Foto: Pixabay
De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), os acidentes são a principal causa de morte em crianças de um a 14 anos, com cerca de 13 mortes por dia, sendo que 90% dos casos poderiam ser evitados. A maioria acontece dentro de casa.
Segundo a ONG Criança Segura, os acidentes os pequeninos aumentam em 38% no período de férias, período em que passam mais tempo em casa e aproveitando as atividades de lazer e descanso.
Conforme alerta o pediatra Hamilton Robledo, da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, quanto menor a idade, maiores devem ser os cuidados com a prevenção de acidentes. “As crianças entre um e cinco anos são as que mais correm risco de acidentes porque não possuem uma noção de perigo completamente formada. Alguns cuidados podem ser adotados como, grades de proteção nas janelas, proteção em tomadas, protetor de quina para móveis e paredes e móveis distantes de janelas”.
A SBP também aponta que cerca de 120 mil jovens são hospitalizados por conta de acidentes anualmente. Os acidentes podem ser classificados em algumas categorias como quedas, queimaduras, asfixias, afogamentos, aspiração de corpo estranho, choques elétricos e intoxicações. Robledo elenca alguns cuidados importantes para prevenir cada tipo de acidente.
- Quedas – Essa é a causa de acidentes mais comum entre crianças acima de 2 anos de idade, de acordo com a SBP. Uma das medidas de prevenção mais importantes é que as crianças tenham um lugar seguro para brincar, que seja longe de escadas, sacadas, corredores e lajes.
- Para evitar quedas, orienta o pediatra, as janelas, sacadas e varandas devem ter grades e não estar com móveis em posições que facilitem uma tentativa de escalada da criança. Em casos de varandas espaçosas, seu acesso pode ser bloqueado por uma grade de proteção. Objetos como TVs devem estar fixados firmemente nas paredes e fora do alcance dos pequenos.
- Outra maneira também de prevenir as quedas é evitar o uso de tapetes. Caso opte por tê-los, que sejam antiderrapantes para que diminua o risco de escorregões. Além disso, para evitar traumas, as quinas de móveis e paredes devem ser arredondadas. Se houver portas de vidro, devem estar sinalizadas e fechadas.
- Queimaduras – Os riscos no ambiente doméstico são maiores na cozinha e no banheiro, devido a presença do fogão e de objetos como secadores e chapinhas. Nesse cenário, é necessário estar atento e evitar a presença de crianças na cozinha, ainda mais no momento do preparo de refeições.
- Outra dica é cozinhar com as bocas da parte traseira do fogão e os cabos das panelas sempre virados para o lado de dentro. Crianças também não devem usar o fogão e outros objetos que possam causar queimaduras.
- O Dr. Hamilton Robledo ressalta também que objetos no banheiro não devem ser deixados na tomada após serem usados e precisam ser guardados fora do alcance dos pequenos.
- Asfixias e aspiração de corpo estranho – A obstrução das vias aéreas é um risco a ser observado, especialmente em bebês, e pode acontecer no momento de dormir, por brinquedos, alimentos, cordões e até mesmo dentro do carro. De acordo com a ONG Criança Segura, essa é a primeira causa de morte de crianças de até um ano no Brasil.
- Segundo o pediatra Hamilton Robledo, “a maior recomendação é deixar qualquer objeto pequeno, como botões, tachinhas, pecinhas de brinquedos pequenos, colares e outras joias, balões de látex, embalagens plásticas e cordões longe do alcance de crianças. Com relação aos alimentos, pipoca, amendoim, nozes, uvas e os alimentos devem ser oferecidos cortados para as crianças menores”.
- O berço dos pequenos deve ser certificado pelo Inmetro, sendo que as grades de proteção não devem ter uma distância maior do que 6 cm do colchão, que precisa ser mais firme para o bebê não afundar.
- Por fim, as crianças não devem ser deixadas no carro, nem com o vidro entreaberto, quando for sair do carro. Cheque se elas também saíram e deixe as chaves longe do alcance delas.
- Afogamento – É a principal causa de morte em crianças entre 1 e 4 anos. Uma das formas de diminuir os riscos são as aulas de natação, que podem reduzir o risco em até 88%, segundo a American Medical Association. Porém, o Dr. Hamilton Robledo ressalta que, mesmo que a criança saiba nadar, ela nunca deve ficar sozinha dentro ou perto da água. “Os pais devem estar monitorando atentamente e isto é válido para piscinas, banheiras em casa e quaisquer outras situações em que os pequenos estão perto da água. É fundamental não se distrair usando o celular ou conversando com amigos quando crianças estão próximas a piscina, o correto é redobrar atenção e cuidados”, alerta.
- Medidas como travas na tampa do vaso sanitário, piscinas – poços também – completamente cercadas com cerca de 1,5m de altura, pisos antiderrapantes, travas laterais e cobertura, assim como bloqueio do acesso a tanques e bacias são essenciais para um ambiente com crianças. Segundo o especialista, as crianças que engatinham e já estão conseguindo se levantar com apoio podem cair de cabeça dentro do vaso sanitário e, para essa faixa etária, 5-10 cm de água são suficientes para causar um afogamento.
- Choques elétricos – O Dr. Hamilton Robledo explica ainda que é essencial utilizar protetores de tomadas em casa, ensinar as crianças a não tocar objetos elétricos com as mãos molhadas e a não mexer nestes objetos sem supervisão de um adulto. Manter objetos elétricos longe das crianças e evitar que os pequenos fiquem próximos a zonas de risco com fios expostos também são medidas imprescindíveis.
- Intoxicações – Os potenciais riscos de intoxicação envolvem principalmente produtos químicos e de limpeza, medicamentos, plantas, alimentos e animais peçonhentos. Para cada um deles, existem medidas específicas a serem adotadas.
De acordo com o pediatra, “no ambiente doméstico, os produtos químicos e de limpeza, assim como medicamentos, precisam ser mantidos longe do alcance de crianças e, após utilizados, serem imediatamente guardados. Enquanto usados, é necessária uma supervisão constante dos produtos”.
A informação nesse processo é também muito importante para saber quais produtos são ou não tóxicos. Dessa forma, os pais e responsáveis devem observar se as embalagens são a prova de crianças, dando preferência a estas. Robledo destaca que, para medicamentos, é preciso ter o cuidado com a data de validade e descartá-lo caso esteja vencido, assim como não se referir a ele como algo agradável de consumir para que a criança não perca a noção de que aquilo pode ser perigoso.
“Para as plantas, além de estarem fora do alcance dos pequenos, ensiná-las a não consumir folhas ou frutos de nenhuma planta é uma medida muito importante. Dê preferência a plantas que não possuem nenhum risco caso alguma parte dela seja consumida”, comenta ele. Em caso de animais peçonhentos, é preciso manter distância e ter atenção com sapatos, mochilas e bolsas.
Segundo o pediatra, quando se trata de alimentos, as principais recomendações são o cuidado com a validade dos produtos e o armazenamento deles para que não haja risco de intoxicação. Além disso, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, 90% dos acidentes podem ser evitados com medidas de prevenção.