Dr. Miguel Aprelino Alito: “Na cirurgia, que durou 03 horas, realizou-se a separação de todas as estruturas da parte central do pé, com técnica micro cirúrgica, retirando as partes extras e as maiores deformidades presentes”.
Uma cirurgia inédita na ortopedia pediátrica nacional foi realizada recentemente, em Cuiabá/MT. Trata-se de um caso raro de pé em espelho (com 8 dedos e com várias estruturas do pé duplicadas), associado a uma outra deformidade: pé torto congênito. Até o momento é o único caso descrito da ocorrência destas duas más formações em uma criança: pé torto congênito + pé em espelho.
Segundo o médico responsável, Dr. Miguel Aprelino Alito, ortopedista pediátrico, inicialmente foi optado em tratar o pé torto congênito, pela técnica de Ponseti, que consiste em manipulações com gessos das deformidades do pé, trocados semanalmente, conseguindo-se a correção progressiva do pé. Foram 12 gessos até se conseguir esta correção. Vencida esta primeira etapa, realizou-se a cirurgia para as correções das deformidades do pé em espelho.
Na cirurgia, segundo Dr. Alito, que durou 03 horas, realizou-se a separação de todas as estruturas da parte central do pé, com técnica micro cirúrgica, retirando as partes extras e as maiores deformidades presentes. Ao término, com o fechamento do pé, foi realizada a fixação do “novo pé” com técnica de fixação externa, possibilitando a manutenção da posição obtida na primeira etapa, além de facilitar a avaliação das feridas e circulação sanguínea do pé. Este aparelho de fixação externa também possibilita correções secundárias de deformidades caso seja necessário. O mesmo permanecerá por cerca de três meses, época necessária para uma adequada cicatrização de todas as estruturas mexidas.
No momento, a equipe acredita que haverá uma boa evolução da função do pé desta criança, podendo ter uma vida normal. Seu tratamento ainda necessitará de cuidados e acompanhamento seriado, por possuir o pé torto congênito. Uma órtese de abdução será utilizada por algumas horas por dia, até a idade de 05 anos.
Como trata-se de um caso único na literatura mundial, não existe um protocolo definido a ser seguido. O médico responsável esclarece que o protocolo mundialmente aceito para tratamento do pé torto congênito (Ponseti) será seguido neste caso.
Paciente Vitória – De acordo com o Miguel Alito, a paciente Vitória tentou o tratamento desde seu nascimento, no interior do estado de Mato Grosso. “Não conseguindo, já em Cuiabá, após várias consultas com ortopedistas, chegou até a mim, através de uma jornalista da rede Globo, de Cuiabá, que solicitou uma orientação de como conseguir o tratamento da Vitória. Aceitei realizar sua avaliação e, em seguida, já iniciei seu tratamento, como cortesia. Sua má formação é muito rara, não havendo descrições de quadro semelhante na literatura médica”.
A equipe foi composta pelos médicos Miguel Aprelino Alito, cirurgião responsável, especialista em Ortopedia Pediátrica e em Reconstrução Óssea; Cássio Cocate, especialista em Cirurgia da Mão e Micro cirurgia; Luiz César Betonti, cirurgião vascular.
Miguel Aprelino Alito é mineiro, nascido em Varginha e atua deste a sua formação em ortopedia na cidade de Cuiabá, MT.