Dr. Marcelo Vezzi Muce faz alerta sobre a importância de consultas preventivas.
Crédito/Foto: Matheus Campos
Abril se tornou o mês de atenção à saúde dos olhos com a campanha “Abril Marrom”. O objetivo é conscientizar a população sobre a cegueira, abordando a prevenção e o combate às diversas espécies de cegueira, como a catarata, o glaucoma, os erros refrativos, a retinopatia diabética e a degeneração macular relacionada à idade (DMRI), assim como suas formas de reabilitação.
A iniciativa leva a cor marrom por ser a cor da íris, parte mais visível e colorida dos olhos da maioria dos brasileiros. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 60% a 80% dos casos de cegueira podem ser prevenidos ou tratados quando diagnosticados precocemente.
O oftalmologista do Vera Cruz Hospital/Campinas/SP, Marcelo Vezzi Muce, explica que a prevenção e combate à cegueira são uma luta de anos. “Muitas das doenças que provocam a cegueira são silenciosas e não apresentam sintomas nas fases iniciais. Por esse motivo, o acompanhamento periódico com um oftalmologista é essencial para avaliar a saúde ocular, detectar e tratar possíveis anomalias, a fim de prevenir a perda da visão.
Para dar suporte à população em todas as necessidades oftalmológicas, o Vera Cruz Hospital conta com um centro referenciado para cuidados dos olhos, idealizado para atender toda a complexidade da oftalmologia em um mesmo lugar: o Vera Cruz Oftalmologia. O local disponibiliza aos pacientes exames diagnósticos, cirurgias e tratamentos monitorados com profissionais altamente capacitados.
O coordenador da unidade, Dr. Pedro Ferrari, relata que “os principais tratamentos cirúrgicos realizados no Vera Cruz Oftalmologia, em sua maioria, são casos de catarata, que somam 55% dos nossos atendimentos, seguidos por degeneração muscular da retina – com 20%, plástica ocular ou tumores – 10%, e glaucoma – 5%. Os outros 10% são de outras anomalias menos frequentes”, exemplifica.
Dados do primeiro relatório mundial sobre visão, divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2019, apontam um número alarmante: pelo menos 2,2 bilhões de pessoas têm deficiência visual ou cegueira, das quais pelo menos um bilhão são portadores de deficiência visual que poderia ter sido evitada ou que ainda não foi tratada.
“Lesões em qualquer parte da via podem prejudicar a visão de maneira reversível ou irreversível. Entre as mais comuns estão: doenças da córnea (ceratocone, distrofias), do cristalino (catarata), do vítreo (opacidade por sangramento ou inflamação), da retina (diabetes, hipertensão, hemorragia, descolamento, degeneração macular, infeções), do nervo óptico (neurites ou tumores compressivos) e doenças no cérebro (acidente vascular cerebral – AVC),” informa Muce.
O sistema ocular humano é uma estrutura sofisticada e complexa que depende fundamentalmente do alinhamento, da transparência e do bom funcionamento das estruturas. O olho consiste em duas lentes naturais, a primeira e mais externa é a córnea, camada superficial e transparente do olho, e a segunda lente é o cristalino, que é a lente responsável pelo ajuste do foco de visão. “Com o passar dos anos, o músculo responsável pela acomodação do cristalino perde parcialmente sua função. Por esse motivo, por volta dos 40 anos de idade em diante, muitas pessoas precisam de graus adicionais para enxergar de perto”, exemplifica.
A catarata é outra doença que acomete o cristalino e que nada mais é que a perda de transparência da lente natural dos olhos. O processo é natural do envelhecimento, mas pode ocorrer em crianças ou adultos jovens devido a infecções, traumas e alterações genéticas. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 51% dos casos de cegueira no mundo são ocasionados pela catarata. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que 28,7% dos brasileiros com mais de 60 anos sofrem da doença.
“A evolução da catarata pode ser lenta e gradual, e muitos pacientes não percebem a diminuição progressiva da qualidade visual, deixando com que a catarata cresça mais do que é considerado ideal para a realização de uma cirurgia tranquila. Alguns pacientes que não percebem a piora da visão, acabam evoluindo com cataratas mais avançadas e que podem dificultar o processo cirúrgico. Uma vez removida a catarata (por método cirúrgico), a visão do paciente tende a uma grande melhora, sendo claro que existem exceções. O cristalino que virou catarata é removido e substituído por uma nova lente artificial, que tem por objetivo realizar função similar à nossa lente natural”, ressalta o oftalmologista.
Na lista também está o glaucoma, doença neurodegenerativa, associada, na maior parte das vezes, ao aumento da pressão ocular. Ela atinge cerca de 64,3 milhões de pessoas no mundo, entre 40 e 80 anos. “Na maioria dos casos, a lesão diminui o campo de visão periférica e o paciente não percebe. Quando a visão central é acometida, geralmente, a lesão do nervo óptico já é extensa e irreversível”, destaca.
A retinopatia diabética age de maneira semelhante. O diabetes causa lesões microscópicas nos vasos sanguíneos que vão progressivamente diminuindo a oxigenação da retina. Essas lesões mínimas ao longo de anos propiciam a formação de vasos sanguíneos frágeis e fibroses retinianas. “Uma vez que a doença chega nesse estágio de evolução e está instalada, a regressão é rara. O que nos resta é tentar evitar com que a doença progrida ainda mais e tratar possíveis complicações, como sangramentos e descolamentos de retina”, detalha o médico.
Já a degeneração macular relacionada à idade (DMRI), como o próprio nome diz, tem relação com a idade. Sua prevalência aumenta com a idade e afeta cerca de 8,5 a 27,9% da população maior que 75 anos. “A doença pode levar à piora lenta e progressiva da visão e ser responsável pelo extravasamento de líquidos na retina, com diminuição súbita da visão, casos em que a percepção é mais fácil para o paciente. A patologia tem tratamento em alguns casos, mas desde que diagnosticada precocemente, pois se a lesão realmente se estabelecer, a perda pode ser irreversível”, pontua.
Na visão do oftalmologista, é importante que os cuidados com a saúde dos olhos comecem desde cedo. “Nossa luta começa desde a criança com alterações ao nascer ou na primeira infância, com catarata congênita, infecções gestacionais e a retinoblastoma, passando pelo paciente com acesso à saúde que desenvolve alterações primariamente oculares, com componente genético ou não (glaucoma, catarata não tratada, degeneração macular da retina, infecções), ou secundárias a outras doenças (retinopatia diabética), até a população carente de assistência médica ou até mesmo de saneamento básico (cataratas muito avançadas, erros de grau sem acesso a óculos, infecções parasitárias com manifestações oculares), além de uma infinidade de outras doenças que podem afetar os olhos”, conclui.