Congelamento de óvulos: passo a passo para quem deseja planejar a maternidade sem depender exclusivamente do relógio biológico

Imagem: Pixabay

O congelamento de óvulos é uma técnica indicada, em especial, para mulheres que desejam postergar a maternidade por motivos pessoais, seja ele relacionado à carreira, ao planejamento familiar de longo prazo ou, ainda, por questões relacionadas à saúde. Há também aquelas que aguardam a chegada do parceiro ideal para, então, formar uma família. Isso é o que mostra um levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

De acordo com os dados, as mulheres têm engravidado cada vez mais tarde no Brasil. Para se ter ideia, nos últimos 10 anos, o aumento de gestação na faixa etária que vai dos 35 aos 39 anos foi de 63%. Em contrapartida, a taxa de nascimentos entre mães com até 19 anos caiu 23% no mesmo período. Frente a esse cenário, o congelamento de óvulos se tornou uma opção real para quem pretende engravidar depois dos 35 anos, conforme explica a Dra. Larissa Matsumoto, especialista em Reprodução Assistida do FERTGROUP/São Paulo/SP.

“Nós recomendamos que a consulta com um especialista em reprodução assistida entre no check-up da mulher até os 30 anos de idade, para que se faça uma avaliação da sua reserva ovariana e da possibilidade de congelamento dos óvulos, especialmente naquelas com histórico na família de menopausa precoce, ou se possuem endometriose, por exemplo, que podem reduzir a reserva ovariana de forma mais acelerada. Porém, na maioria das vezes, as pacientes já chegam na clínica com mais de 35 anos, quando já houve uma perda muito acentuada de óvulos”, lamenta a médica.

Essa necessidade de atenção ao tempo, vale lembrar, é justificada na literatura médica, pois a fertilidade da mulher está intimamente relacionada à idade. “Isso porque as mulheres nascem com cerca de dois milhões de óvulos, que vão diminuindo ao longo do tempo. Sabemos que aos 37 anos, já perdemos 90% dos nossos óvulos. Os homens produzem espermatozoides a vida inteira, mas perdem em qualidade”, pontua Larissa Matsumoto. Por esse motivo, mesmo que a gestação seja um plano futuro ou ainda inexistente, é importante que haja alternativas, conforme o desejo da mulher. “Quando há muita espera na tomada de decisão da gestação, e não é realizado um planejamento, as chances de sucesso dos tratamentos de fertilidade podem ser menores, pois além da quantidade, a qualidade desses óvulos é afetada com o tempo. Perdemos a capacidade de produzir embriões com potencial de gerar a gravidez”, alerta a médica.

Passo a passo – Embora seja uma boa alternativa para não ficar presa ao relógio biológico, isto é, ter um prazo para engravidar, a técnica de congelamento exige um passo a passo cuidadoso, além de um bom acompanhamento médico. “Hoje a quantidade de mulheres que congelam óvulos ainda é muito pequena, e nós precisamos melhorar esse cenário, tendo em vista que as chances de gravidez de forma natural, caem ao longo dos anos. Uma mulher com 40 anos, ao longo de um ano possui 20% de chances de engravidar naturalmente. Antes dos 35, idade ideal para o congelamento, 85% das mulheres conseguem a gestação de forma natural”, argumenta a especialista.

Mas, afinal, como é feito o congelamento de óvulos? De acordo com a Dra. Larissa Matsumoto, o procedimento é feito em algumas etapas:

Estimulação – O primeiro passo para realizar o procedimento é procurar uma boa clínica de reprodução assistida onde, inicialmente, os especialistas vão solicitar exames para avaliar a reserva ovariana e planejar o número de óvulos a serem congelados para que ofereçam chances de gestação no futuro. Depois, é feito um estímulo para que estes óvulos se tornem maduros. O estímulo ovariano, com medicações, possibilitará a captação do número de óvulos que o ovário tiver naquele mês, avaliado pela reserva ovariana. Isso porque, normalmente, o organismo disponibiliza um lote de folículos por mês, mas o ovário só consegue amadurecer um óvulo por ciclo menstrual. A estimulação ovariana potencializa esse processo.

Nessa fase são aplicadas injeções hormonais de gonadotrofina na barriga por cerca de 10 dias para estimular o crescimento dos folículos ovarianos, onde estão “guardados” os óvulos. A dosagem varia de acordo com a necessidade de cada paciente.

Esse procedimento pode ter efeitos colaterais como dores de cabeça, inchaço abdominal, alterações de humor, entre outros sintomas. Mas durante todo esse processo, que dura entre uma e duas semanas, a evolução da paciente é acompanhada através de ultrassonografias, até a definição da coleta dos óvulos.

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