ECMO: saiba mais sobre a terapia que tem salvado pacientes vítimas da Covid-19
crédito foto: Mater Dei
A Covid-19 é uma doença que acomete todo o organismo, sendo os pulmões os órgãos mais acometidos pela doença. Em casos mais graves a inflamação pode causar a falência pulmonar com a consequente ineficiência das trocas gasosas e a morte celular.
Indicada para pacientes com grave disfunção pulmonar ou cardiopulmonar, a Oxigenação por Membrana Extracorpórea (ECMO, na sigla em inglês) – vem ganhando notoriedade no cenário atual da pandemia. Através desta terapia é possível substituir, por um tempo limitado, a função pulmonar enquanto a doença de base é enfrentada. A ECMO é um tratamento de suporte complexo, que requer equipamentos específicos e equipe multidisciplinar. No entanto, não se trata de uma tecnologia atual como muitos pensam. A ECMO foi realizada pela primeira vez em 1971, em Michigan, nos Estados Unidos. Em Minas Gerais a Rede Mater Dei foi pioneira ao incorporar essa terapia em 2019. Atualmente, 50 anos após sua descoberta, essa terapia vem trazendo esperança às vítimas graves do Coronavírus.
Porém, pouco se sabe popularmente sobre essa terapia e sua forma de atuação, indicações e contraindicações. A médica coordenadora do programa de ECMO e da Cardiologia Pediátrica da Rede Mater Dei, Marina Pinheiro Rocha Fantini esclarece a seguir várias dúvidas sobre o procedimento. Confira:
Como funciona essa terapia?
Uma cânula é introduzida em uma veia calibrosa do paciente. O sangue é drenado por uma bomba e direcionado à uma membrana oxigenadora, que funciona como um pulmão artificial. Nesta membrana as trocas gasosas essenciais à vida são realizadas: o sangue recebe oxigênio e retira-se o gás carbônico. O sangue de qualidade, ou arterializado, é devolvido ao paciente através de outra cânula, também inserida em uma veia calibrosa, no contexto da ECMO VV.
Quais os pacientes que se beneficiam da ECMO?
A ECMO não é uma terapia utilizada em todos os pacientes que estão acometidos pela Covid-19, pois é complexa e gera riscos. Considera-se que a taxa de mortalidade dos pacientes submetidos a este procedimento fica entre 40% e 50%. Então, a terapia só se justifica quando estamos diante de um paciente que tem uma chance maior do que 60% de falecer.
Então, quando a ECMO deve ser indicada?
Ela deve ser indicada nas seguintes situações:
1) Quando o paciente não responde às medidas clínicas habituais instituídas;
2) Quando ele apresenta doença com caráter reversível. Afinal, esta é uma terapia de suporte;
3) E na ausência de contraindicação.
Quais seriam as contraindicações?
Pacientes com mais de 70 anos não são bons candidatos à ECMO. A morbimortalidade desses doentes é muito alta. Pacientes com prognóstico desfavorável, por exemplo, com sequelas de doenças neurológicas, pacientes oncológicos sem chance de cura, pacientes acometidos por doenças cuja reversibilidade seja improvável, também são contraindicados, bem como pacientes que não podem ser anticoagulados.