Campanha Dezembro Laranja completa 11 anos, mas metade dos brasileiros nunca consultou um dermatologista

Exposição solar do dia a dia é um fator de risco subestimado pela população
Foto: Divulgação
O Dezembro Laranja, campanha nacional de prevenção ao câncer de pele promovidapela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), completa 11 anos, mas ainda enfrenta desafios importantes. Um estudo realizado pela divisão de Beleza Dermatológica do Grupo L’Oréal no Brasil, em parceria com a SBD, revelou que 54% dos brasileiros nunca passaram por uma consulta com um dermatologista.
A pesquisa também apontou que 40% da população raramente examina a própria pele, cabelos e unhas em busca de sinais que possam indicar doenças. Diante desse cenário, especialistas da Rede Mater Dei de Saúde reforçam a necessidade do diagnóstico precoce e de cuidados preventivos constantes para reduzir a incidência do câncer de pele – um dos tipos mais comuns no país.
Consulta dermatológica também é parte do checkup anual – De acordo com a dermatologista Natália Sobreira, da Rede Mater Dei, o baixo número de consultas é reflexo de três fatores: acesso restrito ao especialista em algumas regiões do país, pouca informação sobre a importância da avaliação preventiva e a crença equivocada de que o dermatologista só deve ser procurado diante de alterações visíveis. “A consulta dermatológica deveria fazer parte do checkup anual, assim como outras especialidades”, afirma.
Ela destaca que os principais tipos de câncer de pele são o carcinoma basocelular, o carcinoma espinocelular e o melanoma – este último, o mais agressivo, mas com mais de 90% de chance de cura quando diagnosticado precocemente.
Danos do sol no dia a dia – Entre os fatores de risco, a Dra. Natália chama atenção para um ponto frequentemente negligenciado: a exposição solar cumulativa. Ela explica que aquele sol do cotidiano, na caminhada até o trabalho, ao dirigir com o sol batendo no braço ou quando pratica atividade física ao ar livre sem proteção, é responsável por grande parte dos danos na pele.
“Muitas pessoas só se preocupam com a exposição intensa na praia ou na piscina, mas é a soma diária da radiação ultravioleta, assim como as queimaduras solares de primeiro grau causadas pela exposição solar intensa, que provoca envelhecimento precoce, dano celular e aumento do risco de neoplasias cutâneas”, alerta.
A médica reforça que a prevenção depende de hábitos consistentes: uso diário de protetor solar, reaplicação a cada duas horas em caso de exposição, busca por sombra entre 10h e 16h, uso de chapéu e roupas com proteção UV e evitar por completo o bronzeamento artificial – proibido pela ANVISA devido aos riscos comprovados.
A Dra. Natália também orienta a população a seguir a regra do ABCDE para identificar lesões suspeitas: Assimetria, Bordas irregulares, Cores variadas, Diâmetro maior que 6 mm e Evolução da pinta. “Além disso, manter consultas periódicas e observar a própria pele são medidas essenciais para detectar alterações precocemente”, reforça.
Quando uma cirurgia simples se torna um procedimento complexo – O diagnóstico tardio altera completamente o tratamento, acrescenta o cirurgião oncológico da Rede Mater Dei, Dr. Milhem Kansaon. Segundo ele, “o melanoma, por exemplo, quando identificado no início, pode ser removido em um procedimento rápido, com anestesia local e sem necessidade de internação. Já nos casos avançados, a cirurgia pode exigir a retirada de músculos, cartilagens e até porções de osso, com necessidade de enxertos e reconstruções complexas”.
Conforme destaca, o câncer deixa de ser facilmente curável quando alcança vasos sanguíneos, linfonodos ou apresenta metástases em órgãos como pulmão, fígado e cérebro. Apesar dos avanços na imunoterapia e nas terapias-alvo, o tratamento torna-se mais longo e agressivo nesses casos. “Detectar o melanoma cedo significa cirurgias menores, melhor cicatrização, menos impacto estético e funcional e maior chance de cura definitiva”, reforça.
Os casos cirúrgicos mais desafiadores envolvem carcinomas espinocelulares avançados em face e couro cabeludo, melanomas em áreas delicadas, como mãos, pés e pálpebras, e carcinomas basocelulares extensos que, quando negligenciados, comprometem estruturas faciais.
Entre os avanços recentes, o Dr. Milhem destaca a cirurgia de Mohs – que remove o tumor em camadas preservando o máximo de tecido saudável — e reconstruções com tecnologia 3D. “O impacto é evidente: mais segurança, maiores taxas de cura e menor necessidade de cirurgias agressivas”, enfatiza.




