Cálculo renal: sintomas, diagnóstico e tratamento

O urologista Ailton Faion, diretor clinico do Urológica Hospital, membro Titular da Sociedade Brasileira de Urologia e do Colégio Brasileiro de Cirurgiões

Se você nunca passou por essa, talvez conheça alguém que teve que ir rapidamente para o hospital para tratar de uma dor insuportável ao urinar. O cálculo renal, mais conhecido por pedra nos rins, é o grande vilão dessa história. Cientificamente falando, é denominada Litíase Urinária.

Segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), o cálculo renal atinge cerca de 12% da população brasileira. A enfermidade acomete mais homens que mulheres.

Para saber mais sobre ela, o Portal Medicina e Saúde conversou com o urologista Ailton Faion, membro Titular da Sociedade Brasileira de Urologia e do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, atual diretor clínico da Urológica Hospital/Belo Horizonte.

Dr. Ailton Faion, que é o cálculo renal?

Cálculo renal é qualquer estrutura sólida, calcificada, formada no interior do sistema urinário. Os rins funcionam como dois grandes filtros do sangue. Para formar a urina, eles retêm, além da água, diversas substâncias, como cálcio, ácido úrico e oxalato. Quando há grande quantidade deles e pouco líquido para dissolvê-los, formam-se pequenos cristais que se agregam e avolumam, formando, assim, os cálculos, ou pedras nos rins.

Essa doença atinge muita gente no Brasil?

Conforme demonstram os trabalhos científico, sua prevalência atinge entre 5% e 13% da população mundial. No Brasil, por sermos um país com alta ingestão de proteína animal, e de temperaturas elevadas, nossos números são altos, em torno de 12%. Vale lembrar que a litíase urinária é uma das doenças mais comuns do ser humano e, depois que uma pessoa tem um episódio, ela tem mais chance de ter o segundo episódio, e assim por diante.

Por que a doença atinge mais homens que mulheres?

Ela tem a ver com o fato dos homens fazerem mais atividade física e terem maior massa muscular que as mulheres e, provavelmente, também, devido a causas genéticas condicionadas pelo cromossoma Y, porém ainda pouco estudadas e entendidas. A proporção é de 2 homens para 1 mulher.

Crianças e adolescentes têm cálculo renal?

Apesar da faixa etária mais acometida pela litíase urinária ser a terceira e quarta década de vida, crianças, mesmo bem jovens, e adolescentes não estão livres desse problema. Fatores anatômicos (principalmente más formações congênitas) são causas comuns de litíase desde a mais tenra idade.

Além da baixa ingestão de líquidos, causas as outras causas do cálculo renal?

A formação do cálculo ocorre por um complexo evento, em cascata, que pode estar relacionado a fatores genéticos, ambientais ou climáticos, bem como à idade, raça, baixa ingestão de líquidos, sedentarismo e hábitos alimentares equivocados. O risco multiplica-se quando se soma a doenças como diabetes, hipertensão, obesidade, infecções urinárias, distúrbios endocrinológicos e alteração anatômica das vias urinárias.

E quais são os seus sintomas?

A manifestação clínica mais comum do cálculo renal é a dor, geralmente na região lombar e usualmente unilateral. Essa dor é de alta intensidade, chega a ser incapacitante. Estudos mostram que é das piores dores que o ser humano pode experimentar. Porém, outros sinais e sintomas importantes são presença de sangue na urina, vontade de urinar com muita frequência e infecções do trato urinário, náuseas e vômitos. Alguns cálculos, contudo, podem cursar sem nenhum sinal ou sintoma evidente e serem descobertos, mesmo grandes, de forma acidental durante exames por outro motivo.

Como se faz o diagnóstico?

Ele é feito através da história do paciente, seus sintomas e dos sinais clínicos que ele apresenta, confirmados também através de exames de imagem, como Ultrassom ou a Tomografia. O Rx de abdome e a Urografia excretora, muito feitos antigamente, estão em desuso.

Quais os avanços no tratamento?

Sempre que falo em tratamento de cálculo renal, penso primeiro na prevenção. Hábitos de vida saudável, com ingestão adequada de líquidos ao longo do dia, atividade física regular e alimentação balanceada, em minha opinião, são o melhor tratamento. Uma vez instalada a doença, temos diversas formas de tratamento, que vão desde o tratamento clínico medicamentoso, cuja finalidade é aliviar a dor e ajudar o paciente a eliminar o cálculo, até diversos tratamentos cirúrgicos, endoscópicos (por aparelhos de vídeo) e abertos, com incisões cirúrgicas.

Os modernos aparelhos (cada vez menores e mais flexíveis) e fontes de energia a laser de alta intensidade, têm facilitado muito a vida dos urologistas e dos pacientes. Contudo, cada caso é um caso único, e a melhor forma de abordagem deve ser discutida com seu médico urologista, levando-se em consideração diversos fatores: idade, índice de massa corporal, doenças pré-existentes, uso ou não de medicação de uso contínuo, anomalias e má formações anatômicas, disponibilidade do arsenal tecnológico necessário para o tratamento, entre outros.

A Litotripsia Extracorpórea por Ondas de Choque, chamada de LECO, ainda tem seu lugar nos protocolos médicos, mais seu uso tem sido cada vez menor diante da maior eficiência dos outros métodos.

Por último, gostaria de reforçar a importância da divulgação dessas informações por que conhecê-las é a melhor forma de prevenção. Eu mesmo tento fazer isso em meu Instagram @drailtonfaion, que convido a todos a acompanhar.

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