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Campanha “Você está pronto para viver mais” reforça prevenção e novas evidências sobre rastreamento do câncer de próstata

Foto: Freepik

“Você está pronto para viver mais”, campanha do Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica de São Paulo, busca alterar comportamentos e romper preconceitos que ainda afastam muitos homens dos cuidados básicos com a própria saúde. Estar pronto para viver mais, segundo a ação, é se responsabilizar pelo futuro e pelas pessoas que se ama. Não apenas responder “sim”, mas marcar consulta, fazer os exames preventivos, superar o medo e a vergonha. O foco está em transformar conhecimento em ação.

Esse chamado acontece em sintonia com a ciência. Em 29 de outubro, pesquisadores de centros de referência europeus publicaram na revista científica The New England Journal of Medicine, os resultados do European Study of Prostate Cancer Screening. O estudo acompanhou 162 mil homens por 23 anos e demonstrou que o rastreamento com exame de PSA pode reduzir em 13% a mortalidade por câncer de próstata. O benefício é mais evidente quando o rastreamento faz parte de um modelo organizado, com acompanhamento médico e continuidade do cuidado e não como medida isolada.

No Brasil, porém, a realidade ainda mostra que muitos diagnósticos são feitos tardiamente. Isso significa maior risco de tratamentos mais agressivos e perda de qualidade e expectativa de vida que poderiam ter sido evitadas. De acordo com o urologista e cirurgião oncológico, Gustavo Guimarães, diretor do IUCR e coordenador geral dos Departamentos Cirúrgicos Oncológicos da Beneficência Portuguesa de São Paulo, superar a inércia e os tabus é determinante para viver mais e com qualidade. “Acho que tem havido melhora na relação do público masculino com alguns tabus, como o exame de toque retal. No entanto, ainda temos um caminho a trilhar. Não seria exagero inferir que o diagnóstico de doença avançada seja um dos fatores do crescimento do percentual estimado de mortalidade”, afirma.

Pronto para viver mais? O caminho está na prevenção e diagnóstico precoce, enfatiza a campanha. O câncer de próstata geralmente não apresenta sintomas em suas fases iniciais. Quando os sinais surgem (dificuldade ou ardência ao urinar, dor lombar contínua, sangue na urina) a doença já pode estar em estágios mais avançados. Quando o tumor é identificado cedo, as taxas de cura são superiores a 90%. O rastreamento, segundo Guimarães, não deve ser reduzido apenas ao PSA. “Mesmo com o PSA normal, até 20% ou 25% dos homens podem ter um nódulo suspeito identificado pelo toque retal”, explica. “O exame clínico associado ao PSA aumenta exponencialmente a possibilidade de detectar alterações na próstata. A combinação deles é a estratégia mais segura e eficaz”, reforça. 

As recomendações atuais consideram fatores de risco individuais. Homens sem histórico familiar devem conversar com seu urologista sobre rastreamento a partir dos 50 anos. Já aqueles que têm pai ou irmão com câncer de próstata precisam começar por volta dos 45. Homens negros, grupo mais vulnerável à doença, podem precisar iniciar aos 40 anos. Em todos os casos, a avaliação clínica personalizada define o melhor caminho.

O tratamento, quando necessário, é desenhado caso a caso. A medicina moderna oferece opções que equilibram eficácia e qualidade de vida, como cirurgia robótica, radioterapia de alta precisão, ultrassom focal, hormonioterapia e até vigilância ativa para tumores indolentes. Avanços tecnológicos também reduziram impactos, como incontinência urinária e disfunção erétil. Conforme destaca Guimarães, “a incontinência urinária tem diminuído muito, principalmente pela evolução das técnicas cirúrgicas e de radioterapia. E existem tratamentos para reverter ou melhorar quando necessário”.

Embora o envelhecimento e a herança genética sejam determinantes importantes para o câncer de próstata, há um conjunto expressivo de fatores modificáveis associados ao risco da doença que reforçam o papel da prevenção primária. Manter o peso adequado, adotar uma alimentação rica em frutas, verduras, legumes e fibras, reduzir o consumo de gorduras saturadas e carnes processadas e evitar o tabagismo, que não é um fator causador direto do tumor, mas está relacionado a piores respostas aos tratamentos, contribuem para diminuir a inflamação sistêmica e preservar o equilíbrio hormonal, elementos diretamente envolvidos na saúde da próstata. Além disso, observa Guimarães, “a prática regular de atividade física favorece um sistema imunológico mais eficiente, além de ajudar no controle de doenças metabólicas que também se associam ao risco oncológico”. 

O consumo moderado de álcool e a atenção à saúde mental, reduzindo efeitos do estresse crônico e da depressão sobre hábitos e imunidade, completam esse conjunto de escolhas cotidianas que, somadas, podem afastar ou retardar o surgimento do câncer de próstata. Como resume o urologista Gustavo, “viver mais com qualidade começa com hábitos saudáveis que ajudam na prevenção dessas doenças, dos problemas cardiovasculares e até na saúde mental”. 

Novembro Azul vai além da próstata: prevenção também para câncer de pênis e de testículo – A ação “Você está pronto para viver mais” integra a campanha Novembro Azul, e chama atenção também para os cânceres de pênis e de testículo, doenças oncológicas que afetam exclusivamente homens e que ainda têm pouca visibilidade. A maioria dos casos de câncer de pênis está associada à falta de higiene íntima, à infecção por HPV e à fimose não tratada. A simples adoção de hábitos de cuidado diário, uso de preservativo e vacina contra HPV poderia reduzir em larga escala o número de casos, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, onde a incidência é maior.

O câncer de testículo, por sua vez, é mais frequente em homens jovens, entre 15 e 35 anos, e tem altas taxas de cura quando diagnosticado precocemente. A atenção ao próprio corpo é determinante: alterações como nódulos endurecidos, dor persistente ou aumento do volume testicular devem motivar consulta imediata ao urologista.

“No Novembro Azul, acreditamos ser muito importante incluir os cânceres de pênis e testículo, alertando para a importância da prevenção e do diagnóstico precoce dessas doenças. A saúde masculina deve ser vista como um todo e não reduzida a um órgão específico”, orienta Guimarães. 

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