“é necessário investir e desenvolver formas de ajudar os jovens a lidar com suas emoções e dificuldades”
Por: Mônica Portella
Psicóloga, Pós Doutora em Psicologia pela PUC-Rio, Doutora em Psicologia Social e Cognitiva pela UFRJ e Mestre em Psicologia Social pela UFRJ Atualmente trabalha com terapia cognitivo comportamental e Psicologia Positiva no Rio de Janeiro
Pesquisadores consideram que a população mais afetada em termos de saúde mental na pandemia é a de jovens entre 13 e 25 anos. O cérebro na adolescência é extremante sensível a experiência. Dados do Ministério da Saúde/2019 indicam que 45,5% das ocorrências de autoagressão, automutilações e tentativas de suicídio ocorrem entre jovens entre 15 a 29 anos.
Em tempos de pandemia, pais e escolas precisam saber se o adolescente está sofrendo, bem como profissionais de saúde da linha de frente. É necessário investir e desenvolver formas de ajudar os jovens a lidar com suas emoções e dificuldades.
De acordo com o CONJUVE, ONU, Fundação Roberto Marinho, Unesco (2020); Bouer, (2020); NUBE – Núcleo Brasileiro de Estágios (2020), a pandemia de Covid-19 trouxe uma série de consequências psicossociais para essa população, entre elas: depressão, desemprego, angústia, ansiedade e estresse, Insônia e insegurança em relação ao Futuro, diversos prejuízos na saúde física e mental.
Cabe destacar também que jovens que passam mais de 9 horas por dia conectados a smartphones, tablets, computadores etc têm risco duas vezes maior de se queixar de tristeza, angústia, ansiedade e estresse, em comparação a quem fica 2 horas conectado. Trocar as relações de verdade por mensagens de texto, dormir mal por causa do excesso de estímulos eletrônicos, trocar atividade física e exposição a luz solar por horas na frente de uma tela constituem fator de risco para a saúde mental. E a maior parte da população mundial fez isto graças as medidas de contenção da Covid-19 no último ano. Imagine o impacto disso em um cérebro em transformação?
Estratégias – Algumas estratégias precisam ser realizadas para ajudar os jovens a lidar com os impactos da pandemia. Investir em estratégias para aprimorar a autorregulação emocional (fundamental para vida bem-sucedida), para administrar impulsos e lidar com as emoções. As técnicas de mindfulness, relaxamento, identificação e regulação das emoções, como ansiedade, medo e tristeza, podem ajudar muito nesse contexto.
Outro ponto importante é ensinar aos jovens a administrar o estresse no dia e dia, reconhecer e lidar com pensamentos e emoções assustadoras, investir em estratégias, aprimorar a tomada de decisão e aprender a solução de problemas simples e complexos, bem como gerir o tempo adequadamente e melhorar a auto-organização e autonomia para lidar com os desafios do ensino híbrido (presencial e online).
Desenvolver a autoconfiança e o otimismo realista, como também a capacidade de resiliência pessoal para lidar com os desafios atuais e as mudanças que estão por vir podem representar um grande reforço e repercutir positivamente no desenvolvimento e perspectivas dos jovens nesse momento de pandemia.