Por Dr. André Zeferino
Diretor de Relações Cooperativas da Uniodonto Campinas
Para uma parte das pessoas, a procura pelos profissionais de odontologia está ligada exclusivamente ao cuidado com os dentes, mas a consulta a um dentista vai além disso. Ela está ligada à saúde da boca. Entre várias doenças existentes, o câncer bucal é uma das muitas que merece atenção. Somente em 2020, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca) o país teve 15.190 novos casos da doença, sendo 11.180 em homens e 4.010 em mulheres.
Para efeito de comparação, a doença é a que mais atinge homens e mulheres, ficando apenas atrás do câncer de mama, que atinge em média 66.280 mulheres por ano, e do câncer de próstata, com 65.840 novos casos.
Quando se fala nisso, assim como outras doenças, muita gente já fica preocupada. O motivo de preocupação é natural. Porém, assim como outras enfermidades, o câncer bucal tem tratamento e cura, mas é preciso estar atento.
O câncer de boca ou câncer oral inclui tumores que podem se desenvolver em várias partes da boca como, mucosas e gengivas, bem como na parte visível da língua, no soalho bucal (a parte que fica embaixo da língua), no palato (céu da boca) e também nas bases ósseas que suportam os dentes. Por isso, é importante sempre estarmos atentos.
Os locais em que os tumores aparecem com maior frequência são o lábio, principalmente o inferior pela exposição excessiva ao sol, e a língua – pelo uso excessivo de tabaco (fumo) e álcool.
Este tipo de câncer pode ser evitado na maior parte dos casos com a prevenção, evitando o consumo de tabaco e álcool. No caso das lesões labiais, a prevenção depende do controle da exposição solar.
Essa doença é diagnosticada através de exames precisos de histopatologia, feitos em laboratório específico, mas existem exames simples de rotina que são realizados no consultório dental, com a palpação dos tecidos e a visualização, que podem suportar a existência do câncer bucal.
Normalmente, a presença de aftas – com bordas volumosas e doloridas, crescimentos de tecidos (hipertrofias) por lesões recorrentes como, prótese removível, e que machucam com frequência, devem ser avaliados por um cirurgião dentista. Manchas que aparecem de coloração diferente ao do tecido bucal (avermelhado demais, enegrecido ou branca) também.
Nos últimos anos, a pandemia da Covid-19 teve um impacto forte na procura de tratamentos preventivos, em todas as áreas médicas e odontológicas. Com o câncer bucal não foi diferente, pois o foco de tratamento está muitas vezes no medo que as pessoas têm de serem diagnosticadas e não procuram o cirurgião dentista para a análise e exames preventivos.
A maior importância de se prevenir o câncer bucal é a manutenção da qualidade de vida. Com a doença em estágio avançado, muitas vezes há a necessidade de mutilações como, a remoção de uma parte da maxila ou mandíbula (ossos que sustentam o dente) ou da face, causando um comprometimento da mastigação, ou até mesmo dos ossos da face, que levam a deformidades estéticas e de convívio social.
Por isso mesmo, diagnosticar precocemente é o melhor meio de se ter um prognóstico mais brando e com menos sequelas.