Demência por corpos de Lewy: quais as diferenças com o Alzheimer e outras doenças

Foto: Pixabay

 O diagnóstico de “Demência por corpos de Lewy”, do cantor Milton Nascimento, trouxe à tona uma condição ainda pouco conhecida, responsável por até 15% dos casos de demência no mundo. Segundo a neurologista Camila Callegari Piccinin, do Vera Cruz Hospital, em Campinas (SP), trata-se de uma doença neurodegenerativa que compartilha características com o Alzheimer e o Parkinson, mas apresenta particularidades que tornam seu diagnóstico desafiador. “A principal diferença é a forma como se manifesta e progride. Os sintomas podem variar ao longo do dia e incluem alterações cognitivas, alucinações visuais e sintomas motores semelhantes aos do Parkinson”, explica.

As causas ainda não são totalmente conhecidas, mas sabe-se que o envelhecimento, fatores genéticos e ambientais, como exposição a toxinas e poluição, aumentam os riscos. Os principais sinais são: flutuações cognitivas, com variações na atenção e lucidez; alucinações visuais, frequentemente muito detalhadas; sintomas motores, como rigidez e lentidão nos movimentos; e distúrbios do sono, com o paciente movendo o corpo de acordo com o que está sonhando. O diagnóstico é feito com base na história do paciente, exame físico e evolução dos sintomas.

“Na demência por corpos de Lewy, as principais dificuldades cognitivas são atenção e planejamento de tarefas, ao contrário do Alzheimer, em que a memória é mais afetada. Outros sinais incluem alucinações, rigidez, lentidão, tremores, com dias melhores e outros piores. A doença costuma evoluir lentamente, mas o ritmo pode variar de acordo com a idade, outras doenças, cuidados recebidos e apoio da família”, detalha a especialista.

Ainda não há cura, mas o tratamento busca controlar sintomas e preservar a qualidade de vida, com a ajuda de uma equipe multidisciplinar, que pode incluir neurologista, geriatra, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, nutricionista e psicólogo.

O acompanhamento constante e o envolvimento da família são fundamentais, ressalta Camila. “A rede de apoio precisa estar presente, participando das terapias e oferecendo suporte emocional e físico”, observa.

A especialista destaca também que o diagnóstico público de figuras conhecidas ajuda a reduzir o estigma em torno das doenças neurodegenerativas: “Isso faz com que famílias e pacientes se reconheçam, busquem ajuda e ampliem a discussão sobre o tema, fortalecendo o cuidado e a empatia”.

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