, Bill Gates é atualmente um dos homens mais ricos do mundo por ter fundado a Microsoft. Sua fortuna é estimada nos 97 bilhões de dólares.
Greta Thunberg – A ativista ambiental sueca Greta Thunberg, 20 anos, foi diagnosticada com Síndrome de Asperger, agora classificada como Transtorno do Espectro Autista nível 1, aos 11 anos de idade.
Anthony Hopkins – Vencedor do Oscar de Melhor Ator no filme “O Silêncio dos Inocentes”, Anthony Hopkins teve o diagnóstico de autismo na vida adulta, por volta dos 70 anos. Foi a esposa do ator quem o incentivou a pesquisar mais sobre o TEA e entender que algumas das suas características poderiam ser sinais de uma pessoa atípica.
PROADI-SUS – O Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde, PROADI-SUS, foi criado em 2009 com o propósito de apoiar e aprimorar o SUS por meio de projetos de capacitação de recursos humanos, pesquisa, avaliação e incorporação de tecnologias, gestão e assistência especializada demandados pelo Ministério da Saúde. Hoje, o programa reúne seis hospitais sem fins lucrativos que são referência em qualidade médico-assistencial e gestão: Hospital Alemão Oswaldo Cruz, BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, HCor, Hospital Israelita Albert Einstein, Hospital Moinhos de Vento e Hospital Sírio-Libanês. Os recursos do PROADI-SUS advém da imunidade fiscal dos hospitais participantes. Os projetos levam à população a expertise dos hospitais em iniciativas que atendem necessidades do SUS. Entre os principais benefícios do PROADI-SUS destacam-se a redução de filas de espera, qualificação de profissionais, pesquisas do interesse da saúde pública para necessidades atuais da população brasileira, gestão do cuidado apoiada por inteligência artificial e melhoria da gestão de hospitais públicos e filantrópicos em todo o Brasil. Para mais informações sobre o Programa e projetos vigentes no atual triênio, acesse: https://hospitais.proadi-sus.org.br