Uma criança, irritada por algum motivo, se joga no chão e começa a chorar ou, simplesmente, arremessa objetos no chão e grita sem parar. A cena pode acontecer na rua, em um shopping, supermercado ou festa de aniversário, e causa um forte desconforto entre os adultos que, na maioria das vezes, não sabem como lidar com a situação, enquanto são vítimas dos olhares de outras pessoas presentes no local. As birras infantis, como explica o psicólogo Filipe Colombini, de São Paulo/SP, são comportamentos comuns na primeira infância, período que vai do nascimento até os cinco ou seis anos de idade“.
Conforme explica, ela se resume a explosões emocionais, que surgem em função da falta de regulação emocional das crianças, já que, durante a infância, algumas áreas do cérebro ainda estão em desenvolvimento. “É uma forma que a criança encontra para externalizar seus sentimentos e sensações e, nestas horas, os adultos devem agir com paciência e acolhimento. Afinal, este é um comportamento normal nesta fase”, observa.
Nesse sentido, como os pais devem lidar com as birras da infância? Para Filipe a melhor maneira é acolhendo os sentimentos da criança e validando suas emoções. “O pequeno precisa ter a segurança de saber que pode contar com seus pais e cuidadores. Nestas situações, a falta de paciência dos responsáveis pode piorar a tensão”, destaca.
Ajudar a criança a dar nome às emoções, orientando-a a diferenciar tristeza de alegria, por exemplo, é uma estratégia eficaz. O especialista também fala da importância de se estabelecer uma rotina com a criança, fundamental para evitar situações que possam provocar angústia ou ansiedade. Vale lembrar, ressalta, “que a educação emocional demanda paciência e tempo, não acontece da noite para o dia. É um exercício contínuo e diário”.
Buscando ajuda – De acordo com o psicólogo, quando se fala em crianças, automaticamente estamos falando dos pais. Assim, na ocorrência de birras, é importante eles estarem cientes de que a culpa não é da criança, pois é o ambiente e as habilidades parentais que influenciam a rotina do pequeno”, e destaca: “os pais precisam fazer uma imersão nos ambientes onde o filho está envolvido, assumindo protagonismo na busca por recursos. Acima de tudo, as soluções para as birras devem ser desenvolvidas em família, para que sejam realmente efetivas”.