Cirurgia plástica: a idade conta?
Por Dr. Juliano Pereira:
Cirurgião plástico, membro especialista e titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Coordenador do Departamento de Cirurgia Plástica da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas (2018-2020 / 2021-2023).
As notícias sobre procedimentos realizados por celebridades, em geral nos oferecem uma boa oportunidade para esclarecimentos, bem como para desfazer mitos a respeito da cirurgia plástica. Recentemente, quem ganhou o noticiário foi a apresentadora Xuxa Meneghel, submetida a lipoaspiração e procedimentos ancilares para fins de modelamento corporal. Xuxa tem 59 anos e a primeira dúvida levantada por leitores e internautas foi esta: a idade conta para fazer cirurgia plástica? E a resposta é sim.
Em qualquer procedimento a ser realizado, diversos fatores influenciam na segurança e no seu resultado. Aspectos genéticos, qualidade de vida e dieta saudável são fundamentais. A idade também entra nesta conta. Mas seja qual for a necessidade e o desejo de cada paciente, o que se avalia, primordialmente, é a sua saúde.
Pacientes saudáveis podem ser submetidos a procedimentos de forma segura. Independentemente da idade, uma extensa lista de exames pré-operatórios é solicitada pelo especialista e vai revelar condições decisivas para a realização, ou não, de uma cirurgia plástica.
Em uma anamnese cuidadosa, realizada com todos os critérios pelo cirurgião plástico, é importante também investigar o histórico familiar do paciente, considerando suas propensões genéticas e hereditárias, e, ainda, seus hábitos de vida. Evidentemente, alguém com peso controlado, alimentação balanceada, que seja praticante regular de exercícios físicos é um bom candidato a um procedimento cirúrgico.
Xuxa Meneghel, com um histórico de excelente qualidade de vida, submeteu-se a lipoaspiração e procedimentos ancilares e, como mostra o noticiário, hoje desfruta de boa recuperação do alto de seus 59 anos.
Mas, de fato, cirurgia plástica não está limitada pela idade. E muitas técnicas e recursos contribuem decisivamente para melhorar a aparência e autoestima em todas as fases da vida. O que se busca em pacientes com idades mais avançadas é uma avaliação rigorosa de sua saúde, com exames complementares ainda mais detalhados. Não é incomum que esses pacientes tenham acompanhamento de cardiologistas, reumatologistas e outras especialidades clínicas em geral. Também é frequente o uso de medicações regulares com anti-hipertensivos ou antidepressivos. Em todos os casos, a participação multidisciplinar é superimportante e a liberação da cirurgia se faz de forma colegiada, com os profissionais que já acompanham este paciente, com o cirurgião plástico e com o anestesista.
Pacientes na casa dos 40, 50, 60 anos começam a experimentar os sinais dos tempos. Com o envelhecimento facial vem a flacidez, e nem sempre os procedimentos não invasivos, como a aplicação da toxina botulínica e preenchimentos, são suficientes e eficazes. Nesta faixa de idade, a blefaroplastia, ou cirurgia das pálpebras, e o lifting facial, como possibilidade de suavizar rugas e marcas da face e do pescoço, devolvem o aspecto saudável à pele e uma expressão renovada.
A lipoaspiração, como a realizada por Xuxa, leva um grande número de mulheres de todas as idades, inclusive as de idade mais avançada, ao consultório. Vale ressaltar que com o passar do tempo a quantidade de colágeno da pele vai diminuindo. E muitas vezes a lipoaspiração “apenas” não pode ser indicada, pois o procedimento corrige o acúmulo de gordura localizada, e não a flacidez ou excesso de pele na região abordada. Por isso, atualmente há equipamentos de plasma que promovem a retração de pele intraoperatória, aplicada logo após a lipoaspiração, por baixo da pele. É uma solução de “dentro para fora”, uma arma importante nas lipoaspirações, e propõe uma melhora de até 30% da flacidez. Tal situação nos remete a outra: a indicação da retirada de pele.
Nenhum paciente sonha com uma abdominoplastia ou miniabdominoplastia. Os procedimentos requerem uma cicatriz um pouco maior. Porém, em grande parte dos casos das pacientes com idade mais avançada, ou mesmo entre as que já tiveram filhos ou grande emagrecimento, é a melhor indicação para um contorno corporal harmonioso e bonito.
Outro procedimento bastante procurado é a mastopexia, ou lifting de mama, que consiste em reposicionar o tecido mamário e as aréolas, eliminar o excesso de pele e dar um novo contorno às mamas, conferindo um aspecto mais firme a elas. Pode ser realizado com ou sem prótese, dependendo de cada paciente.
E quanto aos jovens, há também idade para a realização de cirurgias plásticas? A resposta é “não”. No entanto, mais uma vez o que impera é a boa condição de saúde do paciente para se submeter a um procedimento cirúrgico. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), o número de jovens que se submetem a procedimentos tem aumentado nos últimos anos.
A mamoplastia para redução ou aumento das mamas, mediante implante de próteses de silicone, pode ser realizada por jovens. Mas cabe aqui um alerta: estas cirurgias devem ser feitas observando-se o prazo de cinco anos após a menarca, ou seja, a primeira menstruação. Entende-se que somente após este período a mama está completamente formada para uma correção cirúrgica.
Tão importante quanto observar os vários critérios que possibilitem a realização dos procedimentos é levar em consideração a idoneidade e a qualificação do cirurgião plástico. É fundamental verificar se o profissional integra a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). Neste caso, o paciente terá a certeza de que o cirurgião cumpriu um rito acadêmico de formação e habilitação em residências médicas que lhe permite exercer o ofício com responsabilidade e plenitude.
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