Diagnóstico molecular in locu: maior rapidez e alta tecnologia

Os testes mais sofisticados e já disponíveis no Brasil permitem identificar múltiplos alvos e obter dados quantitativos detalhados

O diagnóstico molecular com testes feitos no local onde o médico está atendendo o paciente (point-of-care-testing) está avançando rapidamente no mundo todo, inclusive no Brasil. “O novo conceito exige atualização tecnológica para passar a ser usado na escala desejada”, afirma o biólogo Guilherme Ambar, durante recente entrevista para a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica, ABRAMED.

Para o especialista, as recentes conquistas no campo do diagnóstico permitem que o paciente seja diagnosticado imediatamente pelo médico com uma abordagem sindrômica (baseada em sinais e sintomas), confirmada por um teste realizado em ambiente fora do laboratório tradicional. “No passado recente, a pessoa precisaria passar pela consulta médica, recebia um pedido para determinado exame – o qual seria feito em outro endereço, cujo resultado podia demorar 10 dias”, lembra Guilherme Ambar, que é CEO do ramo brasileiro da Seegene coreana, empresa líder mundial em diagnóstico molecular.

Os testes mais sofisticados e já disponíveis no Brasil permitem não apenas identificar múltiplos alvos ao mesmo tempo, como, por exemplo, mais de uma dezena de tipos de HPV, indicando ainda quais os de maior e os de menor risco para câncer de colo de útero, mas, também, que se obtenha dados quantitativos detalhados. “Isso reduz o tempo necessário para obter resultados, aumenta a precisão dos diagnósticos e ajuda a priorizar os tratamentos de forma mais eficaz”, esclarece o biólogo.

Além dos avanços, o advento da Inteligência Artificial abriu caminho para diagnóstico de novas técnicas como, do sequenciamento de material genético de forma rápida (Next-Generation Sequencing), precisa e em grande escala; a proteômica, que estuda o conjunto completo de proteínas expressas por uma célula ou tecido em um determinado momento; a metabolômica, estudo do conjunto completo de metabólitos presentes em um organismo em certo momento.

De acordo com o CEO da Seegene Brazil, esses avanços vão levar, aos poucos, de uma migração da atual medicina de tratamento das doenças, para o diagnóstico precoce e também para a prevenção. “O que é ideal, já que prevenir é sempre muito menos oneroso do que tratar”, pondera.

Segundo o biólogo, o que ainda dificulta a universalização do diagnóstico molecular são os altos investimentos para a infraestrutura laboratorial, o preço dos reagentes e a falta de um parque industrial brasileiro no setor, que baixaria drasticamente os custos. A outra dificuldade apontada por Guilherme Ambar é a baixa capacitação profissional, “pois precisamos aumentar o treinamento da mão-de-obra necessária para operar as novas tecnologias”. No entanto, ele antevê que esses entraves serão vencidos aos poucos, o que vai resultar numa medicina mais eficaz e mais barata, em benefício da população.

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