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Covid-19: Uso de máscara em locais públicos e distanciamento social na ordem do dia

Estevão Urbano, presidente da Sociedade Mineira de Infectologia

Depois de meses de restrições, Belo Horizonte volta a experimentar a chamada vida normal, com abertura do comércio, mais pessoas nas ruas, bares cheios e eventos familiares e festivos. Mas será que esse é o momento de ‘baixar a guarda’ para o Covid-19?

Segundo o presidente da Sociedade Mineira de Infectologia e médico infectologista dos hospitais Madre Teresa, Biocor, Vila da Serra e Júlia Kubitscheck, Estevão Urbano, apesar da redução dos índices de ocupação de leitos e UTI e de números menores de mortos por dia, ainda não é o momento para abandonar o uso das máscaras em locais públicos e a prática do distanciamento. Assim, tentativas de retorno às aulas, idas frequentes a academias, clubes e locais com aglomerações ainda são atividades de risco que devem ser evitadas.

“O mais seguro para o momento é manter o nível de proteção já recomendado. Sem a vacina, que deve ficar para 2021, a máscara e o distanciamento têm evitado um número maior de mortes e reduzem a gravidade da infecção. Para o retorno às aulas, é preciso que o nível de infecção diária seja de 50 novos casos para casa 1 milhão de pessoas, por um prazo de 14 dias. Mas ainda não estamos nessa situação em Minas Gerais”, constata.

Desafio continuado

Depois de seis meses da pandemia, a ciência ainda não sabe o suficiente para enfrentar e vencer o novo coronavírus. No entanto, garante o médico, os profissionais de saúde que atuam na linha de frente já estão qualificados para receber os pacientes com maior segurança para conduzir o tratamento e reduzir a mortalidade, como tem ocorrido.

Mas também eles devem manter o nível máximo de proteção, já que o Covid-19 é uma espécie de roleta russa que não permite definir previamente quem vai ter uma infecção assintomática, branda, grave ou mortal. “Os profissionais de saúde não podem se descuidar porque, mesmo que os níveis gerais estejam bons, a infecção, para o indivíduo, é um grande risco”, avalia.

O uso de medicamentos para prevenir ou curar a doença continua. Entretanto, segundo o médico, os testes sobre cloroquina ainda são inconclusivos já que há novos estudos em curso, com metodologia distinta dos anteriores. Quando o paciente quer usar, assina um termo se responsabilizando porque existe uma toxicidade do remédio para coração. “Já a ivermectina não tem efeito”, desmistifica.

De acordo com o Dr. Estevão Urbano, não há como prever, ao certo, o fim da pandemia. Também não se sabe quanto tempo dura a imunidade para quem já foi infectado, visto que já há descobertas de mutações do vírus e novas ondas de Covid-19 na Europa. “Tudo ainda é muito controverso. O vírus está circulando pelo mundo e nós estamos aprendendo a lidar com ele. O que temos é um dia de cada vez em um sistema de prevenção e proteção da saúde, para que não percamos todo o esforço feito até agora”, afirma.

Para ele, apesar do cansaço da população em enfrentar um inimigo que não foi desvendado, é preciso manter a paciência, para evitar riscos desnecessários. “Teoricamente, a infecção afeta mais idosos e pessoas com comorbidades, mas quantos jovens estão morrendo também? Muitos. ”, conclui o infectologista.

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