Especialista pedagógica Wania Burmester: “Quando trabalhamos com a aceitação das diferenças, diminuímos a ocorrência do bullying e de outras práticas como essa, o que ajuda a diminuir as frustrações pessoais, já que ser aceito pelo grupo é muito importante na fase escolar”. Foto: Divulgação
Não se trata apenas de garantir o direito constitucional à educação, a inclusão nas escolas também contribui para promover um ambiente mais adequado ao desenvolvimento emocional saudável. De acordo com o IBGE, o Brasil tem, atualmente, cerca de 4,5 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência. Mas elas não são as únicas beneficiadas pelos processos inclusivos nas escolas brasileiras. Programas continuados de inclusão implementados nas escolas, por exemplo, contribuem, inclusive, para a saúde mental de crianças e adolescentes.
“Quando falamos de inclusão, não estamos falando apenas das pessoas com deficiência, o que já seria motivo suficiente para defendermos uma escola plenamente inclusiva. Estamos falando de diversidade como um todo, dos distúrbios e deficiências, mas também das diferenças emocionais, físicas, raciais, sociais, enfim, de todas as diferenças”, explica a especialista pedagógica , Wania Burmester, de São Paulo/SP. Para ela, construir uma escola mais inclusiva é também uma maneira de garantir que todos os estudantes se desenvolvam emocional e psicologicamente.
Em termos mundiais, a educação inclusiva faz parte dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável formulados pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e que devem ser implementados até 2030. O item 4 do documento propõe “assegurar a Educação Inclusiva, equitativa e de qualidade e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos”.
Inclusão e Setembro Amarelo – Desde 2013, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) promove o Setembro Amarelo, campanha nacional de prevenção ao suicídio. Por isso, nesta época do ano, é comum ver mobilizações de instituições e órgãos públicos como forma de conscientizar a respeito do tema. Para Wania, essa é uma oportunidade também para repensar como a Educação pode contribuir para que cada vez mais pessoas se sintam encorajadas a falar sobre saúde mental. “A educação inclusiva tem tudo a ver com a saúde mental dos estudantes porque, na verdade, quando pensamos em educação inclusiva, estamos pensando na aceitação de todas as diferenças”, lembra.
Práticas como o bullying estão muitas vezes relacionadas a episódios de ansiedade e depressão relatados por crianças e adolescentes. “Quando trabalhamos com a aceitação das diferenças, diminuímos a ocorrência do bullying e de outras práticas como essa, o que ajuda a diminuir as frustrações pessoais, já que ser aceito pelo grupo é muito importante na fase escolar”, ressalta. A especialista destaca, ainda, que sentir que está integrado e que tem voz ativa no grupo, sem ser discriminado, melhora a autoestima e traz um impacto positivo na saúde mental e no equilíbrio emocional dos estudantes de todas as idades. “Incluir não é, portanto, apenas uma questão de estar de acordo com a lei e com as melhores práticas educacionais, mas, também, de garantir que nossos jovens tenham um ambiente escolar que se preocupa com sua saúde mental e seus estados emocionais”, observa.