Dra. Marayra França – “Apesar de não haver tratamentos que impeçam o progresso da doença, há medicamentos para tratar os sintomas de demência”.
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A doença de Alzheimer é o tipo de demência mais comum e também é um termo geral usado para descrever as condições que ocorrem quando o cérebro não mais consegue funcionar corretamente. Cientificamente falando, o Alzheimer é um transtorno neurodegenerativo progressivo e fatal que se manifesta pela deterioração cognitiva e da memória, com comprometimento progressivo das atividades da vida diária e uma variedade de sintomas neuropsiquiátricos e de alterações comportamentais. “A doença instala-se quando o processamento de certas proteínas do sistema nervoso central começa a dar errado. Surgem, então, fragmentos de proteínas mal cortadas, tóxicas, dentro dos neurônios e nos espaços que existem entre eles. Como consequência dessa toxicidade, ocorre perda progressiva de neurônios em certas regiões do cérebro, como o hipocampo, que controla a memória, e o córtex cerebral, essencial para a linguagem e o raciocínio, memória, reconhecimento de estímulos sensoriais e pensamento abstrato. A causa ainda é desconhecida, mas acredita-se que seja geneticamente determinada”, informa a médica e professora da Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais, Marayra França.
De acordo a especialista, somente no Brasil, mais de 1 milhão de pessoas vivem com alguma forma de demência e 100 mil novos casos são diagnosticados por ano. Em todo o mundo, o número chega a 44 milhões de pessoas, tornando a doença uma crise global de saúde que deve ser resolvida.
Conforme a Dra. Marayra explica, “no nosso país, centros de referência do Sistema Único de Saúde (SUS) oferecem tratamento multidisciplinar integral e gratuito para pacientes com Alzheimer, além de medicamentos que ajudam a retardar a evolução dos sintomas. Os cuidados dedicados às pessoas com doença, porém, devem ocorrer em tempo integral. Cuidadores, enfermeiras, outros profissionais e familiares, mesmo fora do ambiente dos centros de referência, hospitais e clínicas, podem encarregar-se de detalhes relativos à alimentação, ambiente e outros aspectos que podem elevar a qualidade de vida dos pacientes”.
Ela chama a atenção para a evolução da doença que costuma ocorrer em vários estágios de forma lenta e inexorável, ou seja, não há o que possa ser feito para barrar o seu avanço. “A partir do diagnóstico, a sobrevida média das pessoas acometidas por Alzheimer oscila entre 8 e 10 anos. O quadro clínico costuma ser dividido em quatro estágios:
- Estágio 1 (forma inicial) – Alterações na memória, na personalidade e nas habilidades visuais e espaciais;
- Estágio 2 (forma moderada) – Dificuldade para falar, realizar tarefas simples e coordenar movimentos, agitação e insônia;
- Estágio 3 (forma grave) – Resistência à execução de tarefas diárias, incontinência urinária e fecal, dificuldade para comer, deficiência motora progressiva;
- Estágio 4 (terminal) – Restrição ao leito, mutismo, dor na deglutição, infecções intercorrentes.
Não havendo prevenção específica, manter a mente ativa, praticar exercícios e adotar hábitos saudáveis são recomendados. O diagnóstico é por exclusão, envolvendo avaliações médicas e exames específicos. O tratamento, conduzido por psiquiatras, geriatras ou neurologistas especializados, visa tratar os sintomas e melhorar a qualidade de vida da pessoa”, informa a Dra. Marayra.
Curiosidades: Demência x Alzheimer – O Alzheimer causa problemas na memória, pensamento e comportamento. Nos estágios iniciais, os sintomas de demência podem ser mínimos, mas pioram conforme a doença causa mais danos ao cérebro. A taxa de progresso da doença e varia de acordo com cada caso. Contudo, pessoas portadoras de Alzheimer vivem em média até oito anos após o início dos sintomas.
Apesar de não haver atualmente tratamentos que impeçam o progresso da doença, há medicamentos para tratar os sintomas de demência.
Nas últimas três décadas, as pesquisas sobre demência proporcionaram uma compreensão muito mais profunda sobre como o Alzheimer afeta o cérebro. Hoje em dia, os pesquisadores continuam a buscar tratamentos mais eficientes e a cura, além de formas para impedir o surgimento do Alzheimer e melhorar a saúde cerebral.