Carnaval com responsabilidade

O Carnaval se aproxima. A tendência é passar mais tempo ao ar livre, sob o sol e se deixar envolver pelo clima de alegria e relaxamento, o que pode resultar em sexo desprotegido. Atenta à necessidade de promover a educação em saúde, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) apresenta diversas medidas preventivas que podem fazer muita diferença na proteção à saúde durante a folia.

Foto: Divulgação

A maior festa popular do mundo se aproxima. Oficialmente, o Carnaval começa dia 9 de fevereiro, uma sexta-feira. “O período que antecede a festa é o momento exato para lembrar as pessoas de alguns cuidados que certamente farão muita diferença na proteção à saúde”, alerta o cirurgião oncológico Reitan Ribeiro, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) e titular do Departamento de Ginecologia Oncológica do Hospital Erasto Gaertner.

De acordo com o médico, para que haja um comportamento saudável por parte da população, é muito importante garantir que as principais informações para prevenção estejam acessíveis e sejam veiculadas constantemente para promover a conscientização. Com essa finalidade, a SBCO sugere algumas medidas para quem deseja se preparar para um Carnaval mais seguro. Confira a seguir e tenha um ótimo divertimento.

A vacinação é uma medida crucial para prevenir infecções por certos tipos de HPV e reduzir o risco de complicações relacionadas. A vacina contra o HPV, com eficácia superior a 90%, está disponível no SUS para meninas e meninos de 9 a 14 anos, para homens e mulheres transplantados, pacientes oncológicos em uso de quimioterapia, pessoas vivendo com HIV/Aids e vítimas de violência sexual. Na rede privada, ela é oferecida para mulheres com idades entre 9 e 45 anos, e para homens – entre 9 e 26 anos. 

Ainda que a vacinação esteja disponível de forma gratuita, informações do Ministério da Saúde indicam que mais da metade da população jovem no Brasil está atualmente infectada pelo HPV. “O principal fator que contribuiu para a queda na vacinação foi a transferência da vacinação das escolas para os postos de saúde, fazendo com que muitos pais esquecessem de levar os filhos para vacinar”, diz Reitan Ribeiro. Ele lembra que as práticas sexuais seguras, como o uso de preservativos, ajudam a reduzir o risco de infecção pelo HPV e outras infecções sexualmente transmissíveis.

A Aids é transmitida principalmente por meio de fluidos corporais contaminados. As principais vias de transmissão são as relações sexuais sem proteção e o compartilhamento de agulhas e seringas. Não há contaminação pelo HIV por abraço, aperto de mão ou picada de mosquito (mas se for o Aedes Aegypti, que se dissemina nas grandes cidades, a pessoa pode contrair dengue, zika ou chikungunya ou febre amarela).

“A prevenção e o tratamento precoce são as melhores atitudes para controlar a disseminação da doença”, afirma o médico, que faz um resumo das principais estratégias para se prevenir. “Acho fundamental que os jovens tenham acesso a informações sobre a gravidade e a prevenção do HIV/Aids, porque a doença existe. Precisam conhecer as práticas sexuais seguras, os riscos associados ao compartilhamento de agulhas e como a doença foi estigmatizante no início”, orienta. 

De acordo com o Dr. Reitan, o termo “sexo seguro” costuma ser associado ao uso de preservativos, “mas existem mais medidas importantes e complementares para a prática sexual segura de modo geral, antes, durante e depois do Carnaval”. Como exemplo, ele relaciona abaixo, um conjunto de medidas recomendadas pelo Ministério da Saúde para ter uma prática sexual segura:

A PrEP é uma estratégia que envolve o uso de medicamentos antirretrovirais por pessoas que não têm o HIV, mas estão em situação de risco maior para a infecção. De uso diário, a PrEP tem mostrado ser bastante eficaz na prevenção do HIV. Seu uso tem sido recomendado para homens que fazem sexo com homens, parceiros sorodiferentes (quando uma pessoa é HIV positivo e a outra é HIV negativo), usuários de drogas injetáveis e grupos mais vulneráveis à exposição ao vírus.

A Profilaxia Pós-Exposição (PEP) consiste na administração de medicamentos antirretrovirais à pessoa que pode ter sido exposta ao HIV. A medida visa reduzir o risco de infecção pelo vírus, sendo indicada após situações de alto risco, como relações sexuais desprotegidas com uma pessoa soropositiva ou exposição ocupacional. A PEP deve ser idealmente iniciada nas primeiras 72 horas após a exposição e administrada por um período de 28 dias. “Mas esta é uma estratégia de emergência, e não uma alternativa de prevenção”, alerta o cirurgião oncológico Rodrigo Nascimento Pinheiro, presidente da SBCO e titular do Hospital de Base, de Brasília.

A profilaxia pós exposição pode ser acessada na rede privada ou pública (Serviços de Urgência 24 horas (UPAS), Hospitais de Referência, Serviços Especializados (SAE e CTA) e Unidades Básicas de Saúde). Os medicamentos são fornecidos unicamente pela rede pública.

O cirurgião oncológico destaca que a presença do vírus HIV compromete o sistema imunológico, tornando os portadores mais suscetíveis a diversas infecções e doenças. “Essa imunossupressão pode aumentar o risco de desenvolvimento de alguns tipos de câncer, como Sarcoma de Kaposi, Linfomas não Hodgkin, tumores cervicais, de fígado, diz Pinheiro.

Câncer de pele – Durante o Carnaval, é comum passar mais horas ao ar livre, principalmente durante o dia. Nesse período de descontração, é imprescindível adotar cuidados para proteger a pele dos excessos solares para prevenir o câncer de pele.

Segundo estudo recente do Instituto Nacional do Câncer (INCA) divulgado em novembro do ano passado, a previsão é de surgirem aproximadamente 700 mil novos casos de câncer anualmente no Brasil, com a região Sul e Sudeste concentrando cerca de 70% dessas incidências. Destaca-se especialmente o câncer de pele, que representa aproximadamente 31,3% dos casos.

O uso de protetor solar, que é uma medida relativamente simples, é muito importante na praia e na cidade. “Infelizmente, filtro solar tem preço elevado em um país pobre como o nosso. Mas deveríamos todos usar para sair ao sol. Não precisa passar muito. Conta mais a frequência da reaplicação (a cada duas horas) do que a quantidades”, diz o Dr. Reitan. Deve ser usado inclusive em dias nublados.

O médico cita um consenso da Sociedade Brasileira de Dermatologia, a da colher de chá, para calcular a quantidade ideal de proteção solar. “A indicação da SBD é uma colher de chá no rosto e pescoço; uma colher de chá na parte da frente do tronco e a mesma medida na parte de trás; uma colher de chá em cada braço e uma colher de chá na parte da frente das coxas e pernas e a mesma medida na parte de trás”. Além disso, é mais adequado ficar na sombra nos horários de pico (das 10h às 16 horas).

O uso de chapéus é uma alternativa eficiente na prevenção do câncer de pele, orienta. “Esse é um item do vestuário que podia novamente ser moda. Ajudaria bastante na prevenção do câncer de pele em um país tropical ao evitar o contato direto do sol com áreas sensíveis do rosto, pescoço e orelhas!”. O melhor são os chapéus de abas largas, observa.

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