Câncer de colo de útero: pesquisa revela novos dados sobre atendimento via SUS

Nos últimos cinco anos, mulheres pretas e pardas tiveram menos acesso a exames preventivos de câncer de colo de útero pelo SUS (Sistema Único de Saúde), segundo análise da ImpulsoGov, ONG que ajuda governos a aprimorarem serviços de saúde pública. A informação é divulgada durante o Março Lilás, mês de conscientização sobre a prevenção contra a doença.

A ONG examinou dados públicos do SISCAN (Sistema de Informação do Câncer) referentes ao período entre janeiro de 2019 e fevereiro de 2024. Os resultados mostraram que as pessoas pretas e pardas representaram 23,2% do total com acesso ao exame, enquanto as pessoas brancas foram 43,1%.

A análise considerou a proporção desses grupos raciais na população em geral. De acordo com o Censo 2022 do IBGE (instituto brasileiro de geografia e estatística), 10,2% dos brasileiros são pretos, 45,3% são pardos e 43,5% são brancos.

A ImpulsoGov ainda observou que as pessoas indígenas, que correspondem a 0,6% da população brasileira, são 0,6% das pessoas examinadas no período. Já a população amarela, que representa 0,4% do país, correspondeu a 33% das pessoas que tiveram acesso ao exame.

Segundo João Abreu, cofundador e diretor-executivo da ONG, um dos grandes desafios para os profissionais de saúde pública no combate ao câncer de colo de útero, altamente evitável, é saber quem são as pessoas que estão com o exame preventivo atrasado. “Os dados estão disponíveis, mas são de difícil acesso no dia a dia de trabalho. Por isso, em uma das frentes de atuação da ImpulsoGov, entregamos essas informações gratuitamente, de forma descomplicada, para que os profissionais do SUS possam buscar essas pessoas e focar no que mais importa: o cuidado”, afirma.

O levantamento ainda mostra que a média nacional foi de 16.079,7 exames a cada 100 mil habitantes. No entanto, a distribuição geográfica é desigual, conforme apresentado a seguir: 

Estados com melhor cobertura do exame no SUS

Estados com pior cobertura do exame no SUS

A ImpulsoGov – Fundada por João Abreu e Isabel Opice, a ImpulsoGov é uma organização não governamental, sem fins lucrativos, que desenvolve ferramentas e soluções gratuitas para impulsionar o uso inteligente de dados e tecnologia no SUS, para que todas as pessoas no Brasil tenham acesso a serviços de saúde de qualidade. A ONG transforma dados existentes em informações úteis, permitindo que gestores públicos e outros profissionais de saúde meçam desafios e impactos, identifiquem vulnerabilidades, visualizem cenários e tomem decisões baseadas em evidências para melhorar continuamente as políticas públicas de saúde em seus municípios.

A ImpulsoGov já apoiou mais de 100 municípios onde vivem 6 milhões de pessoas que dependem exclusivamente do SUS para ter acesso a quaisquer serviços de saúde.

Mais informações: https://www.impulsogov.org

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