Dra. Maria Amorelli: ”os linfomas podem ser confundidos com doenças infecciosas e apenas através de uma biópsia é possível descobrir o subtipo que o paciente possui”.
O linfoma é o câncer que afeta os linfócitos, células responsáveis por proteger o corpo de infecções. Esse tipo de câncer se desenvolve principalmente nos linfonodos, também chamados de gânglios linfáticos. O mês de agosto foi instituído pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como mês de sensibilização e conscientização em relação à doença e, para isso, ganhou a cor verde claro.
Conforme explica a hematologista Maria Amorelli, de Goiânia/GO, há mais de 40 subtipos de linfomas, que são inicialmente divididos em dois grupos: os Linfomas de Hodgkin e os Linfomas não-Hodgkin. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca) para cada ano do triênio 2023/2025, serão diagnosticados no Brasil, 12.040 novos casos de linfoma não Hodgkin (6.420 em homens e 5.620 em mulheres), e 3.080 novos casos de linfoma de Hodgkin (1.500 em homens e 1.580 em mulheres.
Os sintomas iniciais dos dois tipos podem ser muito parecidos com o surgimento de gânglios. Eles costumam aparecer na região cervical, axilar e inguinal. Mas há outros sintomas, que podem estar presentes nos dois tipos de linfomas, como a febre, mais baixa que às vezes vem no final do dia, a chamada febre vespertina. Coceira pelo corpo também pode ser um sintoma associado, além da perda de peso.
A médica destaca ainda que os linfomas podem ser confundidos inicialmente com doenças infecciosas pelo surgimento dos gânglios e da febre, e que apenas através de uma biópsia é possível descobrir o subtipo de linfoma que o paciente possui.
O linfoma não-hodgkin, destaca a médica, aumenta a incidência com a idade, quanto mais velho maior o risco. Já o linfoma de hodgkin tem um pico nos adultos jovens, a partir dos 15 anos de idade até cerca de 40 anos. Depois ele volta a ter um pico de novo nos mais idosos, acima de 75 anos.
Sem prevenção – Infelizmente, não há como prevenir os linfomas. “São doenças que surgem de maneira inesperada. O que a gente tem que fazer é uma conscientização em torno do linfoma para ter um diagnóstico mais precoce e aumentar as chances de cura, mas as medidas preventivas são as mesmas para o câncer em geral: vida saudável, exercício físico, boa alimentação e evitar exposições a radiação. Além disso, o paciente que já teve algum câncer, já foi exposto a radiação e a quimioterapia tem muito mais chances de ter um segundo tumor, incluindo os linfomas”, observa a especialista, ao informar que os linfomas são tratados com quimioterapia e radioterapia.
Segundo Maria Amorelli, “o linfoma de Hodgkin, em geral, tem uma maior taxa de cura. Ele é um linfoma que a grande maioria dos casos hoje em dia atinge uma cura, mas existem casos em que a gente tem uma doença mais agressiva ou a gente pega em estágio mais avançado em que não conseguimos uma cura”.
Já o linfoma não-hodgkin de alto grau costuma ser mais agressivo, em que o crescimento da massa é muito rápido. “O tratamento é uma quimioterapia mais intensa, com chance de cura. Em contrapartida, a gente tem o que se chama de linfoma de baixo grau, que são doenças mais lentas, algumas vezes demoram anos para que o paciente possa fechar um diagnóstico. Nesses casos, temos o controle da doença com quimioterapia também, mais leve normalmente, mas a gente não consegue atingir uma cura”, salienta a hematologista.