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Cartilha da PUC-RS orienta identificação e manejo de situações de violência contra crianças e adolescentes

Objetivo é alertar e orientar sobre riscos de abusos no contexto de desastre no Rio Grande do Sul.

Imagem: Pixabay

As enchentes que causaram estragos em grande parte do Rio Grande do Sul deixaram milhares de desabrigados, incluindo famílias inteiras, animais de estimação e muitas crianças. Neste momento de calamidade, a PUC-RS é um dos abrigos emergenciais em Porto Alegre, com estrutura montada em seu Parque Esportivo, e recebe e encaminha doações.    

No abrigo instalado na PUCRS há uma equipe de voluntários dos cursos de Educação Física, Comunicação, entre outras áreas, realizando atividades recreativas e culturais. Há brinquedos e livros à disposição e, a partir da última quinta-feira (09/05) sessões diárias de cinema.  

Veja como pode ajudar:  

 Cuidados de abordagem com crianças  

  • Permitir o silêncio e as diversas emoções   
  • Acolher e informar que ela está segura no abrigo  
  • Não fazer promessas de que “vai ficar tudo bem”   
  • Não a retirar do contato com a família, onde deve se sentir segura  
  • Entender que cada criança se comunica de uma forma diferente   
  • Atender as necessidades básicas e perguntar como ela se sente  

Como explicar o que aconteceu e segue acontecendo  

  • Perguntar o que ela entendeu sobre as enchentes   
  • Questionar se ela tem dúvidas e responder (se não souber, pesquise as informações em fontes confiáveis)   
  • Explicar que o ocorrido foi um desastre climático e a importância de preservar o meio ambiente para que isso não ocorra  
  • Se for uma criança pequena, contar uma história que explique de forma simplificada e lúdica   
  • Explicar que é preciso aguardar que o nível das águas baixe para poder realizar as limpezas e conscientizar sobre as doenças 

Ideias de recreação e lazer   

  • Propor jogos e brincadeiras interativas  
  • Convidar para atividades que também sejam exercício físico, como pular corda  
  • Contação de história  
  • Hora do cinema com projeções de desenhos e filmes infantis

Outro ponto que deve ser reconhecido é que crianças neuroatípicas (autistas, superdotadas, com déficit de atenção, precisam de um olhar mais cuidadoso na interação e é necessário reconhecer que interagem de formas diferentes. Andreia ainda ressalta que crianças neuroatípicas, hiperativa …) tendem a desorganizar mais em situações estressantes ou em lugares com muito movimento e barulho. Por isso, é importante buscar lugares mais isolados ou encaminhá-las, se possível, a abrigos específicos para famílias atípicas.  

Identificação e manejo de situações de violência   

Crianças e adolescentes se tornam especialmente vulneráveis em contextos de crise e risco, ficando expostas a situação de violência física, sexual e psicológica. Todos têm a responsabilidade compartilhada de protegê-las de quaisquer tipos de violências, abuso, exploração e negligência. Para isso é necessário ter acesso a informações de qualidade e saber como proceder.  Confira a cartilha elaborada pelo Grupo de Pesquisa Violência, Vulnerabilidade e Intervenções Clínicas da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS:    

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Conforme orienta a coordenadora do grupo, Luísa Habigzang, “em contextos como o que a gente está vivendo de desastre, essas situações podem se agravar, a vulnerabilidade desses grupos aumenta. Então, é muito importante que organizemos medidas para prevenção. Nesse sentido, estabelecer um monitoramento contínuo das crianças e adolescentes nos locais de acolhimento é fundamental”. Confira a seguir alguns pontos de atenção :  

  • Ao dormir, a criança/adolescente deve ficar entre a família, de preferência acompanhada de mulheres.   
  • Coloque pulseiras para identificação de todas/as, com nome e sobrenome do responsável.  
  • Não deixe a criança/adolescente sem monitoramento da família ou voluntária identificado.  
  •  A saída do local deve ser feita somente com responsável e/ou voluntária identificado.  
  • Prepare um local específico para crianças com monitoramento da equipe.    
  • Banheiro: crianças/adolescente deverão estar sempre acompanhadas do responsável ou voluntária identificada.  

Como identificar sinais de violência:

Violência física – Qualquer conduta que ofenda a integridade ou a saúde corporal do indivíduo. Exemplos: golpes, empurrões, beliscões, tapas, socos, chutes, puxões de cabelo, uso de armas de qualquer natureza, restrição de movimento, entre outros.  

 Violência psicológica – Engloba qualquer comportamento que tenha a intenção de diminuir a autoestima e de humilhar a outra pessoa.  Exemplos: isolamento social, manipulação, insulto, chantagem, exploração, limitação do direito de ir e vir, violação da sua intimidade ou qualquer outro meio que cause prejuízo à saúde psicológica.  

 Violência sexual  – Compreende qualquer ato ou tentativa de prática sexual, comentários ou avanços indesejados e não consentidos pela outra pessoa (manipulações, chantagens emocionais, insistência, toques inapropriados, estupros).  Envolve ainda atos para comercializar ou utilizar de outra maneira a sexualidade de alguém através de coerção e exposição indevida a conteúdo sexual.  

 O que fazer após identificar um caso de violência:  

  • Caso você esteja atuando como voluntário em um abrigo e identifique ou receba relato de alguma situação de violência, encaminhe o caso para o profissional de saúde ou assistência social que está no plantão.   
  • Acione o Conselho Tutelar mais próximo em funcionamento. Após as 18h, o contato deve ser feito com o Plantão de Atendimento do Conselho Tutelar pelo telefone (51) 991581348.  
  • Em qualquer caso grave de violência, a Polícia Militar deve ser acionada imediatamente por meio do telefone: 190. 

Segundo Luísa Habigzang, “não é o papel das pessoas que estão atuando nos abrigos fazer uma investigação para checagem de veracidade daquela situação. Ao receber um relato ou ao observar algo que levante a suspeita de uma situação de violência isso deve ser notificado ao Conselho Tutelar, encaminhado para a brigada militar. Então, os órgãos competentes farão a investigação. O nosso papel nos abrigos é a prevenção e o acolhimento das pessoas”.

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