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Câncer de próstata: a importância do diagnóstico precoce

Dr. Jonatas Pereira: “o câncer de próstata é uma doença silenciosa no início, o que reforça a importância de um diagnóstico precoce. Em países como o Brasil, onde ainda enfrentamos desafios na prevenção e conscientização, os números são preocupantes. ”

O falecimento do ator Ney Latorraca, aos 80 anos, trouxe novamente à tona a necessidade de discutir o câncer de próstata, uma das doenças mais comuns entre os homens no Brasil e no mundo. Diagnosticado em 2019, o ator chegou a passar por uma cirurgia de remoção da próstata. Contudo, a doença retornou em 2024 com metástase, resultando em uma sepse pulmonar que levou à sua morte.

De acordo com a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer, o número de casos de câncer de próstata pode dobrar até 2040, atingindo 2,9 milhões globalmente. No Brasil, esse câncer é o mais comum entre os homens, após o câncer de pele não melanoma. O aumento desses casos é impulsionado pelo envelhecimento populacional, hábitos de vida e desigualdade no acesso ao diagnóstico e tratamento.

Conforme explica o uro-oncologista Jônatas Pereira, cirurgião robótico do Instituto de Oncologia do Paraná – IOP, de Curitiba/PR, “o câncer de próstata é uma doença silenciosa no início, o que reforça a importância de um diagnóstico precoce. Em países como o Brasil, onde ainda enfrentamos desafios na prevenção e conscientização, os números são especialmente preocupantes.”

A próstata, glândula localizada abaixo da bexiga, destaca, desempenha um papel crucial no sistema reprodutor masculino. Com o envelhecimento, aumentam os riscos de alterações na glândula, incluindo o câncer. Os principais fatores de risco incluem:

  • Idade acima de 50 anos;
  • Histórico familiar de câncer de próstata;
  • Homens negros, que apresentam maior predisposição genética;
  • Estilo de vida sedentário e dieta rica em gorduras.

Os sintomas, geralmente notados em estágios avançados, incluem:

  • Dificuldade para urinar;
  • Sensação de esvaziamento incompleto da bexiga;
  • Dor ao urinar ou ejacular;
  • Presença de sangue na urina ou no sêmen;
  • Em casos de metástase, dor óssea e perda de peso inexplicada.

A importância do rastreamento – A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) recomenda que homens iniciem o rastreamento aos 50 anos, ou aos 45, em caso de histórico familiar ou pertencentes a grupos de risco. O rastreamento inclui o exame de toque retal e o teste de PSA (antígeno prostático específico), que, juntos, podem identificar precocemente alterações na próstata. “Infelizmente, o preconceito em relação ao exame de toque retal ainda afasta muitos homens do rastreamento. É fundamental desmistificar o exame, que é rápido, indolor e salva vidas,” enfatiza o médico.

Quando a doença avança – Em casos mais avançados, como o de Ney Latorraca, a doença pode se espalhar para outros órgãos, complicando o tratamento e reduzindo as chances de cura. O ator desenvolveu uma sepse pulmonar, uma condição grave que ocorre quando a infecção se espalha pelo organismo, causando falência de múltiplos órgãos. “O câncer de próstata avançado não apenas desafia o sistema imunológico, mas também expõe o paciente a riscos adicionais, como infecções graves e metástases ósseas. O acompanhamento multidisciplinar é essencial para minimizar esses riscos” explica o Dr. Pereira.

Prevenção e qualidade de vida – Embora não seja possível preveni-lo totalmente, adotar hábitos saudáveis pode reduzir os riscos do câncer de próstata:

  • Alimentação equilibrada, rica em frutas, vegetais e grãos integrais;
  • Exercício físico regular;
  • Controle do peso;
  • Evitar o consumo excessivo de álcool e o tabagismo.

Além disso, a conscientização é o primeiro passo para mudar o cenário. Investir em campanhas educativas e ampliar o acesso ao diagnóstico precoce são ações indispensáveis para reduzir a mortalidade. “O câncer de próstata não é apenas uma questão de saúde pública; é uma questão de empatia e cuidado. Cada diagnóstico carrega uma história de vida. Cabe a nós, como sociedade, promover a conscientização e garantir que esses homens tenham acesso ao melhor tratamento possível,” enfatiza o uro-oncologista, ao acrescentar que “o caso de Ney Latorraca reforça a urgência de quebrarmos tabus e priorizarmos o cuidado integral com a saúde masculina. A luta contra o câncer de próstata deve ser contínua, para que mais homens possam vencer essa batalha silenciosa”.

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