Gastroenterologista Octacílio Felício Júnior: “ o segredo da boa saúde passa pela adoção de uma dieta balanceada com os requisitos básicos de proteínas, carboidratos e gordura”
Em termos de saúde, há palavras que despertam grande interesse na população em geral. Uma delas é dieta. Com tantas opções disponíveis no mercado nacional, o brasileiro tem se esquecido que o cardápio tradicional da terra – arroz, feijão, uma carne, salada e legumes – é um poderoso aliado para prevenir a má nutrição em todas as suas formas e também doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) como o diabetes tipo 2, problemas cardiovasculares, como hipertensão, que é fator de risco para infarto agudo do miocárdio, e acidente vascular cerebral (AVC) e, ainda, cânceres de boca, faringe, esôfago, estômago, intestino, vesícula biliar, fígado, pâncreas, rim e do endométrio.
De acordo com o gastroenterologista Octacílio Felício Júnior, coordenador médico do Serviço de Endoscopia Digestiva do Hospital Evangélico de Belo Horizonte/MG, o segredo da boa saúde passa pela adoção de uma dieta balanceada com os requisitos básicos de proteínas, carboidratos e gordura e, paralelamente, pela prática da atividade física regular.
O médico lembra que a pessoa é o que ela ingere, relacionando alguns pontos positivos da dieta brasileira tradicional. Como informa, estão entre eles o consumo de frutas, legumes, peixes, arroz, feijão, fibras e laticínios, que cumprem as funções nutricionais básicas. Na lista dos negativos destacam-se o aumento do consumo de gorduras saturadas, açucares e de alimentos industrializados como biscoitos recheados, pizzas, salgadinhos, refrigerantes e refrescos adoçados.
Para aproveitar o melhor da dieta nacional e fortalecer a saúde, o Dr. Otacílio Júnior recomenda priorizar os alimentos naturais com predileção pelas proteínas de boa qualidade, como aves, peixes, mariscos. No quesito das gorduras, é preferível consumir as insaturadas, presentes em cereais, azeitonas e alguns peixes como o salmão, por exemplo. Já as fibras são encontradas nas verduras frescas, nas frutas com cascas e nos cereais.
Quem gosta de experimentar novidades não precisa ter medo. Afinal, a variedade de sabores é sempre bem-vinda. “Adotar hábitos saudáveis a partir de outras dietas como a mediterrânea, que tem como base o consumo muito maior de alimentos naturais, principalmente de origem vegetal, como azeite, soja, ovos e leite, é interessante, desde que o consumo de produtos processados se torne cada vez menor”, alerta.
Na hora do preparo – O preparo dos alimentos também é parte importante de uma boa dieta. Segundo o médico, conhecer a procedência dos produtos é fundamental para evitar contaminações. Uma vez na cozinha, a variação do cardápio tende a tornar as refeições mais atrativas. “Na hora do preparo, é bom evitar o uso de grandes quantidades de óleos, gorduras, sal e açúcar”, recomenda o gastroenterologista.
A rotina da alimentação também deve ser compreendida como uma ação positiva. Comer nos mesmos horários e em locais agradáveis faz com que o momento seja sempre especial de cuidado com a saúde. “Ao sentar-se para se alimentar, a pessoa deve ter em mente que aquele momento é importante para a saúde e evitar que se torne um momento de trabalho ou estudo”, destaca.
O que esquecer – A dica de um milhão de dólares, nesses tempos corridos, em que é mais fácil comprar algum produto pronto para consumo, são na verdade duas: evitar alimentos processados em excesso e excluir os itens ultraprocessados da dieta.
A primeira lista inclui aqueles fabricados pela indústria com a adição de sal, açúcar ou outro produto que torne o alimento mais durável, palatável e atraente como, por exemplo, as conservas em salmoura, compostas de frutas, carnes salgadas e defumadas, sardinha e atum em latinha, queijos feitos com leite, sal e coalho e, ainda, pães feitos de farinha, fermento e sal.
Na lista dos ultraprocessados estão produtos industriais com pouco ou nenhum alimento inteiro como é o caso das salsichas, biscoitos, geleias, sorvetes, chocolates, molhos, misturas para bolo, barras energéticas, sopas, macarrão e temperos instantâneos, salgadinhos chips, refrigerantes, produtos congelados e prontos para aquecimento como massas, pizzas, hambúrgueres e nuggets.