Por: Dra. Gabriela Iervolino
Endocrinologista (formada pela UNIFESP e FMABC)
Titulada pela SBEM – Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia
A cirurgia bariátrica, técnica de redução do estômago, traz enormes expectativas às pessoas que desejam emagrecer e que, geralmente, veem o procedimento como uma solução milagrosa. Não é à toa que sua demanda vem crescendo. O aumento da procura por essa técnica também se deve ao isolamento social por causa da pandemia, onde muitas pessoas acabaram ganhando peso durante esse período extenso, ficando presas em suas casas, o que aumentou muito a ansiedade, levando muitas pessoas a descontarem na comida.
Ainda muito polêmica, este procedimento vem crescendo no mercado, devido a uma campanha de Marketing, com especialistas em bariátrica que orientam o paciente sobre a importância de um pré-requisito médico, envolvendo exames endocrinológicos, psicológicos, cardiológicos, além do histórico médico da pessoa interessada em se submeter a este tratamento. Tais exames são importantes uma vez que, se o pré-operatório e o pós-operatório não forem bem planejados, incluindo orientação e acompanhamento em cada fase, a cirurgia pode se tornar desastrosa.
Embora considerado ideal para pessoas com obesidade mórbida, a cirurgia pode servir também para aquelas pessoas que já tentaram de tudo, como dieta alimentar, atividade física e tratamento medicamentoso e, mesmo assim, não tiveram sucesso para emagrecer.
No entanto, é preciso levar em conta que nem sempre o procedimento bariátrico estará isento de complicações durante a cirurgia e no pós-cirúrgico. Além da bariátrica não garantir ao paciente que ele não sofrerá com reganho de peso depois, o paciente precisará fazer uso contínuo, para o resto de suas vidas, de alguns suplementos.
É comum, pacientes na pós-bariátrica, ficarem com deficiência grave de ferro e desenvolverem anemia, deficiência de B12, nível de cálcio baixo que pode causar osteoporose, bem como ter desequilíbrio hormonal, entre outros problemas.
Mas quais os suplementos que terá que tomar pelo resto da vida? Bem, todos os pacientes que mexeram no intestino precisam de três suplementações; cálcio, vitamina D diariamente, para uma melhor absorção do organismo dos alimentos/substâncias nutricionais, e um polivitamínico que seja eficaz. Para isso, os pacientes devem buscar orientação com profissionais médicos sobre tipos e marcas no mercado, já que uma vez que seu estomago estará reduzido e interligado diretamente ao intestino, sua absorção é bem menor do que a de uma pessoa não operada.
Além disso, uma consulta periódica ao psiquiatra ou terapia constante é uma excelente ideia, já que a maioria dos casos de obesidade, acontece por compulsão e não é difícil vermos pessoas trocando o vício que tinham em comida por outros vícios, dentre eles álcool, drogas, sexo promíscuo e jogos, entre outros.
Não há dúvida que a bariátrica é uma solução para o obeso mórbido, mas antes de faze-la, converse com seu endocrinologista de confiança. Veja se já exploraram todas as possibilidades e o que ele te aconselha. De qualquer forma, é preciso colocar os prós e contras na balança. Boa Sorte!