Doença Celíaca: quando o glúten é o vilão da história

Uma em cada 100 pessoas no mundo não pode comer glúten por conta da inflamação que essa proteína causa no intestino delgado; condição é hereditária.

Atualmente é comum que as pessoas se preocupem mais com a alimentação e o consumo de produtos saudáveis e optem pelas mais variadas dietas, sem ao menos saber seus benefícios. A retirada do glúten do hábito alimentar é uma delas. No entanto, não há pesquisas científicas que comprovem que essa proteína faz mal ao corpo, a não ser que você seja celíaco. Neste caso, o cenário muda completamente.

A doença celíaca é uma enfermidade autoimune, de origem hereditária, que se manifesta logo após a ingestão do glúten – proteína encontrada em diversos cereais, ou seja, o sistema imunológico de quem sofre com o problema ataca as células saudáveis assim que o glúten chega ao intestino delgado, gerando um processo inflamatório na parede interna desse órgão.

Os sintomas da doença celíaca variam entre leve, moderado e grave. Os mais comuns são: diarreia, estufamento, gases, cólicas abdominais, anemia e deficiências nutricionais, já que a condição dificulta a absorção de nutrientes.

No mundo, uma em cada 100 pessoas sofre com esta doença, segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde. Contudo, há saídas para lidar com a situação, assim como explicam as especialistas Dra. Ariani Bernachi Yankelevich (gastroenterologista) e Juciara Jardim (nutróloga), da Prevent.Senior.

Diagnóstico – Quando falamos da doença celíaca, não há uma época da vida específica em que o indivíduo possa começar a apresentar os sintomas, até porque muitas pessoas não sabem sequer que a enfermidade existe. Mesmo assim, a Dra. Ariani Yankelevich explica que há sinais de alerta em jovens e adultos que possuem essa condição. “Em crianças, podemos ver sinais da doença ao perceber déficit de crescimento e desenvolvimento. Nos adultos, se houver osteoporose precoce”, observa a médica.

Ao perceber qualquer sintoma, o paciente deve ir a um especialista para o diagnóstico correto e iniciar logo o tratamento.

Para confirmar a doença, são necessários exames de sangue para buscar anticorpos específicos, além da biópsia da área inflamada. Caso a pessoa esteja em uma dieta sem glúten, os exames podem vir normais.

Tratamento – A doença celíaca não tem cura. Depois de diagnosticada, precisa ser tratada. Esse processo é inteiramente focado na mudança de hábitos alimentares, mais precisamente em uma dieta sem glúten. Feito isso, o corpo funcionará normalmente.

A dieta sem glúten é recomendada apenas para pessoas que possuem a doença ou são intolerantes a glúten. Quem não se enquadra em nenhum desses casos, deve ter uma dieta equilibrada e fazer a ingestão do glúten normalmente. Essa proteína é encontrada em diversos alimentos que trazem benefícios ao corpo, como produtos integrais. Nestes casos, seu consumo dá mais energia, ajuda no controle da glicemia, regula os níveis de colesterol e triglicerídeos, entre outros.

Doença celíaca x intolerância a glúten – A diferença entre as duas condições é que a doença causa uma inflamação imediata no intestino delgado por conta do consumo do glúten, enquanto a intolerância é apenas uma resposta negativa do corpo em relação à proteína, sem gerar uma inflamação. Nesse último caso, trata-se de uma sensibilidade do organismo, um desconforto.

Alimentação – Uma dieta sem glúten é bastante restritiva. Como essa proteína é encontrada em vários alimentos do dia a dia, vale a pena saber quais deles o celíaco deve evitar. Veja alguns deles:

Além dos alimentos citados acima, o glúten pode ser encontrado em bolachas, croissant, donuts, pizza, hambúrguer, cachorro-quente, alguns queijos, ketchup, molho branco, maionese, shoyo, cereais e barrinha de cereais.

Não se assuste! – Apesar da dieta restrita, uma pessoa celíaca tem uma variedade de opções alimentares. Veja algumas delas:

ENFRENTANDO A DIETA SEM GLÚTEN – Mudar uma parte essencial da rotina, que é a alimentação, não é fácil. “Hoje em dia, há uma série de opções de produtos sem glúten nos mercados, sendo possível preparar refeições muito práticas e saborosas”, afirma Juciara Jardim, destacando a seguir um cardápio de dar água na boca. Confira:

Café da manhã:

Pão de queijo de frigideira e leite batido com fruta.

Almoço:

Arroz, feijão, filé de frango grelhado com mix de folhas e salada de grão-de-bico.

Lanche da tarde:

Bolo de caneca sem glúten e suco de laranja.

Jantar:

Arroz, filé de peixe cozido, salada de agrião com tomate cereja e beterraba ralada.

Extra:

As frutas podem ser ingeridas entre as refeições ou como sobremesa.


Como fazer:

Pão de queijo de frigideira

1. Bata um ovo, duas colheres (sopa) de ricota, três colheres (sopa) de farinha de tapioca, sal e orégano (a gosto) até que fique homogênea.
2. Em uma frigideira antiaderente, jogue a mistura em fogo baixo e tampe.
3. Deixe dourar dos dois lados.
4. Coloque uma fatia de queijo muçarela por cima e deixe derreter.

Bolo de caneca sem glúten:

1. Em uma tigela, com um batedor de arame, misture quatro colheres (sopa) de farinha de arroz, uma colher (café) de fermento em pó químico, um ovo, duas colheres (sopa) de creme de avelã e três colheres (sopa) de leite até formar uma massa homogênea.

2. Junte duas colheres (sopa) de castanha-do-pará picada e misture com uma colher.

3. Transfira para uma caneca de cerâmica com capacidade de 300 ml e leve ao micro-ondas por 1 minuto em potência alta.

4. Para a calda, misture duas colheres (sopa) de creme de avelã com uma colher (sopa) de leite. Depois, despeje a mistura sobre o bolo.

5. Polvilhe com castanha-do-pará e sirva em seguida.

Importante! cuidado com a contaminação cruzada – Lembre-se sempre de tomar cuidado com os produtos comprados nos mercados. Apesar da legislação vigente (Lei Federal nº 10.674/2003) obrigar os fabricantes a informarem nos rótulos dos alimentos se o produto contém glúten, basear-se apenas nessa informação não basta.

Se o alimento sem glúten for armazenado ou produzido no mesmo local que um produto que tenha a proteína em sua composição, pode ocorrer a contaminação cruzada – transferência de traços ou partículas de glúten de um produto para outro, de forma direta ou indireta.

Existem vários produtos que, na sua composição, são livres de glúten. Porém, uma série de fatores como plantio, colheita, armazenamento, transporte, industrialização, pode gerar a contaminação do alimento por contato em algum estágio.

Dentro de casa a contaminação também pode ocorrer ao preparar um alimento. Por isso, o celíaco deve separar os seus próprios utensílios e, preferencialmente, não compartilhar panela, forno, micro-ondas, pratos e talheres.

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