Dia dos Pais: importância da presença paterna para o futuro da criança

“Estudos revelam que laços paternos de alta qualidade estão associados ao maior desenvolvimento da socialização infantil, melhores relações com colegas e maior competência social”

Foto: Getty Images

Com a chegada do Dia dos Pais, celebra-se não apenas a figura paterna, mas também o impacto profundo que um relacionamento saudável entre pai e filho exerce no desenvolvimento humano. Estudos revelam que laços paternos de alta qualidade estão associados ao maior desenvolvimento da socialização infantil, melhores relações com colegas e maior competência social. Para a psicanalista e especialista em comportamento humano Gisele Hedler, de Porto Alegre/RS, esse vínculo vai muito além da provisão material: ele é um pilar de segurança emocional, autoconfiança e crescimento mútuo, capaz de influenciar positivamente o futuro da criança.

Segundo ela, as crianças estão desde cedo expostas ao “bombardeio das mídias sociais” e conteúdos superficiais que reduzem a capacidade de concentração, pensamento crítico e criatividade — elementos fundamentais para a construção de uma relação sólida com o pai. Essa desconexão digital pode interferir na qualidade do vínculo vivido em família, exigindo presença emocional e diálogos autênticos.

O que pode enfraquecer a conexão? – Vários fatores podem estremecer essa relação e um deles são os estilos parentais autoritários, negligentes ou excessivamente protetores, pois podem gerar insegurança emocional e impacto negativo no bem-estar futuro das crianças.

Outro fator é o estresse paterno, baixa sensibilidade aos sinais do filho e falta de co-parentalidade, que podem comprometer a formação de vínculos seguros. Gisele também pontua as distrações modernas, por exemplo, o uso excessivo de redes sociais e conteúdos de baixa profundidade, pois reduzem a presença real e a qualidade da interação entre pai e filho.

Assim, como reconstruir e fortalecer a relação? A especialista dá algumas dicas abaixo. Confira:

1. Reconectar com presença emocional – Investir em diálogo e em momentos de atenção real com os filhos, desconectando-se do consumo rápido de conteúdos e promovendo empatia.

2. Promover interações positivas no dia a dia – Brincar, ler juntos ou compartilhar momentos rotineiros ajudam a criar segurança emocional. Estudos mostram que intervenções simples podem regular melhor o comportamento infantil.

3. Estabelecer limites com carinho – A postura autoritativa — que combina afeto com regras claras — contribui para autoestima e cooperação, ao contrário dos extremos da rigidez ou permissividade.

4. Fomentar co-parentalidade e reduzir conflitos conjugais – Harmonia entre os cuidadores reforça a segurança emocional da criança e fortalece a relação pai filho.

5. Buscar apoio emocional se necessário – Quando o vínculo está muito fragilizado, terapeutas familiares ou programas de intervenção podem auxiliar na reparação.

Por fim, a especialista ressalta que celebrar a paternidade é reconhecer que ser pai é um exercício diário de escuta, reconhecimento e presença emocional. Um vínculo fortalecido entre pai e filho não garante apenas sucesso acadêmico ou social, mas também impacto duradouro sobre o bem-estar mental, emocional e até mesmo físico da criança ao longo da vida.

Para Gisele Hedler, não é sobre admirar ou concordar, mas, sim, sobre estar presente de forma consciente, com atenção e profundidade. Que este dia seja um marco para reacender ou fortalecer esse elo, com afeto, respeito e a construção de memórias que edificam.

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