Dr. Ricardo Godinho: “O procedimento possibilita melhora na escuta, no processamento das informações auditivas, na linguagem oral e no desempenho escolar do nosso pequeno paciente, que continuará a ser monitorado por nossa equipe”
A equipe de Otorrinopediatria da Rede Mater Dei, em Belo Horizonte, realizou uma cirurgia inédita em Minas Gerais e um dos primeiros casos do Brasil: restaurar a audição de uma criança de sete anos de idade.
“Thiago Ávila Drumond nasceu com uma importante deformidade da orelha esquerda e sem o canal que leva o som para a membrana timpânica, que nos permite ouvir. A malformação é conhecida como microtia com agenesia do canal auditivo. De acordo com a equipe de Otorrinolaringologia do Mater Dei Contorno, quando temos um ouvido com bom funcionamento, o som entra pelo canal e faz o tímpano vibrar. O tímpano, junto com a cadeia de ossículos que fica dentro do ouvido, amplia o som em 20 vezes. Thiago não tinha este mecanismo de amplificação e seu tímpano e ossículos eram malformados”, explica o Dr. Ricardo Godinho, coordenador da subespecialidade de Otorrinopediatria e médico da equipe de Otorrinolaringologia do Mater Dei Contorno.
Antes do implante, acrescenta, “Thiago escutava como se estivesse com o dedo totalmente arrolhado no canal auditivo – tinha uma perda de audição em torno de 45 decibéis, não conseguindo escutar adequadamente em lugares ruidosos, como o ambiente da escola. Crianças com este desafio não têm orientação espacial adequada, pois ficam sem a capacidade de identificar de onde se origina o som, não escuta o barulho do vento e da chuva. Elas gastam também mais energia para se concentrar no ambiente escolar do que a criança que escuta bem dos dois ouvidos”.
Após acompanhar o garoto por cerca de sete anos e realizar exames e tomografias, os especialistas avaliaram que as chances de uma reconstrução do canal auditivo não eram boas. “Por esta razão, optamos pelo implante osteointegrado, usando o sistema Osia® OSI200, em que o primeiro componente é implantado sob a pele e conectado ao pino de condução óssea (BI300) para enviar os sinais de audição diretamente à cóclea. O aparelho representa um avanço pois é mais delicado e com uma tecnologia inovadora para reabilitar a audição”, destaca o médico, que acompanha o garoto desde os três meses de vida. Ao contrário dos aparelhos auditivos, o sistema utiliza um pequeno processador de som colocado no osso temporal, logo atrás da orelha com deformidade.
Procedimento cirúrgico – Conforme explica o Dr. Ricardo Godinho, o implante é feito em duas etapas. Na primeira, é inserido no osso temporal, o componente interno do aparelho auditivo, que fica embaixo da pele e conduz o som internamente. Após quatro semanas, período necessário para o implante ser integrado ao corpo, o paciente retorna ao hospital para que o componente externo seja colocado, sem cirurgia, conectando o software de amplificação envolvido com a parte interna implantada no primeiro procedimento.
No caso de Thiago, a equipe do Mater Dei usou o implante coclear Osia® OSI200, que substitui a parte de malformação do ouvido. Diferentemente dos aparelhos auditivos disponíveis, este sistema é mais discreto e confortável de usar. A nova tecnologia piezoelétrica promove uma amplificação sonora até então não disponível em outros dispositivos. Inclui microfones que ajudam a filtrar o barulho de fundo, e realiza o processamento automático dos sons dependendo do ambiente, o que facilita a discriminação dos sons e a audição, principalmente na sala de aula. Também pode fazer o uso de um microfone que permite levar o sinal desde a fonte de som (um professor, um palestrante, um interlocutor) diretamente para o Thiago. O OSIA ainda pode ser conectado com o celular ou tablets, fazendo com que o som possa ir diretamente destes equipamentos até o processador de som.
Um programa de registro de dados do funcionamento do implante também pode ser útil para a equipe de Otorrinolaringologistas e Fonoaudiólogos que acompanham o processo de reabilitação. O Thiago terá melhora na escuta, no processamento das informações auditivas, na linguagem oral e no desempenho escolar e continuará a ser monitorado por nossa equipe”, destaca o Dr. Ricardo Godinho.
O sistema é indicado para pessoas com perda auditiva de até 55 dB SNHL, em crianças ou adultos. Isso significa que ele pode cobrir uma vasta gama de níveis de perda auditiva e continuar a ajudar a pessoa a ouvir, mesmo se a sua perda auditiva piorar ao longo dos anos.