Cirurgião-dentista Fernando Antônio Costa Zuba: 43 anos de paixão pela profissão
Dr. Fernando Zuba: “tirar a dor e preservar o elemento dental do paciente com um trabalho de qualidade é uma enorme satisfação e nos dá um grande prazer de dever cumprido”
Ser apaixonado pelo que faz é da maior importância para o êxito profissional. Esta é a história do cirurgião dentista Fernando Antônio Costa Zuba, que está comemorando 43 anos de endodontia clínica, em constante busca do conhecimento na área, aliado à dedicação ao paciente. Nessa entrevista ao Portal Medicina e Saúde, ele fala sobre a função do endodontista, problemas mais comuns no consultório, demanda dos pacientes, avanços da especialidade e a sua paixão pela profissão, entre outros temas da odontologia.
Zuba fez Graduação, Aperfeiçoamento e Especialização na Faculdade de Odontologia da UFMG. É Especialista em Endodontia com CROMG 7510
Dr. Fernando, o que é Endodontia?
A endodontia é a especialidade odontológica que reconhece, diagnostica e trata das alterações fisiopatológicas e microbiológicas do complexo dentinopulpar e dos tecidos peri-radiculares.
Tendo em vista este conceito, qual a função especialista?
A função do endodontista é compreender a anatomia e morfologia dental e identificar suas patologias de origem inflamatórias e infecciosas para assim, realizar a limpeza, formatação e obturação dos canais radiculares acometidos, visando conservar e preservar a estrutura dental remanescente. Uma vez bem tratado todo o sistema de canais radiculares, os tecidos periapicais (em torno da raiz) se encarregam de reparar toda a área do periápice lesionada, com neoformação óssea.
Quais os problemas mais comuns que são atendidos por um endodontista?
As queixas mais comuns são de dor no dente, provocada por alimentos doces, gelados, quentes, ou durante a mastigação, e dores espontâneas e intermitentes. Os abscessos provenientes da necrose do tecido pulpar, que podem provocar edema (inchaço) na gengiva ou na face, também são frequentes na clínica.
Em quais situações o paciente deve procurar o endodontista?
Ele deve procurar um endodontista quando há dor, incômodo ou mudança de coloração nos dentes, bem como surgimento de inchaço na gengiva ou na face. Deve também buscar atendimento ao perceber odor na boca, ou alterações na radiografia periapical, avaliada anteriormente por um clínico geral.
Quais as principais causas de problemas endodônticos dos pacientes?
As mais comuns são: físicas: trauma no dente), químicas: ácidos usados em restaurações sem proteção do complexo dentinopulpar, por exemplo, e biológicas: microrganismos que provocam a cárie.
Qual a faixa etária predominante de pacientes com problemas de Endodontia? Por que?
A faixa predominante é de pacientes que já tiveram muitas injurias nos seus dentes ao longo da vida (restaurações profundas, fraturas etc.), onde a resposta pulpar é enfraquecida com a diminuição da quantidade de tecido, ou seja, acima de 40/50 anos, mesmo porque com o aumento da conscientização da higiene bucal, da prevenção e a fluoretação da água de abastecimento público (no Brasil a partir de 1974) fez com que essa nova geração tivesse menos cárie, que é a causa mais frequente das lesões irreversíveis da polpa.
O tratamento de canal é trabalho do endontista?
Sim, o endodontista trata do sistema de canais radiculares. Nosso grande desafio é, após um estudo minucioso da radiografia pré operatória, conhecer e vencer a anatomia da cavidade pulpar, que é extremamente variada (de dente para dente e de paciente para paciente) para poder realizar o melhor saneamento e limpeza possível, no sentido de eliminar os micro-organismos, tecidos e sujidades do interior dos canais, e, após o preparo mecânico/químico (irrigação concomitante com a modelagem) a obturação hermética e tridimensional, buscando o vedamento de todo espaço dentro dos canais radiculares.
Hoje são 40 anos de trabalho. Como você vê a profissão atualmente?
Na verdade, já são 43 anos de endodontia clínica. Sou um apaixonado pela especialidade que me faz aprender a cada dia, que exige muito conhecimento, paciência, atenção e dedicação. Tirar a dor e preservar o elemento dental do paciente com um trabalho de qualidade é uma enorme satisfação e nos dá um grande prazer de dever cumprido. A sensação de ver o resultado final dos canais totalmente obturados, em suas lindas curvas e complexas topografias, comprovadas na radiografia, é, para mim, como o final de uma tela para um artista plástico, ou para um artesão na plenitude da sua arte.
Quais os avanços ocorridos nesse período?
A ciência e as tecnologias aplicadas à Odontologia avançaram de forma a contribuir não só para o Cirurgião-Dentista, com as técnicas automatizadas mais ágeis e objetivas, mas também tornando o tratamento mais seguro e menos doloroso para o paciente. As Tomografias Computadorizadas com imagem tridimensional, as limas com diferentes designers de corte, resistência e segurança, os localizadores apicais (que nos dão o comprimento do canal eletronicamente), o uso do microscópio operatório magnificando a imagem, por exemplo, conferem maior precisão e assertividade no tratamento endodôntico.
Quais as perspectivas da especialidade para essa década?
A endodontia feita com excelência e qualidade sempre terá sua importância e sua demanda em dentes que puderem ser preservados. Já a implantodontia é uma ótima opção para dentes condenados.
Qual a diferença entre o endodontista e periodontista?
A palavra Endodontia provém do grego e significa dentro (endo) do dente (dontia). A endodontia, portanto, trata da parte interna do dente, enquanto a periodontia se difere desta por diagnosticar e tratar as alterações que acometem os tecidos adjacentes à polpa dentária, isto é, externamente ao dente.
Que mensagem o senhor pode deixar para os jovens endodontistas?
Como já disse aqui, a endodontia tem que ser realizada com excelência, qualidade e menos stress tanto para o profissional quanto para o paciente. Para isso, não só o conhecimento, a prática e a experiência são fundamentais, mas, também, o estudo diário e o acompanhamento dos avanços tecnológicos, e, claro, a paixão pelo que se faz.