No Brasil, o câncer de colo do útero é o terceiro tipo de câncer mais incidente entre as mulheres, chegando a ocupar a segunda posição na região Norte. Algumas estratégias têm sido muito importantes para prevenir e impedir o avanço desse tumor como, a vacinação contra o papilomavírus humano (HPV), a triagem e detecção precoce do câncer cervical, assim como o tratamento de células pré-cancerosas e cancerígenas que podem eliminar o câncer de colo do útero. À medida que o mês de conscientização sobre o câncer de colo de útero acaba, observamos que ainda é preciso buscar soluções eficientes e acessíveis a todas as pacientes para eliminar essa doença.
De acordo com a Dra. Letícia Braga, Gerente de Pesquisa Translacional do Instituto Mário Penna – Ensino, Pesquisa e Inovação, algumas iniciativas para erradicar esse câncer têm sido feitas em diferentes partes do mundo, a partir da pesquisa e exemplifica alguns achados da ciência. O primeiro, desenvolvido por pesquisadores da Universidade da Malásia, é um autoteste para HPV, cujos resultados estão incorporados em uma plataforma digital. Para a pesquisa, foram examinadas mais de 4 mil mulheres em 15 meses. Dessas, 5% apresentaram evidências de infecção por HPV, o que significava que elas corriam maior risco de câncer de colo do útero, e 89% delas receberam cuidados de acompanhamento. Esses esforços levaram à criação de uma fundação que continua o programa de testes.
Outro estudo, destaca, publicado NEJM Evidence, em abril de 2022, mostra que uma única dose da vacina contra o HPV fornecia 97,5% de proteção contra os dois tipos de HPV que causam 70% de todos os cânceres de colo do útero. O estudo avaliou a resposta imune gerada contra o HPV em mais de 2.000 mulheres, do Quênia, de 15 a 20 anos, que haviam tomado uma dose da vacina. Essa evidência precisa ser avaliada com critério em diferentes populações para perspectiva de novas diretrizes de vacinação, o que poderia expandir a cobertura atual da idade da população a ser vacinada.
Já um terceiro estudo publicado em janeiro deste ano, na revista científica Cancer Epidemiology, Biomarkers & Prevention, mostra que, nos Estados Unidos, 20% dos diagnósticos de câncer de colo de útero estão sendo feitos em mulheres com mais de 65 anos, exatamente na idade que o rastreamento do câncer do colo do útero é interrompido. Isso mostra que, mesmo em países desenvolvidos, mulheres podem não estar mantendo em dia seus exames preventivos. Esse estudo, ressalta a médica, “é importante para incentivar o desenvolvimento de ferramentas de alerta para o sistema de saúde de adesão das pacientes às iniciativas de monitoramento da doença”.
Da mesma forma, o Instituto Mário Penna – Ensino, Pesquisa e Inovação, também fomenta pesquisas que visam o desenvolvimento de ferramentas que possam identificar biomarcadores capazes de predizer para os médicos, ou seja, informar antes do tratamento, como será a resposta das pacientes com câncer do colo do útero.
Conforme explica a Dra. Letícia, no câncer do colo do útero, os desafios persistem – às vezes de maneira diferente e em realidades diferentes. No entanto, resultados promissores estão sendo apresentados, como, por exemplo, uma pesquisa do Mário Penna que foi considerada como a terceira melhor produção científica apresentada em um congresso em Chicago/Illinois (EUA).
Para que toda a comunidade médica científica possa superar o desafio de tornar os resultados de pesquisa acessíveis a todas as pacientes no sistema único de saúde (SUS), é muito importante o consentimento, assim como a participação dos pacientes nas pesquisas nacionais. Para mais informações, a Gerente de Pesquisa do Instituto Mário Pena orienta as mulheres conversarem com o seu médico!