O ortopedista Bruno Souza: “são os idosos que mais sofrem com dor no ombro”
Todos nós conhecemos pessoas de diversas faixas etárias que reclamam de dor no ombro. Para que se tenha uma ideia da gravidade, a dor no ombro é segunda queixa mais comum nos serviços de pronto-atendimento ortopédico, ficando atrás apenas das dores nas costas. Pesquisas internacionais, em especiais europeias, mostram que até 25% da população pode ter dor no ombro em algum momento. Não há dados nacionais sobre o número de pessoas com o problema, entretanto, se fizermos uma correlação com os trabalhos dos outros países, seriam 40 milhões de pessoas no Brasil que teriam algum episódio de dor no ombro durante a vida.
De acordo com o ortopedista, os trabalhos internacionais mostram um maior número de mulheres com desconforto no ombro. Como são muitas as causas possíveis, “não há como estipular um motivo que explique essa maior incidência nas mulheres”
Ele ressalta que as dores nos ombros são mais comuns em idosos. “Com o envelhecimento acontecem alterações nos músculos, tendões, ossos e cartilagens que podem causar dores. Essas alterações são naturais ao passar dos anos e nem sempre podem ser evitadas, mesmo com bons hábitos de vida. Como estamos vivenciando um aumento da expectativa de vida das pessoas, temos notado também mais pessoas com doenças ortopédicas que cursam com dor nos ombros”
Com relação às pessoas mais jovens, geralmente a dor no ombro “está relacionada com sobrecargas, tanto em atividades de trabalho como de lazer ou esportivas. Além disso, é nessa etapa da vida que costumam ocorrer os primeiros episódios de luxação do ombro, quando se diz popularmente que a articulação “saiu do lugar”. Algumas vezes essas luxações passam a ocorrer com muita frequência, sendo muito dolorosas, com necessidade de atendimento de urgência”
Causas – O Dr. Bruno Souza explica que as causas de dor no ombro são comuns aos dois sexos/adulto jovem. As tendinites e as bursites são as maiores causas de dor no ombro nos adultos jovens, homens e mulheres. Por se tratar-se de uma época da vida em que as funções de trabalho, esporte e laser costumam ser mais intensas, é comum a sobrecarga das estruturas dos ombros. Pessoas que exercem atividades que exijam movimentos repetitivos de elevação dos ombros são mais propensas a desenvolver a dor. Os termos tendinite e bursite são bastante conhecidos e significam que os tendões e as bursas estão inflamadas. As dores durante o movimento e, também, no período noturno, trazem bastante desconforto nesses casos.
Em pessoas idosas, as causas mais comuns são as rupturas dos tendões e as artroses. “Durante a vida submetemos os músculos e tendões a diversas situações de esforço e, com o passar dos anos, essas estruturas podem ser lesionadas. Além disso, as articulações também sofrem o efeito do tempo, com o desgaste das cartilagens e ossos, o que chamamos de artrose. Normalmente, os sintomas surgem menos intensos, com aumento da dor com o tempo, trazendo piora da função do ombro e, consequentemente, comprometimento das atividades com o membro superior.
Ele explica que o diagnóstico sempre se inicia pela consulta e exame do ortopedista. “Como há diversas possibilidades de doenças que cursam com dor no ombro, somente um profissional, com conhecimento na área, tem a capacidade de firmar o diagnóstico. O exame físico, feito pelo ortopedista, consegue identificar a maioria das causas de dor. Exames complementares como, ressonâncias e tomografias, nunca devem ser feitos antes da avaliação médica detalhada, pelo risco de trazer informações que não têm relação com a dor, confundindo o diagnóstico e o tratamento”, frisa.
Segundo o especialista Bruno Souza, algumas condições são mais preocupantes em casos de dor no ombro. Por exemplo, ele cita história de trauma, dores em diversas articulações ao mesmo tempo, história de doença maligna, perda de peso, febre, deformidade ou inchaço de grandes proporções.
Diagnóstico – Felizmente, a grande maioria das pessoas com dores no ombro vai ter esse sintoma de forma temporária e melhorar com tratamentos simples, com medidas de repouso e medicação adequada. É essencial a participação do ortopedista desde o diagnóstico até a indicação do tratamento, a fim de se evitarem atrasos e agravamento de possíveis lesões. Se não houver melhoras com as medidas iniciais, o tratamento cirúrgico deve ser considerado. Os materiais e as técnicas cirúrgicas vêm sendo aperfeiçoados constantemente, com mais benefícios e segurança para os procedimentos, destaca.
As artroscopias (cirurgias feitas por vídeos) são excelentes indicações para grande parte das lesões de tendões e ligamentos. Nos últimos anos houve grande avanço nas próteses do ombro, que são usadas para alguns casos de artroses. Em resumo, os tratamentos cirúrgicos têm se tornado cada vez mais eficazes e seguros, mas só são opção para lesões mais avançadas e depois de tratamentos mais simples. ”
Sobre prevenção, o médico dá as seguintes dicas: atividades com movimentos repetidos durante muito tempo, principalmente para erguer os braços, devem ser evitadas sempre que possível. Além disso, adotar bons hábitos de exercícios físicos é benéfico para todo o corpo, inclusive para músculos, articulações e tendões. Modalidades esportivas intensas devem ser praticadas com supervisão profissional, com cuidados para diminuir a possibilidade de lesões. E mais, observa: “antes de ser um problema, a dor é um sinal de alerta importante. A pessoa que demora a buscar atendimento médico pode prejudicar seu diagnóstico e seu tratamento. Qualquer doença ortopédica tem melhor evolução quando tratada no início. Ninguém precisa ficar em dúvida, basta procurar o ortopedista”.