iniciativa é do Hospital Universitário Ciências Médicas de Minas Gerais, que realiza, nesta quinta-feira, ação de conscientização sobre a doença
O Hospital Universitário Ciências Médicas de Minas Gerais (HUCM-MG) realiza nesta quinta-feira, 14 de março, das 7h30 às 12h30, uma ação especial para celebrar o Dia Mundial do Rim. A iniciativa conta com a participação da equipe médica de Nefrologia, dos residentes, dos técnicos de enfermagem e dos enfermeiros, que estarão na entrada do HUCM-MG, que fica na Rua dos Aimorés, 2896 – Santo Agostinho, em Belo Horizonte. Durante toda a manhã, eles vão aferir a pressão, oferecer atendimento e orientar a população sobre a saúde dos rins. Com essa ação, o objetivo do HUCM-MG é mostrar para a população que a doença renal pode ser evitada com prevenção, diagnóstico e controle precoce.
A campanha de 2024 do Dia Mundial do Rim é focada nos pacientes mais suscetíveis à doença renal crônica. O grupo de risco inclui pessoas com hipertensão arterial, diabetes e obesidade, além de idosos, fumantes, pessoas com histórico familiar de doença renal e aquelas que usam medicamentos anti-inflamatórios frequentemente.
De acordo com o Dr. Bernardo Duarte, nefrologista do HUCM-MG, a doença renal crônica é a oitava no mundo em mortalidade. “Se nada for feito, sem diagnosticar precocemente para evitar complicações, é estimado que, até 2040, as doenças renais serão a quinta causa de morte no mundo. Também é estimado hoje que 9 em 10 pessoas não sabem que têm doença renal. Por isso, é importante alertar as pessoas sobre a importância de procurar um médico, adotar hábitos saudáveis e uma dieta adequada”, explica.
A doença renal, habitualmente, é uma doença silenciosa como a maior parte das doenças crônicas, a exemplo da hipertensão, do diabetes, e do próprio câncer, que só apresentam sintomas quando o quadro está mais avançado. “No caso renal, o paciente começa a inchar, parar de urinar, se sentir nauseado. Só aí procura atendimento e descobre que sofre de alguma injúria renal. Hoje, temos mais de 40 mil brasileiros na fila de transplante, sendo que o principal órgão aguardado é o rim. Então, no Dia Mundial do Rim, também é importante desmistificar o transplante, falar sobre doação de órgãos. Essa é uma conversa que temos que trazer para o nosso dia a dia”, reflete o médico.
A seguir, o Dr. Bernardo Duarte, especialista em saúde do rim, esclarece as cinco dúvidas mais comuns sobre doenças renais:
Qual a importância desta data e do que devemos conscientizar as pessoas? O Dia Mundial do Rim, 14 de março, foi criado pela Sociedade Internacional de Nefrologia em 2006. A partir de então, temos um número crescente de países (atualmente são 88) que comemoram essa data, geralmente na segunda quinta-feira do mês de março. No Brasil, a ação é coordenada pela Sociedade Brasileira de Nefrologia, que faz campanhas de conscientização para doenças renais crônicas, principalmente para realizar diagnóstico precoce e detectar pacientes do grupo de risco para a injúria renal com os perfis de hipertenso, obeso, diabético, fumante e idoso. Com isso, é possível prevenir quadros mais complicados e o avanço da doença renal, elucidar sobre métodos de tratamento, além de desmistificar a hemodiálise e o transplante renal.
Quais são as doenças renais mais comum e o que provoca essas doenças? Elas podem ser evitadas? – Em todo o mundo, a doença principal causadora de problemas renais crônicos é a diabetes mal controlada, sem acompanhamento adequado. No Brasil, ainda temos a hipertensão como causa mais importante, mas também temos a diabetes. Com o envelhecimento da população e a tendência à obesidade, o risco da diabetes aumenta. Consequentemente, sobe o risco de complicações, entre elas, a doença renal.
No mundo, em decorrência do aumento da longevidade da população, temos também o aumento dos casos de câncer, e os próprios tratamentos contra o câncer estão relacionados com a doença renal crônica. Também pode ser uma consequência de doenças autoimunes, com menor prevalência, mas não menos importantes. Até infecção urinária de repetição e cálculo renal de repetição podem ser associados à doença renal crônica.
A melhor maneira de evitar doença renal crônica é tratar as doenças preexistentes, fazer acompanhamento médico adequado e adotar hábitos de vida saudáveis.
Quais hábitos ruins que podem causar problemas renais? – Atualmente, os principais problemas relacionados aos hábitos de vida são: alimentação baseada em comidas industrializadas, com alto teor de sódio; frituras; conservantes em excesso (que estão relacionados tanto à hipertensão e obesidade quanto ao risco de diabetes); alteração de colesterol e ácido úrico; sedentarismo; e tabagismo. São todas condições associadas e agravantes para o desenvolvimento de quaisquer danos renais.
Quais são os mitos mais comuns sobre a saúde do rim? Por exemplo, receitas caseiras para “limpar o rim”. O que é realmente perigoso e o que pode ajudar de verdade? – É importante desmistificar as questões como a ingestão de chás caseiros, principalmente os rotulados como “detox”, que “purificam o sangue”, que “desintoxicam”. Na maioria das vezes, não trazem nenhum benefício, pelo contrário, podem trazer malefícios. Qualquer substância que não se tem controle, que não é regulamentada pela Anvisa, pode gerar algum dano no organismo que não conhecemos. Sabemos que, por ter composto ativo que vem da natureza, nem sempre significa que faz bem. Alguma substância desconhecida pode fazer mal, principalmente para os rins.
Todo volume sanguíneo do corpo passa pelos rins, várias vezes por dia, para poder filtrar o sangue. Então, as impurezas acabam retidas no órgão e podem trazer sérios danos, às vezes, irreversíveis, ou até levar à morte. Nesse sentido, é bom evitar bebidas caseiras como chá de quebra-pedra e suco detox, pois não há estudo que aponte segurança na sua ingestão.
Outro mito é a questão de suplementos de creatina. A creatina está muito em voga atualmente, principalmente para fortalecimento muscular. Se usadas de forma adequada, com acompanhamento profissional, as suplementações proteicas e a creatina trazem benefícios, inclusive para a população mais velha, uma faixa etária que deve evitar o emagrecimento e a desnutrição. O uso de suplementação aliada à pratica de atividade física é benéfica sim, e não vai trazer dano renal. O que causa danos é o uso de suplementação de forma inadequada, as chamadas “bombas”, por exemplo, que pode trazer sérios riscos à saúde.
A dor provocada pelas doenças renais é uma das mais fortes que a pessoa pode sentir? Pode ser comparada à dor do parto? – A cólica renal, como é conhecida pela dor nas costas, na região lombar, é uma dor muito intensa que, muitas vezes, é até equiparada à dor do parto. É uma dor que faz o paciente procurar o pronto atendimento, podendo necessitar de medicação intravenosa.
A dor é associada à tentativa de eliminação de alguma pedrinha que se forma dentro dos cálices renais. Essa pedra tenta sair e obstrui o caminho do ureter, que liga o rim à bexiga, e pode ficar presa desde lá de cima ou em qualquer lugar do percurso para chegar na bexiga. E, ainda, quando o paciente for eliminar essa pedra, também pode sentir dor.
SERVIÇO
Dia Mundial do Rim no HUCM-MG
Data: 14/03/2024 | Horário: das 7h30 às 12h30
Local: entrada do Hospital Universitário Ciências Médicas – MG
Endereço: Rua dos Aimorés, 2896 – Santo Agostinho, Belo Horizonte (MG)