Dr. Antônio Orlando Scalabrini Neto: “o câncer de próstata vem aumentando continuamente nas últimas décadas”
No Dia do Homem, celebrado em 15 de julho, abordar questões de prevenção de doenças masculinas é da maior importância, pois, como se sabe, os homens são menos cuidadosos com a saúde do que as mulheres. Dentro desse contexto, falar sobre o câncer de próstata é fundamental devido a sua alta incidência. Conforme informação do INCA – Instituto Nacional do Câncer, somente em 2023, foram identificados 71.730 mil casos Brasil. A doença é a segunda mais comum entre os homens, ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma.
Como o próprio nome diz, o câncer de próstata se desenvolve no órgão genito-urinário masculino, denominado próstata. “A palavra câncer sempre é usada para uma condição maligna. Quando o tumor da próstata é benigno, ele é denominado adenoma”, explica o oncologista clínico Antônio Orlando Scalabrini Neto, de Belo Horizonte/MG, membro da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) e da Sociedade Europeia de Oncologia Clínica (ESMO).
Segundo informa, o câncer de próstata vem crescendo continuamente nas últimas décadas. “Isso se deve, principalmente, ao aumento da perspectiva de vida, o estilo de vida ocidental caracterizado por uma dieta altamente calórica, rica em produtos industrializados e pobre em alimentos in natura, e, também, ao sedentarismo”.
A faixa predominante de pacientes com câncer de próstata é de 70 anos. Entretanto, “homens mais jovens são acometidos pela doença, de forma mais agressiva, tendo, geralmente, um prognóstico pior que os mais idosos”, destaca o especialista, ao afirmar que a causa ainda não é bem compreendida pela medicina”.
Embora não haver dados sobre a mortalidade no Brasil, “sabemos que nos Estados Unidos ela caiu de 39 para 19 casos em cada grupo de 100 mil. Vários fatores são responsáveis pela redução e um deles é o diagnóstico precoce e os tratamentos atuais altamente eficazes”, afirma Dr. Antônio Orlando.
Causas – Os fatores que causam o câncer de próstata são extremamente complexos e em nível intracelular, “mas podemos considerar como fatores de risco para câncer de próstata: idade, raça, história familiar, dieta, consumo de álcool e tabagismo e atividade física”, destaca o médico. Há evidências indiretas também de que depressão, ansiedade e o estresse estejam ligados a uma infinidade de doenças, dentre elas ao câncer de próstata. Portanto, é importante lembrar que é preciso buscar sempre ter um corpo e uma mente saudáveis.
Sintomas – Quanto aos sintomas, nos estágios iniciais geralmente não há sintomas, ou quando há, são discretos, como dificuldade para urinar, dor no início ou no fim da micção e jato urinário fino, dentre outros. “Nos casos mais avançados, pode haver dor intensa, retenção urinária e sangramento. Nos casos crônicos, dores ósseas, emagrecimento, sangue nas fezes”. O diagnóstico é feito através de exame clínico (toque retal) e de exames de laboratório, mas a confirmação só com a biópsia.
A Sociedade Brasileira de Urologia – SBU, recomenda procurar o profissional de saúde a partir dos 50 anos. O urologista avaliará a necessidade de toque retal e dosagem sérica de PSA. Esta recomendação é a mesma da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, que orienta reduzir ou ampliar a pesquisa de acordo com o risco do paciente.
Prevenção – Conforme informa o Dr. Antônio Orlando, existem hoje programas de inteligência artificial que, baseados na idade, dosagem sérica dePSA e exame clínico, estimam o risco de desenvolver câncer de próstata. Até o momento, não há comprovação que alguma coisa pode ser feita para eliminar ou prevenir o aparecimento do câncer de próstata. Daí, a importância de todo homem procurar o médico especialista para um diagnóstico precoce, ou sempre que houver dúvidas, e após os 50 anos.
Tratamento – “Assim como outros tumores devem ser tratados por uma equipe multidisciplinar, o câncer de próstata também. Nesse caso, formada por urologista, oncologista e radio oncologista. Dependendo do caso, o paciente precisará de tratamento único ou de combinação entre eles.”
Avanços – O tratamento do câncer de próstata é um dos que mais avançou nos últimos 15 anos. “Hoje, dispomos de ferramentas importantes, como a cirurgia robótica, bem como a radioterapia em 3 dimensões e a radiocirurgia, além de quimioterapias altamente eficazes, feitas em casa e com o mínimo de toxicidade”, ressalta o oncologista clínico, ao lembrar que “cada caso é único, e somente o médico tem condições de identificar qual a melhor opção para cada um. Assim, nunca buscar informações na internet e nem se automedicar”.