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Dor crônica: nem sempre é cirurgia

Por Diego Daibert Salomão de Campos, Neurocirurgião, com área de atuação em dor, Membro da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia e da Associação Médica Brasileira

A dor crônica é um problema de saúde pública que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Trata-se de uma condição persistente que pode durar meses ou até anos, impactando significativamente a qualidade de vida dos indivíduos. A neurocirurgia é uma das abordagens utilizadas para o tratamento da dor crônica, especialmente em casos onde outras terapias não foram eficazes. No entanto, a cirurgia é invasiva e pode apresentar riscos e complicações. Por isso, é fundamental explorar alternativas menos invasivas para o manejo da dor crônica.

A neurocirurgia pode ser considerada para pacientes com dores crônicas severas, especialmente quando a dor é causada por condições como hérnia de disco, estenose espinhal ou tumores. Procedimentos como a discectomia, laminectomia, ou estimulação da medula espinhal são opções para aliviar a dor em tais casos. Apesar de sua eficácia, a cirurgia envolve riscos, como infecções, danos nervosos e recuperação prolongada.

 De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 20% da população mundial sofrem de dor crônica. Nos Estados Unidos, por exemplo, estima-se que mais de 50 milhões de adultos vivem com dor crônica. No Brasil, pesquisas indicam que aproximadamente 30% da população adulta sofrem de algum tipo de dor crônica, sendo mais comum em mulheres e idosos.

 Felizmente, existem diversas abordagens não cirúrgicas para o tratamento da dor crônica, que podem ser eficazes e apresentam menos riscos do que a cirurgia. A terapia medicamentosa como, paracetamol, ibuprofeno e opioides, são comuns para o alívio da dor. No entanto, o uso prolongado de opioides deve ser cuidadosamente monitorado devido ao risco de dependência. Já os antidepressivos e anticonvulsivantes são frequentemente utilizados para tratar dores neuropáticas.

 Há de elencar, sobretudo, outras abordagens alternativas: a fisioterapia, que pode ajudar a fortalecer os músculos, melhorar a mobilidade e reduzir a dor; programas de exercícios personalizados, sendo essenciais para o manejo da dor crônica, especialmente para condições como a dor lombar crônica; estimuladores elétricos, com a Estimulação Nervosa Elétrica Transcutânea (TENS) – tratamento não invasivo que utiliza correntes elétricas para aliviar a dor; e a Estimulação Magnética Transcraniana (EMT), sendo uma técnica que utiliza campos magnéticos para estimular regiões específicas do cérebro.

 Embora a neurocirurgia seja uma opção viável para o tratamento da dor crônica, é essencial considerar alternativas menos invasivas antes de recorrer à cirurgia. Tratamentos como fisioterapia, medicamentos, terapias complementares e estimulação elétrica oferecem opções seguras e eficazes para o manejo da dor crônica, com menor risco de complicações. Nem sempre é cirurgia. A escolha do tratamento deve ser personalizada, levando em conta a natureza da dor, a condição subjacente e as preferências do paciente.

 A conscientização sobre essas alternativas e o acesso a tratamentos multidisciplinares podem melhorar significativamente a qualidade de vida dos pacientes que sofrem de dor crônica, reduzindo a necessidade de intervenções cirúrgicas. Todo profissional deve analisar cada centímetro do paciente e oferecer a indicação que visa o seu bem estar e, consequentemente, ganho em qualidade de vida. 

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