Câncer de mama não tem idade: diagnóstico e cuidado exigem olhar individual para cada mulher

Segundo especialistas 40% dos diagnósticos estão concentrados em mulheres com menos de 50 anos; na outra ponta, cresce o número de diagnósticos em pessoas idosas, o que reforça a importância do olhar individualizado.

Foto: Freepik

O câncer de mama, tumor que mais acomete as mulheres no Brasil, requer estratégias cada vez mais específicas. A avaliação individualizada permite rastrear de forma precisa, personalizar o tratamento e equilibrar eficácia e qualidade de vida ao considerar o contexto da paciente de forma ampla, para além do tipo biológico do tumor e o histórico genético. Segundo o mastologista Dr. Isaac Fermann, do Hospital Santa Catarina – Paulista/São Paulo/SP, “na prática, trata-se de um olhar integral sobre a mulher e não apenas sobre o tumor”. Seja na fase de rastreio ou de tratamento desta doença, é preciso considerar as características da mulher: “Há casos em que o rastreio deve ser feito antes mesmo da idade indicada, por exemplo”.

Conforme destaca, “há um grande potencial de redução da mortalidade com a detecção precoce. Por isso, a partir dos 40 anos, é preciso discutir individualmente essa possibilidade com o médico. Uma mulher que tem risco elevado, com histórico familiar, no entanto, deve ter sua situação avaliada de forma diferente de quem está fora da zona de perigo”.

Além da observação atenta aos fatores de risco, qualquer alteração suspeita na mama deve ser investigada de forma rápida, garantindo diagnóstico e tratamento adequados. A detecção precoce é a principal arma contra a doença. “A mamografia pode identificar tumores até 10 anos antes de serem palpáveis. Quanto mais cedo termos o diagnóstico, maior a chance de cura”, reforça Dr. Isaac Fermann.

Estratégia para além da idade – Da mesma forma, reforça o Dr. Aumilto Augusto da Silva Júnior, oncologista do Hospital Santa Catarina – Paulista. Segundo ele, o câncer de mama não tem idade e requer estratégias para além da faixa etária. “Hoje, 40% dos diagnósticos estão concentrados em mulheres com menos de 50 anos, mais do que se vê nos Estados Unidos e na Europa”, afirma.

Ao passo em que o câncer de mama aparece cada vez mais cedo, cresce também o número de diagnósticos em pessoas idosas, uma tendência que acompanha a curva de envelhecimento da população brasileira. Neste aspecto, a lógica do tratamento é diferente: a idade cronológica tem menos peso do que a funcionalidade da paciente.

“Com apoio da Oncogeriatria, que tem por foco as pessoas 60+, cabe avaliar não apenas a expectativa, mas a qualidade e o estilo de vida dessa idosa. O rastreio em idade superior aos 60 anos é essencial, mas o principal é o olhar individualizado para a paciente e seu histórico”, afirma.

Tratamentos personalizados e menos agressivos – Medicina personalizada e novos marcadores moleculares permitem decisões mais precisas e terapias sob medida para cada perfil de paciente. Hoje, é possível preservar mais a integridade física e emocional da paciente sem perder eficácia no tratamento. Para mulheres acima dos 70 anos, por exemplo, alternativas como a hormonioterapia podem ser eficazes e menos agressivas.
 

“Os avanços da oncologia e a abordagem inclusiva oferecem mais chances de cura e tratamentos menos invasivos. Há pacientes que respondem melhor a terapias-alvo; outras, a hormonioterapia; e, em alguns casos, podemos até evitar tratamentos mais intensos sem comprometer o resultado clínico”, avalia o Dr. Aumilto Augusto.

Essas mudanças caminham junto ao conceito de medicina de precisão, que combina dados clínicos, genéticos e ambientais para que o cuidado seja planejado de forma individual. A incorporação de testes genômicos, como os de expressão gênica, permite ajustar a indicação de quimioterapia, especialmente em tumores iniciais, e, assim, reduzir efeitos adversos.

Prevenção primária – A prevenção consiste em reduzir os fatores de risco modificáveis e ter hábitos que aumentem a proteção. Prática de atividade física, manutenção do peso corporal adequado, alimentação saudável e redução do consumo de bebidas alcoólicas estão associadas a menor risco de desenvolver câncer de mama.

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o Brasil deve registrar 73,6 mil novos casos de câncer de mama em 2025, o que mantém a doença como a mais incidente entre as mulheres e a primeira causa de morte por câncer feminino no país.

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