O ginecologista Marcos Sampaio: “a dor durante o ato sexual precisa ser investigada, já que pode ser um indício de infertilidade”
Embora muitas mulheres acreditem que sentir um pouco de dor durante a relação sexual é normal, esse sintoma, chamado de dispareunia, pode ser um indício de infertilidade feminina. De acordo com o ginecologista da Clínica Origen de Medicina Reprodutiva/Belo Horizonte/MG, Dr. Marcos Sampaio, quando a dor ou desconforto é recorrente, e não um evento isolado na vida da mulher, é fundamental procurar ajuda profissional para investigar o motivo. Além de afetar a qualidade de vida, a dispareunia pode — direta ou indiretamente — dificulta a gravidez”.
Conceituando – Antes de mais nada é preciso explicar o conceito de dispareunia, que é definida como uma dor genital que ocorre durante a relação sexual. Ela pode afetar ambos os sexos, sendo mais comum entre as mulheres.
O Dr. Marcos Sampaio explica que a dispareunia pode ser dividida em 2 grupos: superficial e profunda. “Na primeira, a dor está localizada na abertura da vagina e é sentida com a penetração. Enquanto a dor na dispareunia profunda é sentida dentro da pelve, com o movimento peniano”.
Segundo o médico, na dispareunia os músculos pélvicos ficam tensos, o que aumenta a dor. “O transtorno pode ser provocado por uma lubrificação inadequada ou por doenças e condições que afetam os órgãos genitais”.
A dispareunia pode ser causada por fatores físicos ou emocionais. Entre as principais causas devido a fatores físicos estão a endometriose, as infecções sexualmente transmissíveis – como a clamídia e a gonorreia, a doença inflamatória pélvica (DIP), vaginismo, cistos ovarianos, herpes genital, malformações uterinas, pós-parto e ressecamento vaginal – mais comum em mulheres na menopausa. Alguns desses fatores podem levar à infertilidade, como a endometriose e a DIP. “Elas provocam um processo inflamatório na pelve, causando a dor”, destaca o médico.
A dispareunia pode estar relacionada, ainda, a fatores emocionais, como baixa autoestima, estresse, depressão, ansiedade, sexualidade reprimida, abuso sexual, entre outros. “Nesses casos, o tratamento multidisciplinar com um terapeuta sexual é importante para o bem-estar da paciente”, pontua Dr. Marcos Sampaio, ao destacar que esse sintoma não é comum, podendo estar relacionado a alguma doença. Por isso, ignorá-la ou tentar se “acostumar” com a dor durante o ato sexual tende a agravar o caso e aumentar o risco de danos à saúde e fertilidade da mulher.
Para o diagnóstico, o médico avalia os sintomas relatados pela paciente e realiza um exame físico no consultório, analisando a área genital. “Com essas informações, é possível descobrir a intensidade da dor, que pode ser leve, moderada ou aguda, e onde ela está focada: na vulva, no momento da penetração, no fundo da vagina ou após a relação sexual”, diz. Exames complementares também podem ser solicitados, de acordo com as necessidades de cada caso, como a biópsia, a ultrassonografia pélvica e o exame de Papanicolaou.
Dispareunia e infertilidade – Diversas causas de infertilidade feminina têm a dispareunia como um dos seus principais sintomas, como a endometriose, as ISTs e a DIP. “Elas têm tratamento, porém, ele pode não ser suficiente para recuperar a fertilidade da mulher. Nesses casos, a reprodução assistida é indicada”, ressalta Dr. Sampaio.
As três principais técnicas são a relação sexual programa (RSP), a inseminação artificial (IA) e a fertilização in vitro (FIV). “Esta última possui a maior taxa de sucesso. A escolha da mais adequada é feita de forma individualizada, após uma avaliação da saúde reprodutiva do casal”, finaliza o médico.