A poluição do ar e infecções respiratórias na infância também estão entre os fatores de risco
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Profissionais de saúde do mundo inteiro se mobilizaram no último 15 de novembro para conscientizar a população para os fatores de risco e a importância na prevenção da doença na data conhecida como Dia Mundial da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). Desenvolvida pela Iniciativa Global para Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, organização internacional sem fins lucrativos que reúne profissionais de saúde e pesquisadores, a data em 2023 destaca o tema “Respirar é Vida – Agir Mais cedo”, chamando a atenção para a importância do diagnóstico e intervenções precoces.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a doença é a terceira principal causa de morte em todo o mundo. Apenas o Brasil tem cerca de seis milhões de pessoas sofrendo com a Doença, estima a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT).
Conforme destaca o pneumologista Rafael Faraco, da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, “a maioria das pessoas com DPOC desconhece ter a doença. O diagnóstico precoce é fundamental para o início imediato do tratamento e com isso prevenir complicações”.
O que é a DPOC? – É uma doença inflamatória crônica que leva a um processo obstrutivo das vias aéreas e causa sintomas respiratórios que piora a qualidade de vida da pessoa com a doença. Apesar de não ter cura, é prevenível e tratável.
Sintomas – Os mais comuns são falta de ar, na maioria das vezes, tosse e pigarro. Em alguns casos, chiado no peito. Sintomas semelhantes também podem ocorrer na asma. Pessoas com DPOC apresentam maior risco de outros problemas de saúde como doenças cardiovasculares, maior risco de infarto e cardiopatias, músculos fracos, ossos quebradiços (osteoporose) depressão e ansiedade. Por ser uma doença crônica e progressiva, à medida que a DPOC progride, as pessoas têm mais dificuldade em realizar as suas atividades diárias normais, muitas vezes devido à falta de ar.
Conforme explica o Dr. Faraco, enfisema e bronquite crônica fazem parte do quadro de DPOC (com maior predomínio de uma ou outra condição de acordo com cada paciente). O enfisema geralmente se refere à destruição dos pequenos sacos de ar (alvéolos) no final das vias aéreas dos pulmões. Já a bronquite crônica é uma inflamação das vias aéreas.
Causas – A DPOC evolui progressivamente ao longo do tempo, muitas vezes resultante de uma combinação de fatores de risco:
- Tabagismo ativo ou passivo. Segundo a OMS, o tabagismo é responsável por mais de 70% dos casos de DPOC em países ricos e de 30 a 40% dos casos nos países com renda média e baixa.
- Exposição ocupacional a poeiras, fumos ou produtos químicos;
- Poluição do ar ambiente : queima de biomassa (madeira, estrume animal, resíduos de culturas) ou carvão é frequentemente utilizado para cozinhar e aquecer em países de baixa e média renda;
- Eventos como crescimento deficiente no útero, prematuridade e infecções respiratórias frequentes ou graves na infância que impedem o crescimento pulmonar máximo;
- Asma na infância, quando não diagnosticada e tratada corretamente.
- Condição genética rara chamada deficiência de alfa-1 antitripsina, que pode causar DPOC em uma idade jovem.
Deve-se suspeitar de DPOC se uma pessoa apresentar um ou mais sintomas e com o diagnóstico confirmado por um teste respiratório denominado espirometria, que mede o funcionamento dos pulmões.
Tratamento – A DPOC não tem cura, mas tem tratamento que pode possibilitar o controle da doença, a melhora da qualidade de vida e a prevenção de crises. O Dr. Faraco explica que mudanças no estilo de vida podem ajudar a melhorar os sintomas e reduzir o risco ou velocidade de progressão da doença. Parar de fumar é imprescindível e fundamental. Cessar o tabagismo, não apenas o ativo, mas também o fumo passivo, evitar poluentes ambientais, fumaça (queima de biomassa) e manter-se fisicamente ativo são medidas primordiais para todas as pessoas com DPOC.
Do ponto de vista medicamentoso, o tratamento é feito com medicações inalatórias contendo broncodilatadores (dilatam os brônquios mantendo-os mais abertos facilitando a entrada e a saída de ar dos pulmões). Em casos mais graves algumas pessoas ficam muito limitadas e necessitam da utilização de oxigênio suplementar.
A reabilitação pulmonar também faz parte do tratamento (exercícios respiratórios e motores que melhoram a respiração, a capacidade de realizar tarefas do cotidiano e reduzem o risco de descompensação da doença).
Vacinas – Também exercem importante papel na proteção contra infecções pulmonares, como a dose anual de vacina contra a gripe, a vacina contra a pneumonia, as vacinas contra a COVID-19, vacina contra coqueluche e herpes zoster, bem como os reforços, de acordo como o preconizado pela Sociedade Brasileira de Imunizações.
As pessoas que vivem com DPOC devem receber informações sobre a sua condição, tratamento e cuidados pessoais para ajudá-las a permanecerem tão ativas e saudáveis quanto possível.