Acidente em Capitólio/MG acende alerta vermelho sobre banhos em lagos e cachoeiras

Durante o verão e período de férias, muitas pessoas procuram diversão em cachoeiras, lagos e rios. As belezas naturais de Minas Gerais são muitas e pessoas de todo o Brasil procuram regiões de turismo do estado, como a cidade de Capitólio, no sul de Minas, onde, no último sábado, 08, uma grande pedra caiu sobre um barco, matando várias pessoas. Um momento de alegria e descontração se transformou em uma tragédia.

De acordo com o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, 333 pessoas morreram em Minas Gerais em afogamentos em 2020. Ainda não foram divulgados os números de 2021. Portanto, é importante a atenção redobrada dos turistas que procuram esses locais nessa época do ano. A prevenção é fundamental!

Ouvido pelo Portal Medicina e Saúde, o ortopedista mineiro Rodrigo D´Alessandro de Macedo, destaca que Minas é um estado conhecido pelas suas belezas naturais e as cachoeiras são uma atração à parte. “Apesar de parecerem inofensivas, não são raros os relatos de acidentes nesses locais, desde pequenas quedas a óbitos. Vale a pena ressaltar as fraturas de coluna que ocorrem como consequência a quedas, lesões essas que podem ser fatais e/ou podem causar danos irreversíveis”.

“Muitos frequentadores de cachoeiras desconhecem os riscos e se aventuram com a subida em pedras escorregadias ou saltos. Se engana quem considere que um salto é seguro, pois no decorrer de um tempo, tocos e/ou pedras podem se deslocar e ficar na posição da queda. Normalmente é muito difícil visualizar o fundo das cachoeiras”, alerta o médico, chamando a atenção para o fato das aventuras poderem terminar em fraturas da coluna, condições que a medicina descreve como mergulho em águas rasas. Alguns trabalhos, inclusive, apontam que os acidentes em águas rasas foram a terceira ou quarta causa de fratura da coluna cervical. “Na maioria das vezes ocorre em adultos jovens e do sexo masculino”, destaca o Dr.  Rodrigo D´Alessandro”.

De acordo com o ortopedista, a coluna cervical frequentemente é acometida nessas situações. Essa região da coluna é a mais frágil, pois não tem a proteção da caixa torácica e do abdômen, tornando-se, portanto, vulnerável a fraturas-luxação. Além de fornecer apoio à cabeça, a coluna vertebral cervical protege a medula.  Lesões a esse nível podem acometer a medula e, consequentemente, ocasionar danos neurológicos graves, muitas vezes irreversíveis, denominados trauma raqui-medular – TRM. Quando ocorre uma lesão nessa região que ocasione um déficit de motricidade e sensibilidade total, ou seja não existe sensibilidade e movimento abaixo da lesão da medula, esse é um TRM completo. Essas lesões são extremamente graves, pois, muitas vezes, são irreversíveis e apresentam uma alta taxa de morbidade e mortalidade.  Quando ocorrem na coluna cervical, tais lesões desencadeiam um quadro de tetraplegia. Quando ocorrem entre a primeira vértebra cervical e a quarta vértebra ocasionam insuficiência respiratória, pois causa a paralisia do diafragma, sendo necessário suporte respiratório definitivo.”

Segundo o ortopedista, um acidente desse tipo tem uma enorme repercussão na vida do indivíduo, pois representa uma nova forma de convivência com a realidade, o que impõe uma nova visão do mundo quanto às expectativas. Importante que os mais frequentemente acometidos por essa tragédia são adultos jovens, que têm uma longa expectativa de vida.

“Os custos para sociedade também são enormes. Custos diretos – referentes ao tratamento e relacionados à reabilitação desses pacientes, e custos indiretos, pois muitas vezes são pacientes incapacitados para exercerem atividades profissionais. Além de ser necessária reintegração à sociedade, muitas vezes se faz necessária readaptação física e psicológica a nova realidade”, observa o médico, acrescentando ainda que, “infelizmente, precisamos evoluir bastante no cuidado dessas pacientes. Desde o atendimento inicial quanto os centros especializados em hospitalização e reabilitação precisam se aperfeiçoar constantemente”.

O ortopedista salienta que quando se avalia a gravidade da situação e o impacto, observa-se que a prevenção é a melhor opção. “Trata-se de uma condição séria que deveria ser tratada como uma das prioridades das medidas de saúde pública. Os avisos são ineficientes, uma vez que diversas vezes são desobedecidos. Alguns estudos com pacientes tetraplégicos e vítimas de mergulho em águas rasas revelou que a preocupação maior era no sentido de afogamento e não quanto a possibilidade de fratura da coluna cervical, caracterizando a desinformação. Campanhas de informação, vinculadas na mídia, e policiamento em áreas de risco, fazem se necessários”.

Dicas do Corpo de Bombeiros de MG:

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