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Coração artificial salva menino de sete anos

Comemoração com a equipe do Hospital São Luiz Itaim no dia da alta

Foto: Divulgação Rede D’Or

Apaixonado pelo Flamengo desde muito pequeno, Davi Rafael Correa da Rosa, de 7 anos, escreveu uma das histórias mais emocionantes da atual temporada do futebol, só que fora dos gramados. O pequeno torcedor venceu uma batalha pela vida após enfrentar um quadro gravíssimo de insuficiência cardíaca e passar por um transplante raro, marcado por reviravoltas e por uma surpreendente participação do seu time do coração.

Davi chegou à Rede D’Or no fim de setembro em estado crítico e foi transferido para o Centro de Transplantes e Cirurgias de Alta Complexidade do Hospital São Luiz Itaim/São Paulo/SP. Em choque cardiogênico, quadro em que o coração perde a capacidade de bombear sangue de forma adequada, e já sem resposta aos medicamentos, precisou de um Dispositivo de Assistência Ventricular (uma bomba mecânica que substitui temporariamente o trabalho do coração e que é utilizada apenas em situações extremas e de uso muito raro no país). Com o suporte funcionando, entrou na fila de transplante de coração como prioridade máxima.

O grande dia chegou no mês de outubro. A cirurgia foi longa e delicada, mas o momento mais tenso veio logo após o implante: o novo coração não bateu. “É uma complicação incomum, chamada disfunção primária do enxerto, que ocorre em cerca de 7% dos transplantes cardíacos infantis”, explica o cirurgião cardíaco pediátrico Leonardo Miana, que realizou o procedimento.

Diante do quadro, o menino precisou ser conectado ao ECMO (Oxigenação por Membrana Extracorpórea), tecnologia que assume as funções do coração e dos pulmões até que o órgão se recupere. “Esse foi o segundo Dispositivo de Assistência Circulatória, ou coração artificial, utilizado no tratamento do Davi.

Foram dias de expectativa. Neste cenário, o Flamengo voltou a entrar na história. Sedado e sem batimentos espontâneos, Davi recebeu uma dose de emoção transmitida ao vivo pela TV. O pai decidiu colocar, no volume máximo, a transmissão da semifinal da Libertadores contra o Racing, da Argentina. O jogo foi dramático, mas o time avançou.

Na manhã seguinte, para surpresa da equipe e da família, o novo coração de Davi finalmente começou a bater. A cena ganhou força simbólica entre as equipes assistenciais e a família, que passou a contar a história como um “gol de virada” definitivo.

Após sete dias do transplante, o pequeno foi retirado do equipamento de ECMO. A partir daí, houve uma mobilização que envolveu os jogadores do clube, como o zagueiro Léo Pereira, o goleiro Agustín Rossi e o volante Erick Pulgar, que enviaram vídeos de incentivo para o processo de recuperação.

“Ele é flamenguista e eu também. Isso criou uma conexão extra entre nós. Foram dias de muita emoção tanto no futebol, quanto no hospital”, lembra o cirurgião. O caso evoluiu bem e Davi já recebeu alta. “Bem a tempo de acompanhar a final da Libertadores, agora com um novo coração”, destaca Miana.

Do ponto de vista clínico, o caso reforça a importância de uma estrutura preparada para situações de altíssima complexidade. De acordo com o cirurgião, “é fundamental reconhecer o papel humano de cada profissional envolvido. A cirurgia e a tecnologias são apenas uma parte do processo: a recuperação do Davi é resultado do trabalho incansável de muitos.”

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