O otorrinolaringologista Geraldo Jenus: “em caso de danos e traumas no septo nasal, procure o médico especialista para diagnóstico e tratamento devido”
O septo nasal é a parede vertical que separa o nariz em duas cavidades conhecidas por narinas. Ele é formado por cartilagens na parte anterior e ossos na parte posterior, recoberta por uma camada de tecidos, conhecida por mucosa.
A grande maioria das pessoas tem algum desvio do sépto e convive muito bem com esse “problema”. No entanto, há pessoas que têm um comprometimento maior e que precisam de tratamento.
O principal dano ou comprometimento do septo nasal é o trauma no nariz e/ou na face, o que pode ser o evento causador do desvio septal. Esse desvio ocorre na maioria da população, sendo que se encontra presente em aproximadamente 80% das pessoas, em diferentes graus de severidade.
Lesões traumáticas dos centros de crescimento do nariz e cartilagem septal durante a infância, ou mesmo durante o nascimento, no canal de parto (uso traumático do fórceps), são eventos que passam despercebidos, mas, com o crescimento, podem se tornar sintomáticos.
Para saber mais sobre o assunto, o Portal Medicina e Saúde entrevistou o Dr. Geraldo Jenus Oliveira Fernandes, otorrinolaringologista/Belo Horizonte, com Graduação em Medicina pela UFMG (1990), Especialização em Otorrinolaringologia pelo Hospital Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte, Membro da Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-facial.
Quais os principais sintomas do desvio de septo:
- Obstrução nasal importante (nariz entupido);
- Quadro frequente de sinusite;
- Cefaléia (dor de cabeça);
- Apneia do sono;
- Sangramento nasal frequente.
Como é feito o diagnóstico desta deformidade septal:
O diagnóstico pode ser feito em consultório pelo simples exame de rinoscopia, pela videonasofaringoscopia ou tomografia computadorizada dos seios da face.
Qual é o principal tratamento do desvio septal:
O principal tratamento é a correção cirúrgica conhecida por septoplastia. Nesse caso, é importante enfatizar que nem todas as pessoas com desvio de septo nasal necessitam de cirurgia, o que depende do grau do desvio e, principalmente, dos sintomas apresentados. A idade ideal para indicação cirúrgica seria acima dos 16 anos, quando encerra a fase do crescimento do septo. Entretanto, para alguns desvios septais severos, pode ser indicado o procedimento cirúrgico conservador para pessoas abaixo desta idade.
Quando é necessário realizar a cirurgia de septoplastia:
Nos seguintes casos:
- Quando a obstrução nasal é persistente;
- No caso de uma sinusite recorrente ou sinusite crônica;
- Também no caso de cefaléia frontal (dor de cabeça) – essa é uma indicação controversa;
- Ou quando há sangramento nasal recorrente no septo;
- E em caso de correção cosmética do desvio e/ou realização conjunta com rinoplastia.
A cirurgia de septoplastia é realizada sob anestesia geral, mas pode ser realizada também sob anestesia local e sedação; o que, em alguns casos, pode se tornar desconfortável para o paciente. O procedimento cirúrgico tem duração de, aproximadamente, 60 minutos, sendo que o paciente recebe alta hospitalar no mesmo dia.
Quais os riscos de complicações:
Entre os riscos podemos citar:
- Febre e dor;
- Sangramento que pode ser leve, controlado com repouso e compressa de gelo. Caso ocorra o sangramento volumoso, pode ser necessário o tamponamento ou uma reintervenção cirúrgica, sendo que, raramente, pode ser necessária a transfusão de sangue. Também é preciso orientar o paciente a não usar medicação à base de AAS;
- Infecção, abcesso e hematoma septal; sendo que as suas ocorrências são mais raras, mas podem ser controladas em consultórios, com curativos, drenagem e antibióticos;
- Perfuração septo nasal, pode não causar sintomas ou pode precisar de uma intervenção cirúrgica;
- Sinéquias, aderências que ocorrem nas paredes do nariz. Devem ser tratadas com curativo e, às vezes, necessitam de reinterveção cirúrgica.
Nos cuidados pós-operatórios, o paciente recebe alta no mesmo dia, aproximadamente 8h após o término da cirurgia. Porém, é necessário manter repouso relativo por 48 horas. O retorno das atividades laborativas deve ocorrer em torno de 15 dias. As atividades físicas, somente após 30 dias.